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A “primavera das startups” e a preparação das proptechs e construtechs

As empresas precisam ter foco no negócio e no cliente, além de olhar mais atentamente para a entrega de um produto ou serviço inovador e que atenda as necessidades do setor

Bruno Loreto
30 de julho de 2024
A “primavera das startups” e a preparação das proptechs e construtechs
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A resiliência construída pelas construtechs e proptechs brasileiras no período de retração de investimentos no ecossistema de tecnologia indica que boa parte dos empreendedores aproveitou o momento para fortalecer as potencialidades dos seus negócios e gerar valor para o mercado no qual estão inseridos. O foco no negócio e no cliente é um indicativo importante na formação de uma leva de empresas que estarão melhor preparadas para a chegada da próxima “primavera das startups”.

Nos segmentos de construção civil e mercado imobiliário, o reaquecimento dos investimentos pode vir a ocorrer entre o segundo semestre deste ano e ao longo de 2024. A expectativa é de que os investidores terão a oportunidade de encontrar e entrar em bons negócios que precisarão de capital nos próximos meses, e, em paralelo, startups que se ajustaram e se preparam para o novo ciclo de investimentos, também terão um momento de mercado melhor para voltar a captar recursos, escolhendo os investidores certos para o seu negócio.

Essa maturidade e maior estabilidade do segmento pode ser observada, de certa forma, através dos números do 7º Mapa das Construtechs e Proptechs, principal cobertura de venture capital do setor no País. Em 2022, o setor chegou a 1.068 startups, ao passo em que a mortalidade das empresas teve seu menor índice: 5,2%. Dos negócios digitais que tiveram suas atividades encerradas no ano, 92% ainda não tinham ultrapassado a fase pré-seed.

Além disso, apesar da retração no volume total de aportes, de R$ 5,83 bilhões em 2021 para R$ 2,55 bilhões no ano passado, os investimentos continuam ocorrendo, e o montante aplicado em startups early-stage cresceu 24,4% e alcançou R$ 789 milhões, dando fôlego aos negócios em fase inicial.

Outro indicativo do que esperar do setor no próximo ciclo é a estimativa de analistas do Credit Suisse, que traz cenário positivo para construtoras de residências brasileiras, com potencial de valorização atrativo de 25% nos próximos meses — uma continuidade na alta recente das ações do setor, de cerca de 30% desde janeiro. O movimento engloba a reprecificação da taxa de juros, e, caso a projeção se concretize, este é um fator que pode potencializar o mercado das proptechs, uma vez que o mercado imobiliário aquecido também impacta em mais demanda por tecnologia.

Fora isso, estimativas globais dão conta de que a demanda por soluções de construtechs e proptechs deve dobrar de tamanho na próxima década, atingindo a marca de US$ 32 bilhões em todo o mundo, impactando positivamente o universo das startups.

Novo ciclo: o melhor dinheiro é sempre o do cliente

A perspectiva de que o novo ciclo de investimentos possa vir a ocorrer por uma questão de oportunidade e não apenas por necessidade traz uma nova realidade para o setor, que nos últimos anos teve sua ascensão ligada à pressão por crescimento, ciclos contínuos de captação e valuations ascendentes. Um ciclo vicioso que se reforçou durante alguns anos, mas na inversão dos mercados viu a mesma mecânica provocar o efeito contrário e nos levou ao “inverno das startups”. Agora, será necessário encontrar as melhores soluções dentro de um mercado que vem alcançando uma massa crítica de negócios digitais.

O fato é que, seja em um cenário ou outro, sempre é importante não esquecer do principal: o que permite uma empresa crescer e se tornar um sucesso não é o capital de investidores, mas sim a capacidade da empresa de gerar valor ao cliente e capturar a demanda de mercado de uma forma mais eficaz que seus concorrentes. Quando um empreendedor e os investidores se preocupam mais com o que acontece fora da empresa do que com o que se passa dentro dela é onde as distorções acontecem.

Estar mais voltado para a startup em si, envolve um olhar mais atento para a entrega de um produto ou serviço inovador e que atenda as necessidades do setor, assim como a formação de uma equipe forte e qualificada para tornar os negócios viáveis, com teses de crescimento bem fundamentadas e objetivos claros e definidos. Isso vai possibilitar mais à frente que não só os investidores tenham mais clareza ao apostar em negócios verdadeiramente promissores como também vai tornar as startups mais preparadas e competitivas.

Não esqueçamos ainda que, por natureza, o investimento em startups é um negócio de risco. Nem todas as startups terão sucesso em conseguir encontrar um modelo de negócio que equacione a busca por crescimento, eficiência e rentabilidade. Sem dúvida algumas ficarão pelo caminho. Mas acreditamos na consistência do trabalho em garantir geração de valor ao cliente como pilares para maximizar as chances de cada uma atingir o seu objetivo.

Em suma, o melhor dinheiro é sempre o do cliente, que adota as suas soluções e faz com que ela seja valiosa aos olhos do mercado independentemente da ocasião.”

Bruno Loreto
Bruno Loreto é co-founder & managing partner da Terracotta Ventures - principal venture capital focada em construtechs e proptechs da América Latina.

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