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O fim do marketing digital e o que vem depois

Num futuro bem próximo, prevalecerá um marketing único, e todos os profissionais e marcas terão de dominar a nova realidade; uma ferramenta do primeiro ciclo, o DSD, pode ajudar

André Miceli
29 de julho de 2024
O fim do marketing digital e o que vem depois
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Estamos vivendo e observando o fim de vários ciclos. Um deles é o ciclo do marketing digital. Observar o mundo ao redor, remodelar estratégias e tirar lições do caminho trilhado, através de experiências empíricas e de publicações acadêmicas, são práticas comuns aos encerramentos de ciclos, e é o que faremos nessa coluna de estreia no site da MIT Sloan Review Brasil. 

Com a internet, o mercado entendeu a necessidade de se adequar a um novo mundo, que tem a  tecnologia de forma quase onipresente e que embute importantes mudanças, muitas vezes estruturais, que ocorrem na sociedade. Neste novo mundo, o espaço das tecnologias digitais nas decisões e atividades cotidianas se tornou considerável. Faz alguns anos já que novos gadgets estão alterando relações e operações, e o fazem de modo substancial, em diversas esferas. O início dessa fase foi caracterizado por uma clara separação entre o marketing (tradicional) e o marketing digital. Nesse primeiro ciclo, o marketing tradicional correspondeu à definição da estratégia e à execução de ações planejadas para alcançar metas específicas. E o marketing digital foi tratado, na maioria as vezes, como uma alternativa para os investimentos e esforços do marketing tradicional, a fim de que a empresa impactasse os clientes também com recursos digitais. Raramente as ações do marketing digital eram alinhadas entre si. Raramente media-se o retorno sobre investimento nesses casos.

Agora, o muro como o que ilustra este texto que caracteriza essa separação começou a ruir. O marketing digital está morrendo. O atual cenário é de um marketing que se torna apenas um, levando o digital em consideração desde o momento de awareness em relação a uma marca até o pós-venda. Além disso, a palavra “digital” deixa o silo da comunicação e do marketing e passa a ser levada a sério também nas outras partes das empresas.  Em um futuro muito próximo, haverá um marketing único contemplando todas as atividades digitais – e todos os profissionais da área urgentemente precisam se apropriar das ferramentas disponíveis para se alinhar com essa nova realidade.          

Esse futuro é muito próximo de fato. Pense nas diversas ações de customização e engajamento que vinham sendo feitas com recursos digitais. As expectativas de que uma empresa consiga individualizar sua conversa com os consumidores e que estes se engajem sentimentalmente com a marca, tornando-se defensores dela, já vêm se tornando mainstream do marketing e não mais diferenciais competitivos como costumavam ser.

Rapidamente, o mesmo vai acontecer com todos os movimentos de uma empresa no mercado. Todos os caminhos começarão no marketing único e nele vão terminar.  

O que sobra do primeiro ciclo

Marcas e profissionais precisam estar atentos a isso, para desenvolver um novo conjunto de competências e comportamentos alinhados com o momento que se apresenta. E como fica nesse cenário o know-how desenvolvido com as ações que, até então, foram chamadas de marketing digital? 

Falo por experiência própria. Entre 2015 e 2017, lancei duas edições do livro “Planejamento de Marketing Digital”, com o Diagrama de Soluções Digitais (DSD), ferramenta que permite elaborar uma comunicação integrada entre todos os canais da empresa de maneira a cumprir o planejamento estratégico, com o objetivo principal de gerar valor para o cliente final.   Diante do novo cenário, o DSD não apenas se mantém relevante mas ganha importância. Ele, que já não privilegiava o canal digital apesar de ter a palavra “digital” no nome, ficou mais importante porque consegue ajudar tanto grandes empresas como empreendedores e profissionais liberais a direcionar seus investimentos e coordenar ações online e offline.

Faz-se necessário o uso de um método que ajude a avaliar diferentes alternativas de canais e ações de marketing, assim como é, cada vez mais importante, definir de maneira estruturada onde alocar recursos – sejam estes medidos em horas de profissionais de uma equipe interna ou em verba para contratar terceiros. O DSD é isso; é uma maneira simples de avaliar, definir, formalizar e medir não apenas quais canais serão usados, mas o modo como cada canal vai interagir com os demais.

Formato de comunicação mais humano

Os modelos da comunicação devem acompanhar esse novo ciclo do novo mundo do marketing. Eles devem ser orientados ao cliente, à tecnologia e também aos números, tendo preocupações claras com a performance financeira e com as métricas.

Assim, o novo marketing ganha um formato de operação mais humano – mais representativo e mais empático. Ele possui ambições muito maiores do que os prêmios em Cannes: busca ganhar a atenção e, principalmente, os cérebros e corações dos consumidores.

André Miceli
É coordenador do MBA em marketing digital e do pós-MBA em digital business da FGV Management, além de professor do Internacional Masters Programme da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ebape). Fundou e é diretor-executivo da Infobase, uma das 50 maiores integradoras de TI do Brasil e da agência digital IInterativa.

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