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O que muda na inovação aberta em tempos de IA gen

O esforço das empresas estabelecidas em encontrar as startups mais adequadas para seus desafios pode se reduzir a até 10% do usual com a ajuda da inteligência artificial generativa

Daniel Mendes
Daniel Mendes
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O cenário de centenas de empresas de base tecnológica surgindo a todo tempo, com serviços relevantes que podem automatizar e tornar mais eficazes os processos industriais e corporativos, pode parecer bastante caótico para quem está dentro de grandes empresas, investidores de risco e hubs de inovação aberta.

A pergunta que não cala é: como podemos descobrir onde estão as startups relevantes para os problemas da minha empresa, seja para ser fornecedora ou até investida? E mais: como selecionar a startup ideal para investir sem gastar meses avaliando centenas de empresas?

Essas questões acima pareciam insolúveis até que, um dia, uma startup chamada OpenAI avançou no lançamento de uma tecnologia e chamou a atenção de todo o mercado: a inteligência artificial generativa – por meio de seu produto ChatGPT. Capaz de entender a linguagem natural humana e de, com precisão assustadora, gerar respostas e insights que se assemelham aos dos seres humanos, a IA gen, como a chamamos, já está revolucionando diversos setores e atividades.

O que não talvez não tenha sido suficientemente percebido ainda é a revolução que ela pode fazer na inovação aberta.

A meu ver, aqui se encontra um grande avanço. Não faltam bases internacionais de startups e, como já há uma base de dados enorme e qualificada sobre startups brasileiras, construída ao longo dos anos, hoje é possível, por meio da IA gen, entender profundamente o contexto dos problemas e desafios das empresas, ou assimilar os pormenores de teses de investimentos de grandes investidores, e encontrar as startups ideais para atender a cada interesse específico.

Não apenas isso é possível de faz como o processo para fazê-lo pode acontecer em menos de um minuto, diminuindo enormemente todo o esforço de busca e interação com milhares de startups e reduzindo o processo altamente manual para o digital, em apenas um toque.

Cada vez mais empresas estão percebendo esse potencial e entrando na corrida para usar IA na prospecção de startups. Recentemente, por exemplo, um hub de inovação aberta internacional conseguiu listar mais de cem startups diferentes para programas de inovação de seus clientes na área de distribuição de energia elétrica valendo-se da IA gen. Uma busca que levaria semanas ou meses foi feita em minutos. Isso auxiliou as distribuidoras de energia elétrica, setor altamente afetado por desarranjos climáticos recentes, a encontrar mais rápido startups internacionais que pudessem ser parceiras para resolver seus problemas.

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Por que o processo padrão era demorado? Bem, uma empresa precisava participar de todos os eventos de startups de seu país, contratar a maioria das bases de dados de startups disponíveis e contratar consultores externos que já estavam incluídos no mercado de startups há anos e possuíam um rico networking pessoal com startups. Além disso, seus gestores tinham de entrevistar as pessoas de praticamente as as startups com que interagiriam a fim de verificar se estavam – ou não – minimamente preparadas para lidar com aqueles desafios operacionais, gastando com isso uma enorme quantidade de tempo e dinheiro em um processo incerto e que parecia interminável.

(Mesmo com todo esse esforço, aliás, muitas startups que poderiam resolver os problemas corporativos ficavam de fora do processo de seleção por estarem localizadas fora dos grandes centros de negócios, como ilustres desconhecidas, mesmo sendo altamente especializadas e capacitadas.)

Traduzindo em números, a experiência mostra que, com uma IA generativa que possa acessar grande base de dados de empreendedores, uma empresa estabelecida que busca inovação direta consegue reduzir a lista de startups que serão contatadas pelos gestores para 10% do que costumava ser.

(Isso não apenas tem o potencial de acrescentar velocidade e efetividade e velocidade. Pode também mudar o perfil dos profissionais da área, dos tradicionais agentes de inovação aberta para uma equipe mais analítica, habilitada em dados e inteligência artificial.)

A inteligência artificial generativa chega, a meu ver, para potencializar o que pode ser visto como uma vantagem da inovação aberta no Brasil, que é uma relação próxima entre startups e empresas estabelecidas, conforme revelada pelo estudo Founders Overview 2024, realizado pelo Sebrae e pela Ace Ventures e que pode ser baixado aqui. Segundo o estudo, mais da metade das 16 mil startups brasileiras criaram seus negócios com o intuito específico de atender a dores específicas do mercado corporativo, muitas das quais no cômodo modelo de software as a service (SaaS), e o perfil típico de seus fundadores tem mudado do jovem para o profissional sênior com passagens por corporações (que conhece bem as dores e os desafios destas).

Daniel Mendes
Daniel Mendes
Daniel Mendes é CEO da Dataholics e idealizador do produto Gen.OI, que faz justamente a busca de que ele trata no artigo.

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