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Nunca mais fale em transformação digital sem falar em cultura

Apenas culturas fortes conseguem criar estratégias digitais eficientes; os cinco aspectos-chave da transformação digital e os cinco elementos cruciais da cultura mostram o porquê

29 de Novembro

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Artigo Nunca mais fale em transformação digital sem falar em cultura

A cultura é um pilar essencial para o desenvolvimento e a manutenção, de maneira equilibrada, de uma instituição. Trata-se de um sistema  formado por práticas, premissas e valores que norteiam o dia a dia dos colaboradores e que servem para guiar comportamentos e processos. 

Será que os recursos digitais, certamente um dos temas principais deste blog,  impactam a cultura? Se mexem praticamente com todos os segmentos e unidades das empresas, modificam e influenciam também o comportamento geral dentro das organizações. Surge o que chamamos de cultura digital. Tanto que um estudo realizado pela McKinsey & Company indicou que cerca de 90% das organizações que amadurecem digitalmente conseguem integrar sua estratégia digital com a estratégia geral da empresa.

Então, temos de falar sobre a relação entre cultura digital e transformação digital.   

OS CINCO PONTOS DA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

A tecnologia é, normalmente, o recurso protagonista do processo de transformação. De acordo com pesquisa publicada pela Harvard Business Review, a transformação digital foi apontada como a maior preocupação para diretores, CEOs e altos executivos de grandes empresas nos anos 2019/20. 

Vale a pena entender mais profundamente o conceito de transformação digital e sua aplicabilidade, e, para isso, há que entender os cinco pontos que o compõem: clientes, modo de competição, dados, inovação e valor. 

Ao observá-los, é possível notar mudanças nos clientes, no ambiente competitivo e um maior uso dos dados - dados estes que se tornam vantagens competitivas.  E nota-se que isso tudo leva a um processo contínuo de inovação, tanto dos modelos de negócio quanto das tecnologias.  Ainda há, de fato, a produção de valor de uma forma diferente: o que costumava ser enxergado como benefício para o negócio não necessariamente é aquilo que o cliente considera na hora de comprar nos tempos atuais. Temos uma geração de consumidores com um comportamento muito distinto no que diz respeito à posse, à experiência e ao senso de propriedade – mudando, assim, a escala de importância dos atributos de um produto ou serviço.

No ambiente competitivo atual, fácil perceber a pressão exercida pelas diversas tecnologias inseridas e descartadas em velocidades cada vez maiores. Recursos de social, mobile, blockchain, realidade virtual ou aumentada e uma série de elementos que acabam entrando no ambiente e mudando a forma através da qual as empresas fazem negócio. Simultaneamente, há mudanças sociais bastantes relevantes acontecendo. A polarização política, os novos modelos de igualdade, toda relação com vida, saúde e morte, as mudanças no processo educacional e os modelos educacionais.

Ao observar esses dois eixos, é fácil ver o impacto causado no mercado e a necessidade de as empresas modificarem alguns elementos para se ajustar a realidades cada vez mais líquidas. É onde entra a cultura. Ao mudar a cultura, a empresa torna-se capaz de mudar a estratégia. Para mudar a estratégia, muitas vezes, é necessário mudar os modelos de negócio e, sempre, mudam-se os processos de negócio. Além disso, essas alterações demandam mudanças na maneira de pensar e executar todo o restante das engrenagens fundamentais para que a empresa funcione.

Todo esse processo é ainda mais eficiente se baseado em data intelligence. Estamos falando de dados que permitem prescrever, predizer e descrever o desempenho da companhia e o cenário competitivo no qual ela está inserida. Ao olhar especificamente para o ambiente cultural, observa-se, ainda, a necessidade de criar um time que seja capaz de lidar com os ativos digitais e de inovar frequentemente. Para fazer isso, é necessária uma gestão ágil, que só é possível com uma relação diferente entre líderes e times – e essa relação só vai realmente mudar com a modificação da forma de pensar das pessoas que compõem a organização.

OS CINCO PONTOS DA CULTURA PRÓ-DIGITAL

Pesquisa do Gartner sobre as lideranças das empresas aponta que em apenas 25% das organizações a cultura ajuda no processo de transformação digital. O que acontece?

Antes de mergulhar no ambiente corporativo, é preciso buscar mais definições da palavra “cultura”. Na agricultura, a cultura é a ação ou processo de cultivar a terra. Na biologia, é o cultivo de células ou tecidos de uma solução, que contêm nutrientes adequados e geram as condições propícias à própria sobrevivência. Na antropologia, um conjunto de padrões de comportamentos, crenças e costumes que distinguem um grupo social.

A cultura organizacional é um aspecto fundamental no processo de transformação digital. Ela só se torna, de fato, um diferencial competitivo se algumas condições forem respeitadas:

  1. Olhar para fora.
  2. Delegar o controle.
  3. Incentivar a ousadia.
  4. Mais ação e menos planejamento.
  5. Mais colaboração.

1. Olhar para fora. As empresas não podem mais ficar presas aos velhos costumes. É evidente que não dá para imaginar uma empresa extremamente conservadora sendo absolutamente informal da noite para o dia, e isso também não é necessário. A empresa pode continuar mantendo os seus valores, seus ritos e práticas, mas ainda assim olhar para fora, para entender o que está acontecendo. Uma cultura digital incentiva os funcionários a olhar para fora e se envolver, tanto com clientes quanto parceiros, para desenvolver novas soluções.

2. Delegar o controle. Ao difundir a tomada de decisões em toda a organização, aos poucos, ela se torna auto gerenciável, algo fundamental não só para o processo de inovação, mas também para otimização dos custos. Quanto menos gestores, quanto menor for a camada de gestão necessária para que uma empresa funcione corretamente, menor overhead e, consequentemente, mais barata é aquela operação.

3. Incentivar a ousadia. Também é fundamental para a empresa incentivar a ousadia, mas com cautela. Uma cultura digital encoraja as pessoas a assumir riscos de muitas formas e esses riscos inevitavelmente trazem falhas, que fazem com que a empresa aprenda a funcionar de outras maneiras.

4. Mais ação e menos planejamento. Ponto igualmente importante é a máxima “mais ação e menos planejamento”. Não quer dizer que o planejamento deixou de ter valor, mas aqui o destaque está para o “terreno” e não para o “mapa”. O fundamental nesse processo é que a empresa consiga testar e agir de maneira que essa ação seja monitorada e que os erros sejam corrigidos rapidamente. Uma cultura digital promove interação veloz e contínua.

5. Mais colaboração. As empresas precisam colaborar com seus funcionários e incentivá-los a fazer o mesmo, ou seja, despertar engajamento neles. O engajamento é sempre um produto de amor, dinheiro ou glória. Ou funcionários vão ter uma relação passional com aquela empresa, vão querer que as coisas funcionam e vão gostar da empresa e, consequentemente, fazer o melhor para ela, ou eles vão ser incentivados pela remuneração. E a glória? O status? Status é sempre uma questão fundamental para qualquer ser humano, que o faz se diferenciar dos outros. O status, a glória, a relevância dos times e das pessoas fazem com que esses eles se engajem e ajam conforme os interesses da empresa e, nesse caso, sigam todos na direção de um modelo de transformação, de inovação.

DIANTE DE TODOS ESSES FATORES, a conclusão é evidente, não? É necessário executar todos esses tipos de ações culturais para gerar vantagens competitivas e instaurar novos modelos gerenciais dentro das corporações. Em outras palavras, apenas culturas fortes serão capazes de criar estratégias digitais eficientes.

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