Evitando que as máquinas nos superem

Evitando que as máquinas nos superem

Editorial

(Ou heteronomia e o novo “P”)

Recentemente estive com o estudioso (e influencer) do trabalho Alexandre Pellaes e ele fazia uma comparação triste: embora não haja nenhuma dúvida sobre a autonomia de ação ser peça-chave para as pessoas explorarem a si mesmas e interagirem com o mundo, de dentro para fora, muita gente a troca pela heteronomia, preferindo obedecer a algum “P”, de fora para dentro, em diferentes fases da vida: primeiro obedecem aos pais, depois aos professores e, então, aos patrões. 

A autonomia dos funcionários, percebeu-se, também é fundamental para as organizações deste século 21 complexo e incerto – fazendo toda a diferença para que sejam “future-ready” ou não. Mas fato é que a heteronomia, embora seja palavra bem menos comum que seu antônimo, é generalizada e tem raízes profundas. E que o esforço para arrancar tais raízes não é trivial.

A onda empreendedora recente tem desafiado isso? Sim. Nunca se fez tanta campanha pela autonomia dos funcionários no ambiente de trabalho como agora. Porém – que falta de sorte a nossa – agora vem mais um “P” atrapalhar as chances de uma transformação. Inteligência artificial não começa com “P”, eu sei, mas pode se tornar o quarto “P” do sistema heterônomo vigente – e, pior, com consequência indesejáveis para a inovação e o crescimento nas organizações. 

Eis o tema da capa desta Review. Exagero? Pois saiba que, quando os códigos escritos por LLMs são aceitos mesmo tendo  qualidade insuficiente – e quando não são corrigidos/melhorados –, já somos nós obedecendo à IA. Além de diagnosticar a situação, o artigo (ufa!) oferece soluções. 

 Como edição da virada, esta Review busca elencar quatro fronteiras de gestão que 2024 indica para 2025. 

1ª fronteira. É o artigo sobre como balancear, o tempo todo, tecnologia e ação humana (e evitar o novo “P”).

2ª fronteira. E se a construção de diversidade fosse um atributo de liderança? Diversidade volta à baila vinculado ao desempenho dos líderes e do negócio.

3ª fronteira. O modelo de negócio dos sonhos – talvez dos seus sonhos também – é a venda por assinatura, com sua receita recorrente. Mas, em produtos físicos, há o lado sombra do custo da entrega last-mile. Talvez só haja sol após esta leitura; há novas táticas.

4ª fronteira. Chega de atrasos nos projetos. Que tal?

Ah, e temos ainda os necessários insights do Alexandre Nascimento sobre o papel cada vez mais importante dos psicólogos no futuro da IA. Feliz ano novo!!!

Evitando que as máquinas nos superem
Adriana Salles Gomes

Sumário

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