Executivo do Sicoob conta sobre a atuação na empresa nesse movimento
No Brasil, o open finance avança com conquistas que colocam a experiência brasileira como um case de sucesso internacional. Segundo o relatório anual divulgado pelo Open Finance Brasil, o sistema que permite o compartilhamento de dados entre instituições financeiras se consolidou no País no ano passado, quando alcançou 27,7 milhões de pessoas únicas. Na comparação com 2022, os investimentos financeiros feitos via open finance cresceram 53%, com um total de R$95 milhões investidos em 2023, segundo o Relatório Anual Open Finance Brasil 2024.
Nesta jornada, as empresas do ecossistema financeiro precisam trabalhar com foco em hiperpersonalização, interoperabilidade e principalidade. Elas ainda lidam com questões regulatórias e tecnológicas ao mesmo tempo que precisam convencer o consumidor a compartilhar seus dados em troca de benefícios financeiros.
Mas como está esse movimento nas cooperativas? O Sicoob, por exemplo, desde que ingressou no open finance registrou mais de 740 mil consentimentos recebidos e transmitidos, e lançou ferramentas como Adesão Inteligente Sicoob – conhecida pelo mercado como smart onboarding – e o Minhas Finanças, que reúne todos os dados financeiros dos cooperados, inclusive sobre movimentações em conta corrente e cartões do Sicoob.
Para conhecer qual o caminho trilhado pelo Sicoob quando o assunto é open finance, a MIT Sloan Management Review Brasil recebeu Marcio Alexandre de Macedo Rodrigues, superintendente de arquitetura e governança de TI do Sicoob, no Capgemini VIP Lounge durante a Febraban Tech. Confira a seguir os principais trechos:
MIT Sloan Review Brasil: O open finance completou três anos de implementação. Qual é o balanço que você faz dessa iniciativa? Quais foram os aprendizados obtidos desde que o Sicoob ingressou nesse movimento?
Marcio Alexandre de Macedo Rodrigues: Desde o início, o conselho definiu que seria estratégico participar e então aderimos ao open finance. Os últimos três anos foram de muitos aprendizados e de amadurecimento do ecossistema, não só para o Sicoob e para o cooperativismo, mas para todo o mercado financeiro. Tecnologias foram escolhidas, amadurecidas e substituídas.
Ainda naquele período havia muitas dúvidas sobre o que é o open finance e tínhamos o desafio de explicar que é uma estrutura cujo objetivo final é o aprimoramento de todos os produtos do negócio. Um ponto é o amadurecimento do open finance, outro é as áreas de negócios amadurecerem seus produtos, utilizando a infra-estrutura que vem sendo criada. Já temos muitos serviços disponibilizados para os cooperados em um cenário de muita digitalização. Mais de 90% das transações no Sicoob são realizadas por canais digitais.
Vocês estiveram presentes nas discussões sobre o open finance desde o início, mas só começaram a lançar ferramentas ligadas ao movimento em 2022. Hoje, o que o Sicoob oferece em termos de produtos ou serviços de open finance para os cooperados?
Vale contextualizar que temos as instituições financeiras (IFs), as instituições de pagamentos (IPs) e agora surgiram os Iniciadores de Transações de Pagamento (ITPs) [serviço viabilizado pelo open finance que permite ao usuário realizar pagamentos e transferências digitais, usando saldos que tem em outros bancos a partir de um único canal de forma segura e rápida]. As instituições precisam se habilitar a esse modelo. As IFs já têm todos os pré-requisitos, tem uma jornada menor, já algumas empresas são exclusivamente IPs e permitem a iniciação do pagamento independente do banco.
No nosso caso disponibilizamos o serviço Cash-in, que oferece ao cooperado a possibilidade de carregar sua conta a partir de recursos que tem em outra instituição financeira tradicional, também disponibilizamos as APIs – o que permite aos cooperados usar também o ITP. Quanto às finanças, estamos adaptando o Super App – que é o principal canal para todas as transações – para que todas as jornadas tenham a opção de inserção de pagamentos ITP. Assim o cooperado pode escolher, por exemplo, se vai pagar determinada conta com recursos da cooperativa ou de outro banco. O ITP terá um impacto importante na população.
Qual é o cenário de adesão dos cooperados ao open finance? E qual é o papel do Sicoob como um player tão importante para construir um futuro mais inclusivo e educativo em finanças?
O cooperativismo tem a educação financeira como um de seus princípios. Por meio do nosso instituto, dentro do app, disponibilizamos o Minhas Finanças. São recursos que permitem aos cooperados fazer a gestão de suas finanças pessoais. Já trabalhamos nisso há muito tempo, mas agora, com o open finance, é possível consolidar tudo no mesmo lugar. Hoje é possível tirar o extrato consolidado de todas as contas que o cooperado tem, não só no Sicoob como em outros bancos, além de fatura dos cartões de crédito, extrato só dos lançamentos, etc. Acreditamos muito nesses instrumentos como aprimoramento da gestão financeira porque sabemos que essa questão é muito carente no Brasil. Estamos falando de open finance, mas a educação financeira é fundamental. O cooperativismo tem margens menores nos seus produtos e é natural que quando temos contato com os dados do open finance conseguimos fazer ofertas mais precisas para os cooperados. Com isso, já temos uma boa proporção de cooperados que consentiram, estamos à frente inclusive de muitos bancos.
Sobre o futuro, o que podemos esperar do Sicoob?
Os últimos três anos foram fundamentais e hoje o Brasil tem o maior open finance do mundo, o mais amplo em números absolutos. E temos uma grande agenda pela frente. Este ano fizemos importantes entregas e há outras previstas, como o pagamento inteligente, e estamos com grande expectativa em relação à portabilidade, principalmente de salário e de crédito. Para este ano, teremos ainda lançamentos de produtos e a melhoria de algumas jornadas.
Além disso, nós construímos o open finance do Sicoob, mas também contribuímos para a construção do open finance nacional. São mais de mil pessoas do ecossistema envolvidas em grupos de trabalho, elaborando as especificações, os manuais, com acompanhamento do Banco Central e a aprovação do conselho deliberativo, no qual o cooperativismo tem uma cadeira desde o início.
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