Garanta que suas interações desafiadoras com seus líderes sejam tanto construtivas como respeitosas. É possível realizar essa tarefa com tato e profissionalismo. Mas as organizações também devem ter a prática do encorajamento ao diálogo aberto e uma cultura de feedback
O ato de desafiar um superior precisa de mais do que apenas levantar a voz. Envolve entendimento, saber navegar e participar da sutil, embora complexa dança da dinâmica de poder, diplomacia e respeito mútuo. Abordar alguém em uma posição hierárquica superior à sua requer um delicado equilíbrio e profundo conhecimento de ambos os envolvidos e da situação.
Para aqueles preocupados em manter o decoro profissional e com o próprio crescimento na organização, este guia pode ajudar a garantir que suas interações desafiadoras são tanto construtivas como respeitosas.
Escolha sabiamente suas batalhas. O ambiente de trabalho é um vibrante ecossistema de opiniões, processos e metodologias. Comentar cada discrepância ou divergência de opiniões com que você se depara pode ser muito sedutor, mas a sabedoria está em distinguir quais batalhas vale a pena encarar. Toda vez que surge um possível antagonismo, pense: o assunto é assim tão relevante que justifique um confronto? Pequenas divergências de opinião podem ser resolvidas mais facilmente de maneira passiva, ou até mesmo desprezadas. Mas questões maiores, especialmente aquelas que esbarram na dinâmica da equipe, a cultura da empresa ou objetivos mais amplos do negócio, pedem uma atuação mais direta.
Entenda a importância do momento. No mundo da comunicação profissional, momento é tudo. Escolher o momento certo pode ser a diferença entre uma preocupação ser genuinamente ouvida ou apressadamente descartada. Antes mesmo de pensar em desafiar um superior, é crucial parar e avaliar a situação de uma perspectiva mais ampla. Sua questão é tão urgente que precisa ser resolvida imediatamente? Ou seria melhor deixar para uma conversa mais profunda e privada em outra hora? É sábio evitar o confronto com superiores em situações de grande pressão ou em ambientes públicos, porque pode ser interpretado como uma tentativa de perturbar o ambiente ou vontade de aparecer. Ao escolher o momento ótimo, você abre um caminho mais suave para um diálogo construtivo.
Priorize as conversas no privado. O ambiente que você escolhe para expor suas questões tem um papel essencial em como elas são recebidas. Envolver-se publicamente em discussões pode levar a muitas complicações não previstas, inclusive ser visto como agressivo ou confrontador. Quando você escolhe um ambiente privado para esse tipo de conversa, dá a você mesmo e ao seu chefe uma atmosfera propícia ao diálogo aberto e genuíno. Essa abordagem não só reduz possíveis distrações e desvios, mas também reforça a ideia de que a intenção é feedback construtivo, não a crítica em público.
Domine a arte das palavras em primeira pessoa. Comunicação é tanto conteúdo como forma. As palavras que escolhemos e a maneira como manifestamos nossos pensamentos podem influenciar significativamente a maneira como nossa mensagem é recebida. Em vez de adotar um potencial tom de confronto use expressões e, primeira pessoa para fazer observações e sugestões e falar de sentimentos. Por exemplo, de dizer sem rodeios “você foi negligente em relação a tal aspecto”, uma postura mais colaborativa seria “eu acredito que para este aspecto em particular seria interessante dedicar maior atenção”. É uma forma que garante que o foco recaia sobre o assunto em tela, e não em opiniões pessoais ou cobranças.
Adote o processo de feedback. Desafiar um superior ou manifestar suas críticas é inerente a um processo bilateral. Não é uma pista de mão única para você dizer o que acha, mas também uma oportunidade de conhecer o ponto de vista de outra pessoa. Demonstrar uma abertura genuína ao feedback, ainda que seja contrário à sua perspectiva, é fundamental. Esse posicionamento não apenas pavimenta o caminho do respeito mútuo, mas ainda alimenta uma cultura de aprendizado contínuo e colaboração dentro da organização.
Alinhe-se aos pares que pensam como você, mas cuidadosamente. Enquanto questionamentos individuais têm seu mérito, se forem de um grupo é inegável que tenham mais força. Encontrar aliados ou colegas que compartilham seu ponto de vista dá mais peso ao que você disser. No entanto, é imperativo que essa aliança não seja percebida como uma panelinha ou excludente. O foco principal deve permanecer sempre ligado ao sucesso da organização, e não de criar facções internas.
Mantenha os objetivos da organização em primeiro lugar. Quaisquer questionamentos ou dúvidas que você levante devem sempre estar em consonância com os objetivos e metas mais amplos da organização. Ao alinhar consistentemente seu feedback e sugestões à missão e valores da empresa, você reafirma aos seus superiores o seu compromisso com o sucesso coletivo da companhia acima das suas aspirações individuais.
Prepare-se para uma variedade de respostas. Enquanto todos esperamos retornos positivos e construtivos como resultado de nossas críticas, é essencial estar preparado para uma variedade de reações. Seu superior pode ser receptivo, indiferente ou até defensivo. Se você antecipar as possíveis respostas e planejar suas estratégias para elas, você garante que permanecerá com uma postura equilibrada, construtiva e profissional, independentemente do feedback que receber.
Toda interação profissional, especialmente aquelas que envolvam desafios ou confrontos, oferece uma rica oportunidade de crescimento pessoal e profissional. Depois da discussão, reserve um tempo para avaliar a efetividade da conversa, as estratégias empregadas e os retornos que obteve. Essas reflexões trarão lições inestimáveis que irão iluminar novas possibilidades e ajudá-lo a refinar e incrementar suas habilidades de comunicação para situações futuras.
Por fim, embora a tarefa de desafiar uma chefia pareça cercada de possíveis armadilhas com a estratégia certa e foco no crescimento e respeito mútuos, pode ser realizada com tato e profissionalismo. Encorajar o diálogo aberto e uma cultura de feedback é o alicerce das organizações inovadoras e de olho no futuro.”