O sucesso na era da IA não será medido apenas pela eficiência, mas pela capacidade de liberar o potencial humano
Michelangelo via um anjo em um bloco de mármore e simplesmente esculpia a pedra até libertá-lo. Steve Jobs combinava ciências humanas, arte e tecnologia para criar produtos e experiências inovadoras. Os dois ultrapassaram fronteiras criativas que moldariam o futuro. Agora, isso está prestes a acontecer novamente, com a colaboração entre humanos e a inteligência artificial (IA). O grande dilema não é o que a IA pode fazer por nós; a revolução que se anuncia só será completa se mantivermos o fator humano no centro.
Quando pensa no impacto da IA no mundo dos negócios, sua reflexão se limita à automação e eficiência? A minha não. Vejo, isto sim, a oportunidade de realizar a “arte do impossível”. A verdadeira transformação acontece não apenas em processos ágeis, mas na forma como repensamos a inovação e moldamos soluções sob medida para problemas complexos.
Em minha experiência em startups do setor de consumo, construídas sobre modelos de negócio alavancados por IA, aprendi que a tecnologia sozinha não basta. Seu real impacto é potencializado pelas metas habilidades como criatividade, intuição, empatia, adaptabilidade combinado com a ousadia de líderes e equipes. Vi, em primeira mão, como decisões embasadas em dados só se tornam eficazes quando combinadas com a sensibilidade de quem entende as nuances dos desejos humanos e navega com adaptabilidade pelas incertezas do mercado.
Costumamos celebrar a IA somente por sua capacidade de automatizar tarefas e aumentar a produtividade. No entanto, como aprendi na prática, o verdadeiro diferencial surge quando essa eficiência é fundida com o julgamento humano. Criatividade, empatia e estratégia tornam os dados mais do que números: transformam-nos em ações de alto impacto e relevância. Em um dos projetos em que atuei, apenas quando insights gerados pela IA foram guiados por uma liderança visionária e por uma equipe colaborativa conseguimos revolucionar o ciclo de inovação. Superamos modelos tradicionais e entregamos resultados que antes pareciam impossíveis em uma fração do tempo.
Michelangelo dizia que a escultura já existia na pedra; ele apenas a revelava. Assim também é a IA: uma ferramenta poderosa que pode revelar oportunidades ocultas. Contudo, são a coragem de assumir riscos e o compromisso com a excelência — qualidades que Steve Jobs encarnou, por exemplo — que transformam essas oportunidades, que antes pareciam inimagináveis, em realidades concretas.
Nas startups com as quais colaboro como “advisor”, essa coragem se traduz na definição clara de objetivos específicos, disciplina estratégica e na disposição de ajustar a rota em tempo real. As equipes que prosperaram foram aquelas que não apenas adotaram a IA para ganhar velocidade, mas também estavam abertas a desafiar modelos mentais e culturais, em uma busca contínua por inovação.
A lição que Michelangelo e Jobs nos deixam é clara: a genialidade floresce na intersecção entre criatividade e execução precisa. O necessário entender, no contexto da IA, é que isso significa mais do que treinar algoritmos; significa capacitar pessoas para fazerem perguntas melhores, questionar respostas e transformar dados em decisões estratégicas. Workshops, treinamentos internos e programas de desenvolvimento contínuo para as pessoas são essenciais para formar líderes preparados para interpretar, filtrar e direcionar dados com propósito claro.
Vivemos em uma época que exige líderes capazes de ver além dos números e compreender o papel social e ético das tecnologias que implementam. A IA oferece uma infinidade de respostas, mas cabe ao líder humano definir quais são as perguntas que realmente importam.
Por tudo isso, estou convencido de que o sucesso na era da IA não será medido apenas pela eficiência, mas pela capacidade de liberar o potencial humano muito além do que imaginamos possível hoje. A revolução prometida pela IA só se cumprirá plenamente se preservarmos o elemento humano como peça central.
Michelangelo dizia que a escultura já existia na pedra; ele apenas a revelava com seus cinzéis e marretas. A IA pode ser comparada a cinzéis e marretas muito avançados: trata-se de uma ferramenta poderosa que, nas mãos humanas certas como foram as de Michelangelo, pode revelar oportunidades ocultas. São a coragem de assumir riscos e o compromisso com a excelência — qualidades que Steve Jobs encarnou — que fazem as mãos serem certas, capazes de transformar essas oportunidades (que antes pareciam inalcançáveis) em realidades concretas.
A IA é uma alavanca poderosa, sem dúvida, mas são a criatividade, a intuição e a empatia humanas que direcionam sua força para resultados que importam. Assim como o mármore nas mãos de um escultor se transforma em arte, o futuro que construímos com IA dependerá da habilidade com que equilibramos tecnologia e humanidade.