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As 18 megatendências que guiarão a sociedade até 2035

De sustentabilidade integrada a biohacking, passando por transparência social e oportunidades que surgirão com o envelhecimento da população, veja as principais tendências que movimentarão o mundo nos próximos dez anos

Luís Rasquilha
As 18 megatendências que guiarão a sociedade até 2035
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De sustentabilidade integrada a biohacking, passando por transparência social e oportunidades que surgirão com o envelhecimento da população, veja as principais tendências, em seis forças motrizes, que movimentarão o mundo nos próximos dez anos

Na coluna de outubro, apresentei as forças motrizes elencadas no relatório desenvolvido pela empresa em que atuo. São seis tópicos, que guiarão as tendências que veremos surgir nos próximos dez anos:

  1. Tecnologia e conectividade
  2. Ambiente e clima
  3. Política e economia
  4. Social e humano
  5. Saúde e bem-estar
  6. Educação, empresas e negócios

Agora, volto ao tema, apresentando as 18 megatendências relativas a cada força motriz.

MEGATENDÊNCIAS PARA TECNOLOGIA E CONECTIVIDADE

1. Mundo 5.0

É uma evolução para além do paradigma do mundo 4.0. Enquanto o mundo 4.0 se concentrou principalmente na automação e na eficiência, o mundo 5.0 propõe uma abordagem mais holística, em que a tecnologia aumenta a produtividade e também promove o bem-estar humano, a sustentabilidade e a inclusão social. 

2. Disrupção tecnológica: Ocorre quando uma nova tecnologia ou inovação muda radicalmente a forma como um setor ou mercado funciona, muitas vezes substituindo ou transformando métodos antigos e bem estabelecidos. Isso pode levar a grandes mudanças no comportamento dos consumidores, nas operações das empresas e na economia como um todo.

Exemplos já clássicos são Spotify, Uber e Airbnb. A massificação da IA generativa também faz parte disso, e a tecnologia vai continuar transformando indústrias inteiras, alterando o comportamento das pessoas e forçando empresas tradicionais a inovar para sobreviver. E isso é só o começo.

3. Digital global: Trata-se da interconexão e da troca de informações em escala mundial por meio de tecnologias digitais, como internet e dispositivos móveis. Pessoas, empresas e dados estão conectados e interagem globalmente de maneira ininterrupta. A previsão é de que, até 2035, 100% da população mundial esteja conectada. Logo, as empresas que não entenderem a convergência tecnológica estarão irremediavelmente fora do jogo. 

MEGATENDÊNCIAS PARA AMBIENTE E CLIMA

4. Alterações climáticas: A preocupação com as mudanças climáticas e com a questão sustentável tem crescido e mobilizado mais pessoas. A conscientização é cada vez maior e tende a ganhar mais importância nas agendas de empresas e governos.

Quem não considerar em suas estratégias esse tema será afastado, não só pelos governos e pelas leis mais rígidas, mas, principalmente, pelos consumidores, que não terão problema em descartar uma marca que não se comprometa com práticas mais sustentáveis.

5. Sustentabilidade integrada: É uma abordagem holística para lidar com questões socioambientais e econômicas, reconhecendo que esses aspectos estão interconectados e são interdependentes. Ela busca equilibrar as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atenderem às suas próprias necessidades. A sustentabilidade integrada reconhece que os pilares ambiental, social e econômico estão interligados e, portanto, requerem uma abordagem abrangente e colaborativa para resolver problemas complexos.

6. Novos recursos: Estamos chegando ao fim da era dos combustíveis fósseis como pilar estratégico do mundo. Surgem iniciativas que visam a proteger o planeta da poluição, otimizar os custos de produção para os usuários, melhorar a performance de empresas e mercados e acomodar as transformações na nossa realidade atual e futura.

Com o aumento populacional e a crescente conectividade, aumenta também a demanda global por recursos (energéticos, naturais, humanos, tecnológicos e financeiros). Por isso, precisamos de novas soluções que consigam responder ao que o mercado vai necessitar. A velocidade exponencial levará à busca por recursos de maneira intensiva, da dessalinização da água do mar até o uso de matérias-primas vindas de outros planetas.

MEGATENDÊNCIAS PARA POLÍTICA E ECONOMIA

7. Polarização: O mundo enfrenta uma divisão crescente de opiniões, interesses e valores, resultando em conflitos e tensões locais e globais. A polarização política pode ser a mais visível no momento, mas não é a única. Divisões religiosas, sociais, econômicas, midiáticas, tecnológicas e até mesmo digitais impactam a coesão, a capacidade de resolver problemas em conjunto e o relacionamento entre pessoas e organizações. 

8. Força e poder da sociedade: A força de uma sociedade conectada e globalizada continua influenciando o mundo com mais intensidade do que a atuação das marcas nos chamados canais tradicionais. A avaliação de um hotel no Tripadvisor, por exemplo, tem muito mais credibilidade do que a comunicação do hotel em si, uma vez que essa nota resulta da opinião de quem já frequentou o estabelecimento. 

9. Rethinking economics: “Repensando a economia”, em livre tradução, envolve a busca por modelos econômicos mais sustentáveis e inclusivos. O surgimento dos conceitos de capitalismo consciente ou social, de economia circular, de economia criativa, entre outros, têm ganhado força, desde que começaram, na década passada, as discussões sobre a importância de se encontrar um novo modelo econômico que consiga entregar resultados e garantir o bem-estar de todos.

A economia tradicional, muitas vezes baseada no crescimento contínuo e na maximização do lucro, tem gerado desigualdade social, impactos ambientais negativos e crises financeiras recorrentes. Isso abriu portas para a busca por modelos econômicos alinhados com as necessidades das pessoas e do planeta.

MEGATENDÊNCIAS PARA SOCIAL E HUMANO

10. Envelhecimento e explosão demográfica: A expectativa de vida vem registrando um aumento de três meses de vida a cada ano. Isso está acelerando, e em breve a expectativa média subirá mais de 12 meses a cada ano. Ou seja, na próxima década chegaremos à marca de 120-130 anos de expectativa de vida.

Até 2025, a Terra deverá ter 9 bilhões de habitantes. Então, estamos enfrentando uma realidade em que há mais gente e vivendo mais, o que criará realidades de coexistência entre várias gerações.

11. Empoderamento: É o processo de capacitar indivíduos ou grupos para que adquiram controle sobre suas vidas, tomem decisões e alcancem seus objetivos de maneira autônoma e independente. Ao fornecer conhecimento, habilidades e recursos necessários às pessoas, elas se fortalecem para enfrentar desafios e superar obstáculos.

Empoderar grupos implica capacitar todos de maneiras inovadoras, desafiando as normas existentes e quebrando paradigmas que podem limitar oportunidades. Devidamente utilizado, o empoderamento é uma força positiva que beneficia a sociedade como um todo.

12. Maior transparência e redução das desigualdades: A 4ª Revolução Industrial tem o potencial de tornar as desigualdades visíveis e, com isso, forçar governos, instituições, personalidades e a própria sociedade a atuar para a sua redução. Nunca como agora a pressão social sobre governos e personalidades pela via da digitalização (redes sociais, grupos de WhatsApp e demais ferramentas de conexão) teve tanta força e impacto na mobilização e atuação efetiva para reduzir desigualdades. Assistiremos a um crescimento exponencial da busca pela transparência (nos negócios, nas políticas, nas relações) e a uma maior mobilização pelo impacto social de cada um para um mundo melhor. 

MEGATENDÊNCIAS PARA SAÚDE & BEM-ESTAR

13. Biohacking: É o uso de técnicas e ferramentas para modificar ou otimizar o funcionamento do corpo e da mente. Envolve a experimentação com biologia e tecnologia para melhorar a saúde, o desempenho e o bem-estar.
O biohacking já está presente em alguns setores da saúde:

– Suplementação personalizada (uso de vitaminas, minerais e outros suplementos para melhorar a saúde ou a função cognitiva com base em testes genéticos ou de desempenho).

– Nutrição (adaptação de dietas específicas para melhorar a energia e a saúde metabólica).

– Monitoramento da saúde por meio de dispositivos como monitores de sono e implantes de dispositivos sob a pele para monitoramento de dados corporais. 

– Técnicas de meditação e mindfulness para melhorar o foco, reduzir o estresse e aumentar o desempenho mental. 

O biohacking busca promover um estilo de vida mais saudável e eficiente, muitas vezes por meio da combinação de ciência, tecnologia e autoconhecimento.

14. Mudanças globais na saúde: Uma tendência fundamental, pois tem propiciado mudanças muito significativas e amplas. Avanços tecnológicos como telemedicina, o uso de inteligência artificial para previsão diagnóstica, medicina personalizada, genômica (avanços na sequência de DNA), tratamentos dirigidos e personalizados com soluções específicas são apenas alguns exemplos desse movimento.

Temas como saúde mental e busca de equilíbrio, uso de aplicativos de controle e monitoramento de saúde e performance, maior consciência sobre saúde e envelhecimento e aumento do acesso a práticas de saúde demonstram o quanto a maneira como abordamos o assunto está mudando. Com isso, há desafios e oportunidades para melhorar a qualidade de vida e promover o bem-estar das pessoas.

15. Caregiving: É um conceito bastante massificado que, após a pandemia, ganhou impulso. É o ato de fornecer cuidados e apoio a indivíduos que não conseguem se cuidar totalmente sozinhos, devido a idade avançada, doenças, incapacidades ou outras condições.

Esse suporte pode incluir assistência física, emocional e prática para ajudar as pessoas a manterem uma boa qualidade de vida. Falamos aqui de:

  • Cuidados a idosos, como apoio diário ou gerenciamento de medicamentos.
  • Cuidados com pessoas com deficiências, como assistência física, adaptação de ambientes, monitoramento da saúde e coordenação de cuidados.
  • Cuidados paliativos e de fim de vida, como apoio emocional e psicológico.

O caregiving desempenha um papel vital que envolve um compromisso significativo e pode exigir habilidades de gerenciamento, empatia e conhecimento especializado, dependendo das necessidades da pessoa que está recebendo os cuidados.

MEGATENDÊNCIAS PARA EDUCAÇÃO, EMPRESAS E NEGÓCIOS

16. Pós-taylorismo: Ele deu seus primeiros e tímidos passos a partir da segunda metade do século 20. O pós-taylorismo é um modelo de gestão que se caracteriza pela abordagem mais flexível e centrada nas pessoas. 

Ele se consolidou recentemente, no pós-pandemia, trazendo um grande grupo de mudanças significativas na forma como as empresas organizam o trabalho e interagem com seus colaboradores.  Novos modelos de trabalho, de organização dos recursos e de gestão pautam as empresas do futuro, por meio da adoção crescente de tecnologia, da prática da colaboração e da redefinição das regras da gestão.

17. Trends innovation: Significa inovação com a lente das tendências e se refere à capacidade das empresas e organizações de antecipar movimentos e aproveitarem as mudanças e os desenvolvimentos identificados por meio da análise dos cenários (prospectiva e foresight) e de tendências (coolhunting). Isso impulsiona a inovação, que é fundamental para a criação de novos produtos, serviços e processos que atendam às necessidades em constante evolução dos clientes e do mercado. Ao analisarem os cenários e as tendências, as empresas podem identificar oportunidades de inovação e antecipar as demandas futuras.

18. Full agile: É uma abordagem completa e integrada em que todos os departamentos, não apenas a equipe de desenvolvimento, adotam os princípios e práticas designadas como ágeis. Isso significa que equipes de vendas, marketing, recursos humanos e outras áreas também seguem uma mentalidade ágil, promovendo colaboração, flexibilidade e adaptação rápida a mudanças. O full agile abrange toda a organização, permitindo uma cultura de inovação e melhoria contínua. 

Luís Rasquilha
CEO da Inova TrendsInnovation Ecosystem e professor da Fundação Dom Cabral (FDC), Hospital Albert Einstein e Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP).

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