ESTRATÉGIA
por
Paulo Emediato
Entenda o elo entre a adoção de modelos multicloud e a infraestrutura de dados distribuída, além dos benefícios do armazenamento em cloud descentralizada
Apesar de o armazenamento distribuído ter total relação com um dos pilares da web3, até pouco tempo atrás muitos não consideravam uma cloud descentralizada como um fator de estratégia em TI. Por que esse cenário está mudando?
O armazenamento em nuvem – a famosa “cloud” – transformou profundamente o mundo dos negócios e alcançou posição de destaque nos últimos anos por simplificar o armazenamento de arquivos digitais para os usuários.
Para se ter uma ideia do que estamos falando aqui, segundo a Fortune, o setor atingiu aproximadamente US$ 90 bilhões em 2022 e está projetado para alcançar US$ 472 bilhões até 2030, com uma taxa de crescimento anual de 23,4%.
AWS, Google e Microsoft detêm o monopólio desse setor. No terceiro trimestre de 2023, os três principais fornecedores de cloud cresceram conjuntamente 20%, ultrapassando ligeiramente o mercado global e representando 65% dos gastos totais. A AWS refletiu seu desempenho no trimestre anterior, enquanto a Microsoft observou um aumento em sua taxa de crescimento. O Google Cloud, no entanto, registrou queda em sua taxa no terceiro trimestre de 2023.
Quando olhamos somente para o mercado de clouds públicas, esse domínio da AWS, Microsoft Azure e Google Cloud é ainda mais acentuado, representando 72% do mercado total.
Todavia, apesar do cenário promissor para os provedores de cloud, o mesmo não pode ser dito em relação às empresas consumidoras de cloud.
Os gastos das empresas com infraestrutura e plataforma em cloud vêm batendo recordes ano a ano. Os gastos globais em serviços de infraestrutura em nuvem atingiram US$ 73,5 bilhões
no terceiro trimestre de 2023, um aumento de 16% em relação ao ano anterior.
Não à toa, a euforia inicial associada à adoção de cloud tem mostrado sinais de desaquecimento.
Enquanto grandes empresas podem se dar ao luxo de escolher fornecedores de cloud, empresas menores podem não ter esta opção.
Como os gastos com infraestrutura e plataforma em cloud estão bem salgados, muitas empresas estão reavaliando aquela ideia de colocar praticamente todas as operações de negócios em cloud vem perdendo força, cedendo lugar a uma nova abordagem.
Há um interesse crescente na adoção de modelos multicloud – que incorporam soluções de servidores locais e de edge computing –, o que se alinha perfeitamente com o conceito de infraestrutura de dados distribuída.
Na edge computing, as tarefas de computação são levadas para mais perto da fonte de dados, para se obter uma menor “latência” – tempo que os dados levam para viajar entre os pontos de uma rede – , garantindo, assim, um processamento de dados quase instantâneo.
Até pouco tempo, eram pouquíssimos os casos de uso na indústria de armazenamento com foco na web3.
As empresas profundamente ligadas a um único provedor de cloud achavam difícil assimilar-se a redes de cloud descentralizadas – como Akash, Arweave, Filecoin, Storj e Sia.
Porém, com o aumento contínuo dos custos, muitos chefes de tecnologia corporativa passaram a considerar uma estratégia “”multicloud”” e a ver as vantagens da cloud descentralizada – que está sendo construído na infraestrutura da web3.
Redes descentralizadas de armazenamento em cloud são projetadas para distribuir cargas de trabalho pesadas em redes de computadores conectados.
Esses protocolos blockchain têm o potencial de reduzir os custos em nuvem e, ao mesmo tempo, reduzir a latência ao alimentar dados em tempo real diretamente na fonte dos modelos de IA.
À medida que as empresas migram suas infraestruturas para um modelo multi-cloud – mais modular e adaptável –, essa transição torna possível integrar e migrar cargas de trabalho específicas para diferentes plataformas de forma mais conveniente.
Nesse passo, tal flexibilidade coloca as redes de cloud descentralizadas em uma posição mais vantajosa. O que quero dizer com isso?
Tais redes facilitam às empresas o processo “plug-and-play” para tarefas e aplicativos específicos, além de possuírem custos bem mais acessíveis que o serviço de cloud tradicional.
Para se ter uma idéia dos custos, veja aqui um comparativo entre o armazenamento em redes de cloud descentralizadas e os provedores tradicionais de cloud.
A onda crescente de gastos com cloud em provedores tradicionais está empurrando empresas para uma abordagem híbrida “multicloud”.
Nesse cenário, redes descentralizadas de cloud podem ser uma opção interessante nos modelos híbridos multinuvem.
As redes de armazenamento descentralizadas mais maduras e mais utilizadas são Filecoin, Arweave, Sia e Storj. E elas diferem entre si quanto às tecnologias subjacentes e à arquitetura de rede – o que resulta em diferentes bases de usuários, finalidades de armazenamento e modelos de token.
Quanto às opções oferecidas aos usuários, há dois tipos de armazenamento: cold storage e hot storage (armazenagem fria e quente).
Como nada melhor que um exemplo para compreender algo… a Sia é uma cloud descentralizada preferida por quem busca um sistema de armazenamento descentralizado que ofereça privacidade e recuperação rápida. Isso porque a Sia opera no mercado de Hot Storage, visando principalmente aos desenvolvedores.
Observe que a Sia não compete diretamente com a Filecoin, uma vez que os clientes desta última têm como foco principal o armazenamento de grandes quantidades de dados de arquivo.
Mas e você? Já tinha visto as projeções do mercado global de cloud? Compreendeu por que muitas empresas estão reavaliando suas operações de negócios em cloud? Entendeu por que protocolos blockchain com foco em cloud descentralizada podem ser uma opção para uma estratégia multicloud?
Compartilhar conhecimento gera prosperidade! Nos vemos em breve!”
