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Como ir além com a IA? Use dados sintéticos

A continuidade do desenvolvimento da IA depende do uso responsável dos dados criados artificialmente, mas há tanto um grande potencial a explorar como riscos a evitar

Luis Quiles
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Uma das consequências mais significativas da revolução da inteligência artificial generativa é a disseminação ampla de dados sintéticos. Esses dados têm o potencial de promover inovações em diversas áreas de negócios e campos do conhecimento. mas apresentam uma série de desafios que exigem uma abordagem cuidadosa.

Neste artigo, abordaremos esses dois aspectos cruciais, explorando tanto as oportunidades quanto os obstáculos introduzidos pelos dados sintéticos.

O potencial

Os dados sintéticos são criados artificialmente, em contraste com aqueles derivados de eventos do mundo real. Um exemplo proeminente é o AlphaGo Zero, desenvolvido pela DeepMind, que aprendeu a dominar o jogo de Go não por meio de partidas humanas, mas por meio de milhões de jogos simulados contra si mesmo, desenvolvendo suas próprias estratégias com base em aprendizado por reforço. Na condução autônoma, os dados sintéticos permitem simular várias condições de tráfego, fornecendo um método seguro e eficiente para treinar sistemas de inteligência artificial sem os riscos do mundo real.

Na área da saúde, a IA generativa pode projetar biomoléculas sintéticas com características específicas, acelerando o desenvolvimento de novas enzimas e moléculas terapêuticas, bem como facilitando a criação de novos medicamentos. Além disso, esses dados ajudam no desenvolvimento de ferramentas diagnósticas que respeitam regulamentações de privacidade, por meio da geração de conjuntos de dados médicos diversificados e anonimizados.

Um avanço fascinante no campo dos dados sintéticos é o desenvolvimento de “personas digitais”. Esses agentes generativos são projetados para criar humanos sintéticos, fornecendo dados que podem ser extremamente úteis em diversas aplicações para compreender o comportamento humano, que hoje são captados em pesquisas qualitativas. Essa inovação abre novas possibilidades para a geração de dados ricos e realistas sem comprometer a privacidade de indivíduos reais.

Os riscos

Apesar de seu imenso potencial, a dependência de dados sintéticos apresenta riscos significativos, especialmente a perpetuação e amplificação de vieses, preconceitos e limitações, além da possibilidade de geração de informações incorretas ou imprecisas. Com a crescente prevalência dos dados sintéticos, torna-se cada vez mais desafiador distinguir entre conteúdo genuíno e sintético, ou corre-se o risco de perda de confiança nas informações digitais.

Os dados sintéticos pareciam fundamentais para a evolução de modelos generativos que sustentam tecnologias como o ChatGPT. No entanto, estudos recentes, como um artigo da revista Nature, sugerem que o uso de dados gerados recursivamente por LLMs para treinar outros LLMs pode diminuir a eficácia dos modelos resultantes. Além disso, o ciclo de feedback criado quando modelos de IA são treinados com dados sintéticos não validados pode resultar em vieses e imprecisões significativas.

A evolução da tecnologia de IA generativa indica um futuro em que a inteligência artificial pode realizar mais com menos dados, avançando para métodos de aprendizado mais eficientes e capazes de generalizar melhor as situações do mundo real. Esses progressos são essenciais para um uso responsável da IA, permitindo modelos mais eficazes que demandam menos poder computacional e reduzem o consumo energético.

NAVEGAR PELAS COMPLEXIDADES da revolução da IA generativa realça tanto o potencial quanto os desafios significativos dos dados sintéticos na gestão da informação. É crucial manter um equilíbrio adequado entre inovação e responsabilidade, utilizando os dados sintéticos não apenas para avançar a tecnologia, mas também para assegurar que ela beneficie o bem maior da sociedade.

Luis Quiles
Luis Quiles é diretor de inteligência artificial da NTT DATA Brasil.

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