As organizações estão trabalhando para definir novas formas de crescimento. As pessoas têm deixado de se definir apenas pelos itens que compram ou pelo trabalho que fazem. A questão é como isso acontece e como pode ser contemplado pelos negócios
Como parte do mesmo cenário, as tendências revelam que o foco de desejo e viabilidade das pessoas vem passando do “eu” para o “nós”.
À medida que isso se acelera, o design centrado no usuário parecerá cada vez mais egoísta e a ênfase do design voltado para o indivíduos mudará a favor do design voltado para a vida como um todo.
Até muito recentemente, a atratividade de um produto ou serviço residia nas vantagens que um usuário ou cliente podia obter para si.
Cada vez mais, porém, o que importa são as vantagens obtidas pelo cliente e por sua causa coletiva dentro de um espectro político – seja viver de forma sustentável ou o lado que se escolhe apoiar num conflito comercial.
A Beautycounter, empresa americana de cuidados com a pele e cosméticos, possui uma lista (The never list) de ingredientes tóxicos que ela promete nunca usar em seus produtos; é um exemplo claro de como atratividade está sendo redefinida – assim como o compromisso do City First Bank of DC de priorizar 80% de seus empréstimos para comunidades carentes.
A gigante francesa de alimentos Danone fundou a Danone Manifesto Ventures para formar parceria com uma comunidade de empreendedores disruptivos, focados em criar um futuro saudável e sustentável na área da alimentação.
No que se refere à carne, antes as pessoas desfrutariam o luxo de um hambúrguer cuja carne foi curada por 28 dias e reconheceriam o tempo e o esforço necessários para oferecer um produto de tamanha qualidade.
Hoje, o prazer de saborear um hambúrguer da Impossible Burger deriva de saber que estamos comendo algo que prejudica menos o planeta.
Essa é uma redefinição de atratividade que se tornou possível por conta de uma nova matéria prima e de novas tecnologias de alimentos, mas também de um modelo de negócios ao estilo do Vale do Silício, que inclui financiamento de capital de risco, experimentação rápida, inovação e transparência com o mercado.
Um design que una os consumidores numa causa coletiva é outro exemplo de design focado na vida.
A intersecção perfeita entre atratividade e viabilidade é um produto ou serviço sustentável e/ou atrativo que também faça sentido comercialmente.
Foi o que conseguiu fazer a icônica marca Dr. Martens, que aumentou seu lucro em 70% quando introduziu no mercado uma linha de calçados veganos feitos de material sintético.
A firma de arquitetura Snøhetta, por sua vez, desenvolveu o Powerhouse, um edifício supereficiente que gera energia solar tanto para uso próprio como para a comunidade em seu entorno.
O que vem a seguir?
As empresas lutam para acompanhar as rápidas mudanças nos valores dos clientes e, à medida que continuam evoluindo, a pressão para que respondam de maneira eficaz só aumenta.
Aquelas que produzem bens físicos terão o desafio de mudar redes de fornecimento e processos de fabricação, muitas vezes complexos, a tempo de atender a demanda dos clientes por produtos e serviços que causem impacto positivo.
Aquelas que trabalham na área digital deverão substituir seus modelos de negócios de engajamento constante e self-service por alternativas que restabeleçam as conexões interpessoais, a atenção e o tempo que as pessoas desejam.
Há uma oportunidade na união entre o redesign físico e digital. No Reino Unido, a cozinha do futuro da Ikea fez uma parceria com o sistema de inteligência artificial Winnow.
Esse sistema automatiza a captura de resíduos de alimentos e fornece insights para ajudar as equipes de cozinha a reduzir o desperdício e aumentar a eficiência, economizando assim 50% dos alimentos que seriam desperdiçados.
“O design é uma ferramenta de conexão entre as pessoas, a economia e o meio ambiente. Da união desses elementos pode surgir uma compreensão e um respeito novos por novas ideias e produtos com mais integridade”, diz a dra. Carmen Hijosa, criadora do tecido sustentável Piñatex e CEO da empresa que o produz, Ananas Anam.
Durante anos, o design focou quase que exclusivamente os usuários, com frequência separando as pessoas dos ecossistemas. Mas, agora, os designers precisam começar a se dirigir às pessoas como parte de um ecossistema, e não como o centro de tudo.
Redefina atratividade e viabilidade no seu trabalho. Como sua oferta pode se tornar regenerativa, incluindo itens deletados que desaparecem de vista? Como você pode usar o design como ferramenta central para alinhar-se à mudança e criar um propósito de inovação?
Fale
Afirme que você considera que os ecossistemas político, social e ambiental têm o mesmo valor – atue para causar um efeito positivo em todas as áreas, em vez de só jogar palavras ao vento. Demonstre que um design focado na vida como um todo é o novo normal, não só um projeto.
Faça
Atualize seu conjunto de habilidades de design com pensamentos sistêmicos. Colabore com profissionais de outras áreas, como cientistas, tecnólogos e futuristas, e projete sistemas que incentivem as pessoas a reduzir o uso de recursos.