Inovação: por que não decola

Inovação: por que não decola

Editorial

À medida que seu setor for transformado pela transição energética, você seguirá o caminho do dodô ou será uma fênix?” Essas aspas vêm da última carta de Larry Fink, do BlackRock, para os CEOs, que girou em torno da economia net zero. “Os próximos mil unicórnios não serão mecanismos de busca ou empresas de mídia social; serão inovadores sustentáveis e escaláveis – startups que ajudam o mundo a se descarbonizar e a tornar a transição energética acessível para todos os consumidores”, escreveu Larry.

Assinantes sabem que a edição anterior teve a gestão da grande transição para a economia de baixo carbono como carro-chefe, mas continuamos a detalhar o tema – o mais importante de todos os temas da gestão atual, provavelmente.

Nesta revista, a primeira de 2022, escolhemos três ângulos principais: o da energia no Brasil, o da educação em tecnologia (também no Brasil) e o dos aspectos mal resolvidos da inovação (no mundo todo e certamente no Brasil).

Vejamos. O artigo assinado por Eduardo Azevedo, especialista em energia que reúne experiência no governo e em empresas, de regulador e de mercado, funciona como um mapa do potencial dos negócios de energia no Brasil, nem todos completamente difundidos. Olha para recursos naturais, infraestrutura industrial e tecnologias.

Já o Report Brasil apresenta quatro artigos sobre educação em tecnologia, algo crucial à transição energética. Você deve ter visto que CEOs e CTOs brasileiros se uniram em um movimento para empregar profissionais de tecnologia em início de carreira, e lançaram o Manifesto Tech, certo? A urgência está mais que explicitada e recomendo ler nossos artigos com atenção redobrada. Educação em tecnologia para nós significa, fique bem entendido, preparar mais profissionais de tecnologia e fazê-los melhores, equipando-os com habilidades de gestão e negócios. Significa também educar gestores em tecnologia e dados, para que uma conversa diferente se estabeleça. Sabemos que a falta dessa conversa é um dos grandes motivos, senão o maior, de não trafegarmos na via expressa da inovação global.

Inovação, como você já viu na nossa (maravilhosa) capa, é o tema do Report especial. Inovar é assunto de café da manhã, almoço e jantar para a maioria de nós, mas é uma armadilha achar que já sabemos tudo que há para saber sobre isso. Daí o conteúdo dirigido a derrubar as barreiras à inovação.

Eu sempre acho que esta revista é uma leitura obrigatória do início ao fim – já achava isso antes de trabalhar com ela e não mudei de opinião. Mas se você precisar definir prioridades de leitura num primeiro momento, em função do tempo curto, sugiro cinco artigos que mudam mentalidades: a revisão da história da administração feita por Stephen Cummings e Todd Bridgman, o infográfico sobre gestão de direitos humanos pelas empresas, o texto do Fernando Lucini sobre dados sintéticos, a análise do Carey Morewedge sobre a mudança do valor da marca em uma economia compartilhada (atenção, marketing!) e, por fim, a abordagem à cibersegurança desde o início proposta por Keri Pearlson e Keman Hung. Como nosso conselho editorial costuma comentar, no Brasil a segurança fica do terceiro lugar para baixo na lista do que é importante.

Faço mais alguns lembretes para o ano que se inicia. Lembro que fênix não existe, mas existe ser vivo que ressuscita – a flor zumbi (Selaginella lepidophylla). Lembro também que o dodô existiu, mas foi extinto. Lembro ainda que, se já era difícil tomar decisão no mundo instável e incerto que tínhamos em 2021, o conflito russo-ucraniano aumentou a complexidade disso em 2022. Lembro, por fim, que conhecimento pode ajudar as empresas a navegar nesse cenário e que, como dizem, #tamojunto.

Inovação: por que não decola
Adriana Salles

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