Tendo como base os relatórios do WEF e da PwC, analiso como a automação, o envelhecimento populacional e as mudanças demográficas e ambientais irão impactar os negócios e o mundo do trabalho nos próximos anos
“Fruto das mudanças recentes originadas pelo advento da chamada 4ª revolução industrial, catalisada pela pandemia que nos assolou no último ano e meio, o mundo tem vivido uma constante busca de identificação dos cenários que melhor caracterizam o futuro.
Diferentes publicações estão nos ajudando a entender como as reflexões sobre o futuro precisam ser incorporadas em nossas realidades empresariais. De tudo o que tem sido publicado, gostaria de compartilhar alguns dos temas que considero mais relevantes para o futuro do trabalho e dos negócios, resumidos de publicações de grandes empresas e instituições que estão se dedicado ao tema.
Assim, divido algumas das reflexões mais relevantes sobre o tema, estruturado em dois blocos: (1) as forças motrizes que influenciam os negócios e (2) os drivers que condicionam o trabalho. As reflexões sobre o futuro dos negócios têm como fonte o relatório Workforce of Future 2019 da PWC. Já as análises sobre o trabalho têm como base o relatório Future of Jobs 2020 do Fórum Econômico Mundial e outras fontes de notícia e análise.
Dianteiras da tecnologia da informação: automação, robótica e inteligência artificial já estão mudando a natureza e o número dos trabalhos disponíveis. A tecnologia tem o poder de melhorar a qualidade de vida, aumentar a produtividade, a expectativa de vida e libertar as pessoas para se focarem em funções não operacionais. No entanto, esse fenômeno também traz as ameaças ao nível social, político e econômico caso não se atinja o equilíbrio entre forças que são e serão cada vez mais afetadas por essa mudança.
Mudança no tamanho, distribuição e perfil etário da população mundial: com algumas exceções regionais, a população está envelhecendo, colocando pressão nos negócios, instituições e na própria economia. A expectativa de vida vai afetar modelos de negócio, ambições e custos de pensão. Trabalhadores mais velhos precisarão de novas competências para trabalharem mais tempo. Na esteira desse pensamento, o lifelong learning será a norma. Com o rápido envelhecimento, faltará mão de obra humana em várias economias. Com isso, haverá um impulso para a necessidade de aprimoramentos de automação e produtividade.
Aumento significativo da população mundial se mudando para as cidades: até 2030, a ONU projeta que 4,9 bilhões de pessoas serão urbanas e, até 2050, a população urbana do mundo aumentará 72%. Hoje a maioria das grandes cidades já têm crescimentos superiores a uma grande parte dos países médios. Nesse novo mundo, as cidades serão importantes agentes de criação de novos negócios e empregos.
Mudança de poder entre países desenvolvidos e em desenvolvimento: as nações em rápido desenvolvimento, particularmente os países com uma grande população em idade ativa, que adotarem um espírito de negócios, conseguirem atrair investimentos e melhorarem a sua educação são as que terão mais sucesso. Os países emergentes enfrentam o maior desafio à medida que a tecnologia aumenta o abismo com o mundo desenvolvido. Além disso, o desemprego e a migração continuarão a ser galopantes sem investimento significativo e sustentado. A erosão da classe média, a disparidade de riqueza e a perda de empregos devido à automação em larga escala aumentará o risco de agitação social nos países desenvolvidos.
Combustíveis fósseis esgotados, condições climáticas extremas, aumento do nível do mar e escassez de água: a demanda por energia e água deve aumentar em 50% e 40% respectivamente até 2030. Novos trabalhos em energias alternativas, engenharia de processos, design de produtos e gestão de desperdícios serão necessários para gerenciar e reutilizar os resíduos para lidar com essas necessidades. As indústrias tradicionais de energia, e os milhões de pessoas empregadas por elas, sofrerão uma rápida reestruturação.
1.Aceleração da mudança tecnológica
•Novas tecnologias que substituem o trabalho humano e ameaçam o emprego de milhões de pessoas, como caminhões sem motorista;
•Novas tecnologias que expandem ou complementam o trabalho humano, por exemplo o uso de robôs na saúde;
•Mudanças súbitas nas necessidades dos clientes por novas tecnologias que resultam em novos modelos de negócio, novas formas de trabalhar ou inovação mais rápida de produto;
•Oportunidades habilitadas pela tecnologia para monetizar serviços gratuitos, como Amazon Web Services, ou ativos subutilizados, como dados de consumo pessoal.
2. Demanda crescente de habilidades
•Educação formal, aperfeiçoamento das habilidades e conhecimentos técnicos necessários para executar o trabalho;
•Escassez crescente de trabalhadores com capacidade de adaptação aos novos cenários profissionais.
3. Mudança nas expectativas dos funcionários
•Flexibilidade e autonomia de trabalho permitem melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal;
•Aspiração de trabalhar com propósito e com oportunidade de incuti-lo nos colegas e equipes.
4. Mudança na demografia do trabalho
•Necessidades de aumentar a participação da força de trabalho de populações sub-representadas, como idosos, mulheres, imigrantes e trabalhadores rurais.
5. Modelos de trabalho em transição
•Aumento do trabalho remoto;
•Crescimento de formas contingenciais de trabalho, como o trabalho de plantão, temporário e de terceirizados;
•Plataformas de freelancers e de compartilhamento de trabalho que fornecem acesso a talentos;
•Execução do trabalho por meio de ecossistemas complexos de parceiros envolvendo vários setores, regiões demográficas e empresas de diversos tamanhos.
6. Evolução do ambiente de negócio
•Nova regulamentação destinada a controlar o uso de tecnologia (ex: taxas de robô);
•Mudanças regulatórias que afetam níveis salariais, seja diretamente, como salários-mínimos ou direitos da previdência social, ou indiretamente (mais programas públicos de transferência de renda ou de renda básica universal, por exemplo);
•Mudanças regulatórias que afetam o fluxo transfronteiriço de bens, serviços e capital;
•Maior volatilidade econômica e política, à medida que os membros da sociedade se sentem abandonados.
Essas diferentes perspectivas se complementam e devem ser consideradas como um pensamento estratégico e de gestão para apoiar o preparo de empresas e colaboradores na gestão do futuro que já é presente.
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