A agricultura brasileira já é a maior referência de transformação digital do mundo; agora falta a pecuária do País assumir essa liderança no mercado global – as oportunidades são muitas, e os desafios também
A população mundial deve chegar a quase 10 bilhões de pessoas em 2050, segundo o “Relatório de Recursos Mundiais: Criando um futuro alimentar sustentável”, da Organização das Nações Unidas (ONU). A estimativa, a partir disso, é que a procura global de alimentos aumente mais de 50%, e especificamente a procura de alimentos de origem animal, quase 70%.
Tamanha projeção de crescimento representa oportunidades e desafios igualmente grandes para os negócios de proteína animal, além bem de vários futuros possíveis e formas de endereçá-los.
A pecuária brasileira tem a liderança do mercado mundial de proteína animal. No Brasil, ao lado da agricultura, responde por um quarto do produto interno bruto (PIB). Ainda assim, não está tão avançada digitalmente como a agricultura. E, quando olhamos para o futuro sob as lentes de que é preciso garantir segurança alimentar e saúde aos seres humanos do planeta, as perspectivas são díspares. Há quem aposte na predominância da carne sintética, outros, da natural (porque a de laboratório terá sido proibida) e, ainda, aqueles que vislumbram as proporções de 35% e 65% respectivamente. Isso sem falar no cenário indesejável da falta de alimento e crises climáticas.
O relatório da ONU descreve três gaps a serem eliminados para dar conta do aumento populacional, comparando os anos de 2010 e o de 2050. O gap entre o que foi produzido em 2010 e os alimentos que serão necessários em 2050 é de 56%. Também há um gap entre a terra disponível para a agropecuária em 2010 e a que deve ser necessária até 2050, que pode levar a um deflorestamento ainda maior, e um gap entre as 11 gigatoneladas de emissões de gases de efeito estufa esperadas da agropecuária em 2050 e o nível bem inferior estabelecido pelo Acordo de Paris para o clima. Será preciso usar muito mais tecnologia em busca de eficiência e sustentabilidade.
Ninguém duvida que o Brasil continuará a ser um protagonista global na pecuária, independentemente de qual futuro vingará. É certo também que projetar – e preparar-se para – todos esses futuros acrescenta complexidade à gestão dos negócios do setor.
A boa notícia é que, seguindo o princípio de Pareto, 80% dos resultados em qualquer futuro devem vir de uns 20% de esforços que já são conhecidos hoje, só não largamente praticados. Este paper investiga os 20% de esforços que podem definir o endereçamento de oportunidades e desafio rumo a um futuro desejável para a pecuária brasileira, analisando três frentes: gestão, tecnologia e sustentabilidade/ESG (inclui bem-estar animal). Confira o estudo completo.
A reportagem é de Sandra Regina da Silva.