A 11ª edição da MIT Sloan Management Review Brasil tem como tema principal os indicadores-chave de desempenho
“Não adianta torturar os números”, diziam meus professores de jornalismo, lá no início dos anos 1990. Naquele momento, os principais jornais batiam muito na tecla de que era preciso embasar o noticiário com dados e estatísticas, para tornar as informações o mais objetivas possível. Mas os professores, ciosos da ética e críticos à prática atropelada do jornalismo diário, não se cansavam de nos lembrar que os números exigem interpretação, já que sua aparente objetividade também pode gerar distorções. No jornalismo e na empresa, não adianta torturar os números até que eles confessem, como prega o aforismo, de autor desconhecido.
Lembrei disso editando o Report especial desta edição, que trata de indicadores-chave de desempenho – os famosos KPIs. Assim como na hora de escrever notícias, definir essas métricas também pode facilmente se tornar um processo distorcido, ainda que por razões distintas. Acontece que é muito mais fácil a liderança querer impor à organização os KPIs que considera mais adequados, definindo-os de cima para baixo, do que deixar que esse processo seja como deve ser – bottom-up, orientado por dados.