A capacidade da inteligência artificial generativa de aumentar a produtividade é o cerne da questão e o motivo pelo qual é tão significativa. O Brasil não pode perder o bonde dessa vez
Olha o bonde…
Aquela locomotiva global do surgimento e expansão da internet, no final dos anos 1990, perdemos. Entre os emergentes, o cenário foi capturado pela Índia, como destino-chave para prestação de serviços de TI nas áreas de desenvolvimento de software, suporte técnico, terceirização de processos de negócios e consultoria. O país adotou medidas para impulsionar sua indústria, com implementação de políticas favoráveis e investimentos em infraestrutura e educação em tecnologia, e ganhou reconhecimento internacional. O Brasil demorou para embarcar.
Passou outro…
O bonde da transformação digital, durante os anos mais críticos da pandemia de covid-19, passou veloz. Mas faltou gente preparada e muitos não conseguiram subir. Empresas foram forçadas a se adaptar rapidamente à digitalização para sobreviver. As pequenas e médias enfrentaram dificuldades e ainda lidam com desafios na implementação de soluções digitais, sem falar das que ficaram para trás na estação, por não se manterem competitivas.
Lá vem mais um…
E o bonde, hoje, tem motorneiro automático, múltiplos sensores de movimento, comandos de voz e um sem-fim de funcionalidades integradas a uma inteligência artificial. O bonde, hoje, é um “Tesla” – com todos os seus avanços e falhas – copilotos quase tão bons quanto nós, os pilotos.
O mundo tem testemunhado avanços significativos no campo da inteligência artificial (IA) nos últimos anos e, mais recentemente, da IA generativa. Esta subcategoria da IA se concentra na capacidade de criar, simular e gerar novos conteúdos, como imagens, músicas, textos e até mesmo interações humanas. Ao contrário da tradicional, programada para seguir regras e padrões predefinidos, a gerativa tem a capacidade de aprender com grandes quantidades de dados e criar algo novo e original.
Quando aplicada à produtividade, a IA generativa pode desempenhar papel fundamental na automação de tarefas repetitivas e na geração de ideias inovadoras. Imagine um cenário onde os profissionais possam contar com assistentes virtuais inteligentes capazes de realizar pesquisas complexas, analisar dados extensos e apresentar insights acionáveis. Isso permitiria às equipes se concentrarem em atividades de maior valor agregado, impulsionando a produtividade e a eficiência.
A capacidade inerente da inteligência artificial generativa de aumentar a nossa produtividade é o cerne da questão e o motivo pelo qual é tão significativa. Precisamos concentrar esforços, estudos e investimentos nesta área, porque a era da IA generativa chegou – e transformará tudo. Este é o título do position paper recém-publicado pelo CESAR – explico mais ao fim do artigo.
É uma revolução na forma como produzimos e consumimos informações. Haverá uma rápida evolução de como as pessoas irão se encaixar nessa nova maneira de trabalhar e criar coisas com apoio da IA, incluindo a ascensão de novas funções de trabalho, como engenheiros de prompt, analistas de ética voltada para IA, designers, artistas, entre outros. Para Andrew White, do Gartner Group, “”a IA generativa pode ser o gatilho para a onda de produtividade de que precisamos, e é o suficiente para mudar nosso foco da tecnologia de uso geral, para a tecnologia de uso específico””.
Estamos indo, rapidamente, em direção a uma nova realidade, onde nenhuma empresa em quase nenhum setor poderá competir e sobreviver sem ter, em seu time, pessoas capazes de programar com ferramentas low code/no code apoiadas por IA. Além disso, com os algoritmos avançados e modelos de aprendizado profundo, poderemos explorar novas possibilidades em campos como design, arte e música. Uma tecnologia para ajudar a criar soluções inovadoras e rupturas, impulsionando o crescimento e a competitividade das empresas brasileiras.
O paper A era da IA generativa chegou – e transformará tudo reúne opiniões de desenvolvedores, engenheiros de software e designers do centro de inovação e educação pernambucano e professores da CESAR School. O material também traz o posicionamento da instituição em relação às mudanças causadas pela IA generativa, em tecnologias como ChatGPT e Dall-E 2, nas áreas de design, educação e tecnologia, especialmente desenvolvimento de software. O objetivo do CESAR é ser modelo no desenvolvimento de metodologias capazes de contribuir para o mercado direcionar seus negócios com mais assertividade.
O CESAR investirá R$ 1,6 milhão em estudos aplicados ao tema e promoverá eventos para instigar debates sobre IA generativa, workshops para o ecossistema e o Prêmio de Criatividade com IA. Cursos de extensão e de especialização na área também serão criados, assim como o desenvolvimento de experimentos internos e a produção de white papers e artigos científicos. O Centro pretende ainda liderar a educação de uma nova geração para os empregos do futuro, formando estudantes e requalificando profissionais para otimizar suas perspectivas para novos papéis resultantes do progresso tecnológico.
Aproveitar todo o potencial da IA generativa requer visão de longo prazo e compromisso contínuo com a inovação. Com investimentos adequados em educação, capacitação e parcerias estratégicas e sem perder de vista as questões éticas e de segurança associadas a essa tecnologia, com regulamentações claras e mecanismos de controle, poderemos posicionar o Brasil como protagonista nesta era. Poderemos, enfim, pegar o bonde da história.”