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O mercado de seguros e a agenda ESG

Estudo global mostra que as mudanças climáticas criam desafios e oportunidades para as seguradoras

Capgemini + MIT SMR Brasil
15 de julho de 2024
O mercado de seguros e a agenda ESG
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Globalmente, as perdas econômicas causadas pelas mudanças climáticas aumentaram 250% nos últimos 30 anos. Esta é uma preocupação de boa parte da população do planeta, mas como as empresas estão lidando com as questões ambientais e com o fato de que essas alterações podem influenciar nos negócios? Um dos segmentos que mais tem sido afetado é o de seguros. O cenário atual pressiona as seguradoras para que melhorem sua atuação na prevenção de risco.

O caminho a ser percorrido ainda é longo. De acordo com o World Property and Casualty Insurance Report 2022, produzido pela Capgemini, enquanto 73% dos segurados afirmam que as mudanças climáticas estão entre suas principais preocupações, apenas 8% das seguradoras se destacam em resiliência climática – que inclui nove fatores relacionados ao clima, como pegada de carbono e investimento em tecnologia verde. “Há, por exemplo, o processo de economia de energia dentro de data centers. Tem também a movimentação para cloud, que é muito citada como tecnologia verde”, explica Gustavo Leança, líder de soluções para seguros na Capgemini Brasil.

Outra estatística que chamou a atenção é a mudança do papel da seguradora, que deixa de ser uma empresa que paga sinistros e passa a ter participação ativa na prevenção do risco. Em pesquisa realizada mundialmente em 2019, o índice de entrevistados que estavam dispostos a pagar pelo serviço de prevenção era de 15%, número que subiu para 53% no relatório deste ano. Ao olharmos especificamente para o Brasil, o número fica ainda maior, 70%. Ou seja, é um serviço que as seguradoras ainda não ofertam, mas que tem grande potencial de geração de receita. Para virar o jogo, é necessário investir em análise de dados, o que é um obstáculo para a maioria das companhias. Quando se fala de machine learning, o país está consideravelmente atrás, apenas 23% dos respondentes disseram ter alguma capacidade analítica.

Segundo Leança, o open insurance ajudará a superar o desafio de captação e análise de dados e será um importante acelerador para muitos temas que as seguradoras não priorizaram até agora. “Um ponto relevante do estudo trata da importância de criar ecossistemas sustentáveis para que a iniciativa privada e a pública atuem em parceria para gerar informações que ajudem na prevenção do risco climático””, explica o executivo. Na prática, se há a previsão de que irá acontecer um temporal daqui a alguns dias em determinada área, provocando inundações, as empresas poderiam avisar aos clientes para evitar a região, por exemplo.

Se por um lado as companhias brasileiras ainda precisam aprimorar a capacidade de criar insights relacionados à agenda ESG em seus produtos e serviços, além de usar os dados de forma mais eficiente, por aqui as seguradoras já tomaram consciência da importância desta agenda, tanto que boa parte delas já tem um executivo C-level relacionado à sustentabilidade.

O relatório também mostra que, globalmente, a questão do clima é o segundo tema que mais impacta o comportamento do segurado, 73%, ficando atrás da pandemia, 84%. No Brasil, a pandemia também está em primeiro lugar, 68%, e o clima fica em terceiro, 59%. Em segundo está a atenção dos brasileiros com o desemprego (62%). “Se imaginarmos que a pandemia deixará de ocupar o primeiro lugar, teremos o clima como um dos temas que mais preocupa o cliente”, destaca Leança.

Regulamentação e oportunidades

O debate em torno do conceito ESG não é recente. Na época da Rio+20 houve o lançamento dos Princípios para Sustentabilidade em Seguros (PSIs), quando os principais players do mercado se reuniram para debater o impacto dos aspectos ambientais, sociais e de governança no setor e como eles poderiam melhorar a capacidade de gestão e de análise na tomada de risco.

Outro avanço no segmento ocorreu neste mês. Em 1º de agosto, foi publicada a circular nº 666 da Superintendência de Seguros Privados (Susep) que dispõe sobre a regulamentação das seguradoras a respeito das ações ESG. Assim, as companhias terão de adotar procedimentos internos de análise, avaliação, mensuração e monitoramento, além de reportar riscos e oportunidades de negócio. Também terão de estabelecer limites de concentração e restringir a exposição aos riscos sociais, ambientais e climáticos, em consonância com a circular. Os prazos para adequação vão de 31 de dezembro de 2022 até 30 de junho de 2025.

Na visão das seguradoras, a questão ambiental e sua variável climática há tempos são consideradas risco financeiro. De acordo com Fátima Lima, diretora de sustentabilidade da Mapfre, as questões ESG estão provocando o surgimento de novos mercados e o desaparecimento de outros. “Essa transição faz parte de uma jornada muito importante, em que as empresas estão percebendo que é preciso fazer adaptações e criar soluções e serviços conforme surgem novas necessidades”, avalia.

A executiva comenta que a empresa conta com um plano de sustentabilidade global, renovado a cada triênio, e que acompanha o planejamento estratégico da Mapfre, estabelecendo objetivos, KPIs e metas. A agenda ESG também faz parte da política de investimentos, com a realização de diagnóstico em conjunto com a Mapfre Investimentos. Semestralmente, é feita a análise da carteira de crédito privado por meio de uma metodologia ESG própria para a composição de score. “Esse é um caminho sem volta e o nosso trabalho é olhar para esses novos riscos como um vetor para a melhoria dos processos e oportunidades de inovação”, ressalta Lima.”

Capgemini
A Capgemini é uma empresa líder em parcerias estratégicas para transformação e gestão de negócios, utilizando tecnologia para liberar seu valor. Com mais de 50 anos de experiência global, oferece soluções abrangentes desde estratégias até operações, com especialização em nuvem, dados, inteligência artificial e outras tecnologias emergentes.

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