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Open banking quebra as travas do burocrático sistema financeiro

Entenda quem ganha com a implementação do open banking, que chega na sua terceira fase e, até o final do ano, estará em pleno funcionamento no Brasil

Ticiana Amorim
30 de julho de 2024
Open banking quebra as travas do burocrático sistema financeiro
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“Muito se fala sobre como as atualizações feitas pelo Banco Central vão impactar diretamente a vida das pessoas, a economia e o empreendedorismo. Já é possível imaginar que podemos ter o controle da vida financeira nas mãos. Costumo dizer que é a democratização que faltava para uma diversidade ampla e robusta de serviços, cuja sociedade é a principal beneficiada.

Neste sentido, por exemplo, o banking as a service (sistema bancário como um serviço) permite que qualquer empresa possa criar seu banco digital e oferecer serviços. Essa relação ganha ainda mais força quando somada ao open banking, que vem para suprir as principais dores dos clientes e do mercado brasileiro como um todo: a burocratização e a miopia do sistema financeiro.

Um exemplo disso é o pix, novo meio de pagamento lançado oficialmente em novembro passado, fruto do extenso processo de modernização do Banco Central. O pix provou e deu sinais positivos de adesão em massa, mostrando ser um caminho sem volta. As movimentações pix já superaram o DOC e TED e, até o momento, já foram transacionadas mais de R$ 1 trilhão em operações financeiras. Além disso, são mais de 254,3 milhões de chaves cadastradas.

No entanto, a novidade mais aguardada pelo mercado é a implementação do open banking no Brasil, com conclusão da terceira fase prevista para o final deste mês e como um todo em dezembro deste ano pelo BC.

OB: o que significa e como impacta a todos?

Como conceito, o open banking é sistema integrado que descentraliza as informações bancárias, permitindo que o cliente tenha mais liberdade para levar os seus dados financeiros para onde e a quem quiser.

Uma das principais características desse novo meio é que, os dados bancários pertencem aos usuários e não às instituições bancárias, e de acordo com as regras já postas pela LGPD, que já permitia autonomia sobre o uso de dados de maneira geral. Com isso, todo o mercado financeiro precisa adotar uma tecnologia padronizada que facilite a portabilidade de dados entre instituições, fintechs e negócios relacionados, sem contar o custo elevado para que isso aconteça.

Atualmente, essas informações ficam restritas somente aos bancos que o cliente possui vínculo, sem a possibilidade de levar os seus dados financeiros para diferentes instituições, mas isso vai mudar. Na prática, o open banking será uma plataforma com regulamentação do governo, supervisão do Banco Central e desenvolvida pelos participantes do sistema financeiro.

Esse mecanismo também possibilita que outras empresas tenham acesso às interfaces dos bancos e desenvolvam novos produtos a partir disso. E essa etapa de desenvolvimento acontece com a integração de API’s. O que irá mudar é que, como o open banking propõe que todo o mercado financeiro trabalhe com API’s abertas, permitindo a competição de uma série de novos produtos e serviços.

Mais liberdade, personalização e autonomia

No sistema atual, a dinâmica para trocar de banco costuma ser muito burocrática e cansativo, já que diversas informações do histórico do cliente ficam disponíveis somente para a instituição em que o usuário tem conta aberta. Isso muitas vezes faz com o cliente desista de trocar de serviço, e mesmo que não esteja satisfeito, e acabe ficando preso ao próprio sistema.

Com open banking, será muito mais rotineiro realizar essa troca e até mesmo contratar novos serviços financeiros, sem precisar começar uma relação do zero já que ela terá acesso ao histórico bancário e de crédito. Também será mais fácil negociar créditos, empréstimos e vantagens.

É importante ressaltar que o cliente precisa dar autorização para que as suas informações sejam compartilhadas na plataforma e, também, optar quando não quiser mais compartilhar os seus dados. Por exemplo, será possível contratar um seguro em um lugar, ter o cheque especial em outro e o que mais quiser e for melhor para ele.

Além disso, as empresas também poderão oferecer serviços cada vez mais personalizados com base no perfil dos consumidores, podendo negociar taxas, limites de créditos, entre outros. Para complementar, o aumento na competitividade em serviços financeiros será maior já que, com o open banking em funcionamento, a barreira para a criação de novos negócios será menor, criando um ambiente saudável e competitivo para o mercado, até então engessado e centralizado.

É uma grande evolução e modernização pela qual o sistema financeiro está passando, cuja sociedade será a maior beneficiada.

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Ticiana Amorim
é fundadora e CEO da Aarin, o primeiro hub techfin especializado em pix e open banking.

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