Capitalismo consciente gera valores para criar resultados financeiros

Quando falamos de capitalismo mais consciente, sempre remetemos a uma filosofia baseada em quatro fundamentos: propósito evolutivo, interdependência de stakeholders, cultura responsável e liderança cuidadora. Esses fundamentos foram compartilhados pela primeira vez em 2016 por meio do livro Fundamentos do Capitalismo Consciente, de minha coautoria.

Esse trabalho foi reconhecido pela Harvard University, com um convite para escrever junto com Raj Sisodia e Timothy Henry Capitalismo Consciente Guia Prático. O que descobrimos depois de nossos estudos, que as empresas que praticam os fundamentos do capitalismo consciente se destacam por gerar valores não financeiros: valor social, emocional, ambiental, de saúde, de conhecimento, tecnológico e até valor espiritual.

Esses valores não financeiros representam o grande diferencial das organizações mais conscientes e servem de alicerce para a geração de valor financeiro no longo prazo.

Podemos observar esse resultado financeiro por meio dos nossos estudos. Em sua publicação mais recente, produzido em 2018, ainda antes da pandemia de covid-19, o Conscious Capitalism Field Guide demonstrou um resultado financeiro de até sete vezes maior que a média de mercado. E mais importante é que o descolamento desse desempenho financeiro ocorre após as crises.

Podemos notar que o descolamento da curva de desempenho financeiro ocorreu após a crise de 2007/2008, e isso se deve aos stakeholders cuidados, e que cuidam da empresa:

• Clientes cuidados, quando podem, compram mais da sua empresa.
• Fornecedores cuidados, quanto têm novas ideias, trazem primeiro para a sua empresa.
• Comunidades cuidadas, quando precisam sair em defesa de alguém, saem em defesa da sua empresa.
• Funcionários cuidados também cuidam do seu negócio e de seus stakeholders.

Fica claro que as empresas que aplicam de forma consciente e consistente os fundamentos do capitalismo mais consciente geram valores não financeiros mais robustos. Esses valores são como energia potencial, que depois de crises se transforma em energia de movimento para os negócios, gerando resultados financeiros positivos.

Algumas pessoas podem ser mais críticas em relação ao nosso estudo e podem dizer que apenas uma ocorrência (a crise de 2008) não pode estabelecer uma regra forte. A caminho da atualização dos nossos números, aproveitando que estamos passando por uma segunda crise, já notamos que as empresas de nossa lista estão se saindo bem. Um exemplo é um dos setores mais afetados pela crise: a aviação civil. Em nossa lista, temos a SouthWest Airlines (SWA). Hoje, em plena pandemia, a taxa média de ocupação da SWA é três vezes maior que a média do mercado dos Estados Unidos.

Voltando para a geração de valor não financeiro, hoje temos um arcabouço mais completo de valores não financeiros que podem ser gerados por uma empresa. Graças à evolução e atualização dos Objetivos do Milênio da ONU, hoje temos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Estes são excelentes exemplos de resultados não financeiros nos preparam, como organização, para os resultados financeiros excepcionais no médio e longo prazo.

Metas de boa vida

A evolução dos negócios é constante. Houve uma época que apenas cumprir a lei era necessário. Depois descobriu-se que a eficiência poderia trazer benefícios adicionais. Estamos vendo a necessidade de ser carbono neutro para assegurar nossa longevidade como negócio. Contudo, as pessoas e organizações que têm um olhar ainda mais para frente entendem que precisamos cumprir todos os requisitos anteriores e pensar e sermos organizações regenerativas.

Agora, para fortalecer essa ideia de gerar valores não financeiros e mudar a consciência das pessoas, uma a uma, podemos levar os ODS para o nível pessoal, pois muitas pessoas não se veem conectadas dessa ideia que parece ser uma meta de governo ou de corporações. Assim, é preciso entender que cada um de nós pode agir neste exato momento.

Aliás, a ONU já traduziu essas metas para um nível pessoal, para cada um de nós. Precisamos divulgar esse conteúdo para acelerarmos o comprometimento também das empresas e governos, a fim de que os valores não financeiros possam prosperar no médio e longo prazo. Neste sentido, bem-vindo ao good life goals (metas de uma boa vida).

O capitalismo será mais consciente quando cada um de nós se envolver em ações simples, diárias e contínuas para mudar o mundo em que vivemos. Com um grupo de 750 consultores do capitalistas conscientes certificados pela CBJourney em 16 países, ajudamos as empresas a se adaptarem a essa nova realidade de mercado e se prepararem para os próximos 50 anos de desempenho e crescimento. Você está pronto para essa mudança, comece pelas metas de uma boa vida e logo você verá que pode fazer ainda mais.