Identidade empreendedora: um superpoder ou um calcanhar-de-aquiles?
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O Brasil vem passando por um crescimento expressivo nos investimentos realizados em startups. Com o aporte de US$ 750 milhões recebidos pelo Nubank recentemente, o volume superou o montante de US$ 3,5 bilhões captados por essas jovens empresas ao longo de todo o ano de 2020. Atualmente, o volume arrecadado já soma US$ 3,9 bilhões, distribuídos em um total de 274 rodadas de investimento.
Em pouco mais de cinco meses desde o início do ano, o montante captado pelas startups já é 11% superior ao investido no ano anterior, cujo volume se dividiu em um total de 525 aportes. Ou seja, vemos os investidores e empresas cada vez mais atentos e próximos ao ecossistema brasileiro, acreditando em uma realidade que pode ser completamente transformada pela tecnologia.
No entanto, o que está por trás desse momento de bonança do venture capital no país? Será que existe uma bolha e esse movimento deve cair?
A despeito dos juros baixos e câmbio favorável para o investimento internacional, existem vários outros fatores que estão estimulando esse mercado. A começar que o ecossistema de inovação brasileiro está mais maduro.
Nos Estados Unidos, por exemplo, onde está o aclamado Vale do Silício, esse ambiente propício à criação de empresas de tecnologia inovadoras já existe desde a criação das big techs, há mais de quatro décadas. Além disso, o ambiente das “pontocom” existe desde a década de 90. No Brasil, o terreno começou de fato a se desenvolver há pouco mais de dez anos.
Esse é um tempo bastante razoável para startups promissoras se tornarem realmente grandes empresas. Também foi um bom período para que iniciativas de fomento à inovação e ao empreendedorismo nascessem, aprendessem e tomassem mais consistência, apoiando, ensinando e incentivando os fundadores de startups que, em geral, ainda eram muito inexperientes.
Além disso, o desenvolvimento de cases e o crescimento do número de unicórnios – startups que valem mais de US$ 1 bilhão – embora seja consequência, também é causa. Quanto mais exemplos de startups que deram certo e voaram, mais chamamos a atenção do mercado. E agora o Brasil já alcança 12 unicórnios.
Outro fenômeno recente nessa área é a abertura de capital na bolsa, o IPO. Antes comum somente entre grandes empresas tradicionais, agora é realidade para startups tupiniquins. Méliuz, Enjoei, Mobly, Bemobi e Neogrid foram algumas das que chegaram à B3, que já tem uma “fila” de outras startups esperando pelo momento certo.
Além dos IPOs e do crescimento da aposta dos fundos de venture capital no mercado nacional, as corporações brasileiras também começaram a abrir os olhos para a inovação aberta, aumentando seu apetite para “ir às compras”. Com isso, as fusões e aquisições foram aquecidas. No total, 91 Mergers and acquisitions (M&A) foram realizados até agora em 2021, mais de 53% do total em 2020.
As grandes empresas perceberam que, fazendo negócios, investindo ou comprando startups, é possível inovar muito rápido, abrir mais mercado, bloquear a concorrência, ganhar eficiência e ter novas linhas de receita.
Essas companhias perceberam que as famosas disrupções acontecem numa velocidade cada vez maior. E como o processo de inovação fechado e interno da corporação é muitas vezes demorado e burocrático, durante esse tempo precioso diversas startups com soluções absolutamente inovadoras estão nascendo e engolindo mercados.
Desde a Uber que quebrou boa parte dos táxis, o Airbnb que derrubou algumas redes hoteleiras, o iFood e o Rappi que fizeram muitos comércios se adaptarem ao delivery, há grandes ideias tomando forma a todo momento. E estão indo rápido, como o fenômeno Loft, que em pouco mais de um ano já havia se transformado em unicórnio.
O Brasil é um país criativo, de empreendedores e um lugar cheio de desafios para serem resolvidos. Junta-se a isso um ambiente um pouco mais maduro para se empreender, com mais fomento e uma democratização maior da tecnologia, temos assim um terreno muito fértil para acelerar a inovação.
Esse crescimento acelerado está longe de ser uma bolha. Deve continuar evoluindo exponencialmente pelo menos pelos próximos cinco anos. Chegará na frente quem abrir o olho e se integrar a esse movimento de transformação. E quem não estiver dentro... Bem, muitos mais ficarão para trás.
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É co-founder & CEO no Distrito, plataforma de inovação aberta para grandes empresas.
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