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O Brasil das startups: por que os investimentos nelas estão voando?

O que dá forma para esse ecossistema próspero de venture capital no país? Ou será que estamos diante de uma bolha que irá estourar num futuro próximo?

Colunista Gustavo Araújo

Gustavo Araújo

09 de Junho

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Artigo O Brasil das startups: por que os investimentos nelas estão voando?

O Brasil vem passando por um crescimento expressivo nos investimentos realizados em startups. Com o aporte de US$ 750 milhões recebidos pelo Nubank recentemente, o volume superou o montante de US$ 3,5 bilhões captados por essas jovens empresas ao longo de todo o ano de 2020. Atualmente, o volume arrecadado já soma US$ 3,9 bilhões, distribuídos em um total de 274 rodadas de investimento.

Em pouco mais de cinco meses desde o início do ano, o montante captado pelas startups já é 11% superior ao investido no ano anterior, cujo volume se dividiu em um total de 525 aportes. Ou seja, vemos os investidores e empresas cada vez mais atentos e próximos ao ecossistema brasileiro, acreditando em uma realidade que pode ser completamente transformada pela tecnologia.

No entanto, o que está por trás desse momento de bonança do venture capital no país? Será que existe uma bolha e esse movimento deve cair?

A despeito dos juros baixos e câmbio favorável para o investimento internacional, existem vários outros fatores que estão estimulando esse mercado. A começar que o ecossistema de inovação brasileiro está mais maduro.

Nos Estados Unidos, por exemplo, onde está o aclamado Vale do Silício, esse ambiente propício à criação de empresas de tecnologia inovadoras já existe desde a criação das big techs, há mais de quatro décadas. Além disso, o ambiente das “pontocom” existe desde a década de 90. No Brasil, o terreno começou de fato a se desenvolver há pouco mais de dez anos.

Esse é um tempo bastante razoável para startups promissoras se tornarem realmente grandes empresas. Também foi um bom período para que iniciativas de fomento à inovação e ao empreendedorismo nascessem, aprendessem e tomassem mais consistência, apoiando, ensinando e incentivando os fundadores de startups que, em geral, ainda eram muito inexperientes.

Unicórnios, M&A e IPOs

Além disso, o desenvolvimento de cases e o crescimento do número de unicórnios – startups que valem mais de US$ 1 bilhão – embora seja consequência, também é causa. Quanto mais exemplos de startups que deram certo e voaram, mais chamamos a atenção do mercado. E agora o Brasil já alcança 12 unicórnios.

Outro fenômeno recente nessa área é a abertura de capital na bolsa, o IPO. Antes comum somente entre grandes empresas tradicionais, agora é realidade para startups tupiniquins. Méliuz, Enjoei, Mobly, Bemobi e Neogrid foram algumas das que chegaram à B3, que já tem uma “fila” de outras startups esperando pelo momento certo.

Além dos IPOs e do crescimento da aposta dos fundos de venture capital no mercado nacional, as corporações brasileiras também começaram a abrir os olhos para a inovação aberta, aumentando seu apetite para “ir às compras”. Com isso, as fusões e aquisições foram aquecidas. No total, 91 Mergers and acquisitions (M&A) foram realizados até agora em 2021, mais de 53% do total em 2020.

As grandes empresas perceberam que, fazendo negócios, investindo ou comprando startups, é possível inovar muito rápido, abrir mais mercado, bloquear a concorrência, ganhar eficiência e ter novas linhas de receita.

Essas companhias perceberam que as famosas disrupções acontecem numa velocidade cada vez maior. E como o processo de inovação fechado e interno da corporação é muitas vezes demorado e burocrático, durante esse tempo precioso diversas startups com soluções absolutamente inovadoras estão nascendo e engolindo mercados.

Desde a Uber que quebrou boa parte dos táxis, o Airbnb que derrubou algumas redes hoteleiras, o iFood e o Rappi que fizeram muitos comércios se adaptarem ao delivery, há grandes ideias tomando forma a todo momento. E estão indo rápido, como o fenômeno Loft, que em pouco mais de um ano já havia se transformado em unicórnio.

O Brasil é um país criativo, de empreendedores e um lugar cheio de desafios para serem resolvidos. Junta-se a isso um ambiente um pouco mais maduro para se empreender, com mais fomento e uma democratização maior da tecnologia, temos assim um terreno muito fértil para acelerar a inovação.

Esse crescimento acelerado está longe de ser uma bolha. Deve continuar evoluindo exponencialmente pelo menos pelos próximos cinco anos. Chegará na frente quem abrir o olho e se integrar a esse movimento de transformação. E quem não estiver dentro... Bem, muitos mais ficarão para trás.

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Colunista Gustavo Araújo

Gustavo Araújo

É co-founder & CEO no Distrito, plataforma de inovação aberta para grandes empresas.

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