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Governança

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O papel da governança em TI na aceleração digital das empresas

A tendência é ter um alinhamento entre as governanças corporativa e de TI nas organizações

Ticiana Werneck

13 de Setembro

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Artigo O papel da governança em TI na aceleração digital das empresas

De forma geral, a governança aplicada à tecnologia tem feito a diferença no processo de transformação pelo qual passam companhias de diferentes portes e segmentos. Como menciona Emanuel Di Matteo, diretor-geral da Liferay para América Latina, “as empresas que têm governança em TI, têm um processo de transformação mais acelerado”. Com ele, falamos sobre os desafios da implantação da governança em TI, das vantagens em tê-la alinhada à governança corporativa e sobre a jornada de adaptação das companhias.

MIT Sloan Review Brasil: Quando falamos de governança em TI, quais são os principais pontos que precisam ser levados em conta? Emanuel Di Matteo: Essencialmente, governança em TI trata de entrega de valor para múltiplos clientes, internos e externos. Não dá para falar sobre isso sem abordar a governança corporativa, que está relacionada ao balanceamento das relações de poder entre stakeholders fundamentais para a empresa. Se um dos stakeholders discorda, ele trava processos, trava execução, impacta resultado e a empresa perde valor. Quero focar no caso de uma empresa com governança corporativa azeitada, na qual essas relações de poder são balanceadas e regidas de tal maneira que é possível executar com eficiência e gerar valor para os acionistas e para o mercado. Imagine que essa mesma empresa possui uma governança corporativa alinhada com a de TI. Isso significa que acionistas e demais stakeholders entendem que a área de TI é fundamental para a geração de receita e otimização da companhia. Esse alinhamento, inclusive, facilita e acelera a transformação digital.

MIT Sloan Review Brasil: Poderia dar um exemplo? Emanuel Di Matteo: E há o contrário, da companhia que encara a TI como centro custo, cujo CIO não é empoderado e enfrenta mais desafios em captar investimentos em tecnologia. A empresa tem dificuldade em entender o nível de relevância da TI dentro de uma visão otimizada de geração de valor para o cliente final e para o negócio. E isso impacta diretamente a geração de riqueza.

MIT Sloan Review Brasil: Como está a jornada das empresas nesse caminho? Emanuel Di Matteo: Enxergo três modelos essenciais de governança: anglo-saxão, europeu e japonês. As companhias americanas são mais pressionadas por financiadores externos, como o mercado de ações, e a sua adaptação ao cenário externo tende a ser mais rápida. É um modelo de mudança contínua. Os modelos europeu e japonês possuem uma velocidade de adaptação diferente porque além de levar em consideração o que acontece no mercado e com os stakeholders, também consideram o impacto interno de cada mudança, com a visão do colaborador. No Japão, há, inclusive, a presença de órgão regulador no board, algo impensável para nós. Acredito que as empresas brasileiras estão entre os modelos americano e europeu, ou seja, adaptadas às influências externas e de cenário com uma velocidade um pouco mais lenta em relação às necessidades de mercado. Em relação à jornada da adoção da governança em TI pelas empresas brasileiras eu diria que o nível de alinhamento com a governança corporativa é reflexo do nível de ameaça que a organização enfrenta no mercado. Se está sendo ameaçada no seu modelo de negócio, a empresa entende TI como diferencial e potencial balanceador do processo de transformação. Se é um business consolidado e com baixa ameaça, essa urgência perde relevância. Embora, friso, no atual cenário, a tendência é um maior alinhamento entre as governanças corporativa e de TI para todas as empresas.

MIT Sloan Review Brasil: De que forma a governança em tecnologia irá acelerar a transformação digital das companhias? Emanuel Di Matteo: Por meio de respaldo financeiro e na execução. Dependendo de quem está à frente da área de TI, essa área influencia, sim, e positivamente, a governança corporativa. Lembro-me que antigamente o perfil dessa liderança de TI - que nem tinha o nome de CIO ainda-, era focado na área técnica. Os diretores de tecnologia, ou gerentes de informática, eram pessoas contratadas pela sua expertise técnica pois sabiam lidar com os grandes computadores, as programações em escala etc.
Hoje, após profunda evolução, o CIO é valorizado por sua expertise no negócio. O que ele faz para impulsionar o negócio através da utilização da tecnologia? Por isso, repito, é grande a necessidade de ter alguém à frente da área de TI com perfil business e de liderança. Quando a área de TI conta com um perfil voltado a ideias de impacto para o negócio e com poder de investimento para fazer acontecer, a empresa é impulsionada.

MIT Sloan Review Brasil: E quais os desafios da governança de TI nas organizações? MIT Sloan Review Brasil: Para mim, o principal desafio é a área de TI falar a linguagem do shareholder. Ao lançar um novo serviço, por exemplo, vejo muito o time de TI vibrando com métricas que só dizem respeito a questões técnicas sem impacto algum na receita, como tempo de resposta de uma aplicação ou aumento no uso de um serviço. Há uma dificuldade em quantificar e mensurar esse impacto em valores monetários. Se a área de TI não alinhou com o shareholder e não fala a linguagem dele, não vai conseguir justificar ou vender bem a ação que foi desenvolvida. Métricas mais alinhadas com a visão de negócio podem ser, por exemplo, a redução no custo de atendimento, a otimização dos custos de transação, o potencial de retenção e fidelização de clientes, etc. Esse impacto deve ser medido também em forma de otimização de receita. Ao otimizar, posso reinvestir em pesquisa e desenvolvimento, em novas frentes de negócio, em criar o próximo círculo virtuoso para a mudança contínua. Enfim, a área precisa ser capaz de traduzir como ela impacta o futuro da companhia.

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Autoria

Ticiana Werneck

Ticiana Werneck é colaboradora de MIT Sloan Review Brasil.

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