fb

ESG

17 min de leitura

Ponto de virada: o papel da tecnologia no mundo 5.0

Embora o conceito seja relativamente novo, saiba como Tesla, Google, Microsoft, Fairphone e Ikea já incorporaram práticas alinhadas aos princípios do mundo 5.0 em suas operações e modelos de gestão

Colunista Luís Rasquilha

Luís Rasquilha

21 de Março

Compartilhar:
Artigo Ponto de virada: o papel da tecnologia no mundo 5.0

Desde a revolução industrial até a era digital, temos acompanhado as inovações e disrupções tecnológicas promoverem a evolução contínua na forma como vivemos, trabalhamos e nos conectamos. N.E.: Se você já se sentiu como mero espectador dessa história, não é mera coincidência. A boa notícia é que os tempos também evoluem.

Nessa linha do tempo, a transição para o mundo 4.0 - marcado pela quarta revolução industrial - foi impulsionada pelo tripé inteligência artificial, automação e conectividade digital, que transformou radicalmente a sociedade e a economia. E, assim, vimos nascer as fábricas inteligentes, as cidades conectadas e os sistemas de informação em tempo real, que revolucionaram a produção de bens, a entrega de serviços e as formas como interagimos uns com os outros.

Mas, se por um lado, as novas tecnologias criaram meios para que a sociedade progredisse em termos de eficiência e produtividade, de outro, se evidenciou que esses não deveriam ser seus únicos indicadores de sucesso. É preciso incorporar, na medição, aspectos ligados a impactos social, ambiental e humano.

É nesse contexto que emerge a visão do mundo 5.0. Enquanto o 4.0 se concentrava principalmente na automação e eficiência, o 5.0 assume uma abordagem mais holística, na qual a tecnologia visa não apenas aumentar a produtividade e a eficiência, mas promover a inclusão social, a sustentabilidade e o bem-estar humano. Ainda sob essa ótica, o ser humano passa a ocupar o eixo central, com a tecnologia orbitando em torno dele - e não o contrário.

Mundo 5.0

O conceito de Mundo 5.0, proposto pelo empresário japonês Koichi Nakamura, está intrinsecamente ligado ao avanço da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT), blockchain e outras tecnologias emergentes.

Ele surge como resposta aos desafios globais contemporâneos, visando criar uma sociedade onde tecnologias avançadas sejam empregadas na resolução de problemas planetários, como mudanças climáticas, pobreza, desigualdades e conflitos. Ao transcender o paradigma do Mundo 4.0, onde a tecnologia era primariamente voltada à eficiência econômica, o Mundo 5.0 aspira promover não apenas o progresso financeiro, mas também o bem-estar humano, a sustentabilidade e a inclusão social. Sob essa ótica, as tecnologias emergentes são integradas holisticamente, considerando não apenas seu impacto econômico, mas também seus efeitos sociais, ambientais e éticos.

Nesse contexto, a tecnologia é concebida como uma ferramenta para aprimorar a qualidade de vida e preservar o meio ambiente, ao invés de meramente maximizar lucros ou produtividade. Tal abordagem implica que inovação e desenvolvimento tecnológico estejam alinhados com valores humanos fundamentais, como justiça, equidade, solidariedade e responsabilidade.

O Mundo 5.0 propõe, portanto, uma visão de futuro onde a tecnologia é utilizada de maneira holística e integrada para enfrentar desafios contemporâneos, impulsionando o bem-estar humano e a sustentabilidade ambiental. Reconhece-se a necessidade de uma abordagem ética e responsável no desenvolvimento e na implementação de tecnologias, assegurando que estas não amplifiquem desigualdades existentes ou causem danos ao meio ambiente. Confira os pilares do chamado mundo 5.0:

  • Integração tecnológica: As tecnologias emergentes, como IA, IoT, blockchain, biotecnologia e energia renovável, são integradas de forma holística para criar soluções inovadoras e eficazes para os problemas enfrentados pela humanidade. Por exemplo, sistemas inteligentes e conectados que podem monitorar, prever e responder a uma ampla gama de questões, desde desastres naturais até crises econômicas.

  • Sustentabilidade ambiental: O compromisso com a sustentabilidade ambiental no mundo 5.0 envolve a adoção de práticas e tecnologias que reduzam o impacto negativo no meio ambiente e promovam o uso responsável dos recursos naturais. Práticas e tecnologias como energia renovável, agricultura vertical, reciclagem avançada e transporte sustentável são essenciais para alcançar esse objetivo, garantindo que as necessidades presentes não comprometam a capacidade das gerações futuras de atenderem às suas próprias necessidades.

  • Inclusão e equidade: O mundo 5.0 procura criar uma sociedade mais inclusiva e equitativa, em que todos tenham acesso igualitário às oportunidades e benefícios proporcionados pela tecnologia. Isso envolve a redução das disparidades socioeconômicas por meio da distribuição equitativa de recursos e oportunidades, bem como o empoderamento das comunidades marginalizadas e sub-representadas.

  • Colaboração internacional e da cooperação entre países, organizações e indivíduos. A troca de conhecimento, recursos e experiências é fundamental para abordar questões transfronteiriças, como mudanças climáticas, migração, segurança alimentar e pandemias.

  • Ética e responsabilidade: o mundo 5.0 reconhece a necessidade de uma abordagem ética e responsável no desenvolvimento e na implementação de tecnologias. Isso inclui garantir a privacidade e a segurança dos dados dos cidadãos, a mitigação dos riscos associados ao uso de tecnologias avançadas e a garantia de que inovações tecnológicas não exacerbem desigualdades.

Desafios para as organizações

A adoção dessa visão de mundo apresenta uma série de desafios para as organizações, pois exige mudanças significativas na forma como operam suas práticas de gestão e como interagem com a sociedade e o meio ambiente. A seguir, listo os principais:

  • Investimento em tecnologias emergentes e inovadoras demandam investimentos prévios - e substanciais - em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e em infraestrutura tecnológica.

  • Transformação e upskilling digital dos colaboradores da organização para se alinhar aos princípios do mundo 5.0. Isso pode envolver a requalificação dos profissionais em todos os níveis hierárquicos para lidar com as mudanças tecnológicas, a atualização de sistemas legados e a implementação de novas tecnologias.

  • Adaptação da cultura organizacional, o que pode incluir a promoção de valores como sustentabilidade, responsabilidade social corporativa e inovação. Outro aspecto - que, à primeira vista, pode ganhar ares mais desafiadores - é o desenvolvimento de uma cultura de colaboração, inclusão e geração de valor, que passará a conviver com a cultura de geração de resultado.

  • Desenvolvimento de parcerias e colaboração com outras empresas, governos, organizações não governamentais e comunidades locais para para fazer frente a desafios globais. Demanda habilidades de negociação e diplomacia, bem como a capacidade de trabalhar em rede. No mundo 5.0, o conceito de ecossistema ganha ainda mais relevância.

  • Gestão de risco e compliance ganham novos desafios com a implementação de tecnologias avançadas e a adoção de novos modelos de negócios no contexto do mundo 5.0. As organizações precisam estar em conformidade com as regulamentações locais e internacionais, bem como mitigar riscos associados à segurança cibernética, privacidade de dados e outros aspectos relacionados à tecnologia.

-Resistência à mudança por parte de funcionários, clientes e outros stakeholders. A adoção do mundo 5.0 pode exigir uma mudança de mentalidade e uma abordagem mais aberta e flexível em relação à inovação e à transformação organizacional.

-Governança adaptada: diante de uma nova realidade, ainda desconhecida, é natural que a governança atualmente estabelecida enfrente desafios. Num contexto pós-taylorista, será crucial revisitar e ajustar seus eixos de atuação, exigindo uma reavaliação das regras e práticas de governança.

Desafios para a sociedade

Também para a sociedade e cidadãos em geral os desafios de um “novo” mundo são enormes:

  • Desigualdade digital: pode limitar o acesso igualitário aos benefícios da tecnologia e agravar as disparidades socioeconômicas para aqueles sem acesso ou habilidades para utilizá-la.

- Desemprego tecnológico: a automação e a IA têm o potencial de substituir muitos postos de trabalho, resultando em desemprego tecnológico e perda de meios de subsistência para muitos trabalhadores. O desafio será encontrar meios de requalificar e realocar os afetados em novos postos de trabalho e setores emergentes.

-Privacidade e segurança de dados são preocupações que se seguem à proliferação de tecnologias avançadas, como IA e IoT. Nesse sentido, a sociedade deve desenvolver regulamentações eficazes e práticas de segurança cibernética para proteger dados pessoais e garantir a confiabilidade dos sistemas digitais.

  • Impacto ambiental provocado pela implementação de tecnologias avançadas - por exemplo, a produção e o descarte de dispositivos eletrônicos. Cabe à sociedade encontrar maneiras de minimizar esse impacto e promover práticas de produção e consumo sustentáveis.

-Equidade e justiça social: apesar das aspirações do mundo 5.0 de criar uma sociedade mais inclusiva e equitativa, é fundamental que a sociedade esteja vigilante e tome medidas para garantir o uso justo e equitativo das tecnologias. Para impedir, por exemplo, que algoritmos de IA reproduzam vieses inconscientes e perpetuem disparidades.

-Custos e acesso: muitas das tecnologias e soluções propostas pelo mundo 5.0 podem ser caras de se desenvolver e implementar, o que restringe seu acesso a determinadas comunidades e países. Cabe à sociedade buscar meios de torná-las mais acessíveis a todos, independente da situação socioeconômica.

-Dilemas éticos e morais ao lidar com questões como privacidade, manipulação genética, autonomia dos algoritmos e responsabilidade no uso da tecnologia.

Desafios para os cidadãos

Além dos desafios apresentados à sociedade, somam-se mais alguns quando chegamos ao nível dos cidadãos:

-Aprendizado e capacitação: esforços contínuos de aprendizado e desenvolvimento profissional para que se mantenham atualizados e relevantes frente à rápida evolução da tecnologia no ambiente de trabalho.

-Aumento dos níveis de estresse e ansiedade devido às rápidas mudanças e incertezas associadas à transição para o mundo 5.0, como futuro do emprego, segurança econômica e competição por recursos limitados.

  • Adaptação a mudanças culturais e sociais na medida em que as normas e os valores se ajustam às novas realidades tecnológicas. Pode incluir mudanças nas formas de se relacionar, trabalhar, consumir e interagir.

Desafios para os governos

A transição para o mundo 5.0 trará também uma série de desafios para os governos, que precisarão se adaptar e responder às mudanças sociais, econômicas e tecnológicas resultantes dessa nova visão de mundo. Aqui estão alguns dos principais a ser enfrentados:

-Desenvolvimento de regulamentações e políticas que promovam a inovação, preservem os direitos dos cidadãos, incluindo a privacidade e a proteção de dados pessoais e garantam a segurança e o uso ético, seguro e responsável da tecnologia.

-Requalificação de profissionais que perderam seus postos de trabalho para a IA e a automação, de forma que fiquem aptos para assumir novas funções em um ambiente em rápida transformação.

-Desenvolvimento de políticas que promovam a inclusão digital e garantam que todos tenham acesso igualitário aos benefícios da tecnologia, independentemente de sua renda, localização geográfica ou origem étnica.

-Desenvolvimento de legislações e regulamentações que protejam a privacidade dos cidadãos e garantam a segurança dos dados em um ambiente digitalizado.

-Garantia de segurança cibernética e defesa nacional, em meio à crescente dependência de infraestruturas digitais no mundo 5.0, a fim de proteger os sistemas dos próprios governos contra ataques cibernéticos e ameaças à segurança nacional. Isso exigirá investimentos em tecnologias de segurança e capacitação de pessoal especializado.

Desafios para os países

Além dos aspectos previamente citados no âmbito dos governos, os países também enfrentam desafios em outras frentes:

-Gestão dos impactos ambientais das tecnologias emergentes e, consequentemente, na transição para uma economia mais verde e sustentável.

-Colaboração internacional na troca de informações e melhores práticas em tecnologias de segurança cibernética e defesa nacional e investimentos.

  • Cooperação internacional e diplomacia para que os países trabalhem juntos em questões como regulação tecnológica, proteção de dados, mudanças climáticas e segurança cibernética, a fim de que alcancem resultados eficazes e alinhados com a visão do mundo 5.0.

Oportunidades na adoção do mundo 5.0

A essa altura, é possível que você esteja se perguntando se o mundo 5.0 traz algo além de desafios. É claro que sim.

A seguir, listo exemplos que ilustram como o Mundo 5.0 pode ser aplicado em diversas áreas para promover um futuro mais sustentável, inclusivo e centrado nas pessoas. Ao adotar essas tecnologias e práticas, podemos criar comunidades e sociedades mais resilientes, equitativas e prósperas para todos.

-Cidades inteligentes e sustentáveis: integram tecnologias avançadas, como sensores IoT , sistemas de gestão de energia inteligente e transporte público elétrico, para reduzir o consumo de energia, otimizar o tráfego, melhorar a qualidade do ar e fornecer serviços públicos mais eficientes e acessíveis para todos os cidadãos.

-Saúde digital e telemedicina: plataformas e aplicativos de saúde digital que permitem o monitoramento remoto de pacientes, consultas médicas virtuais, prescrição eletrônica de medicamentos e análise de dados para prever e prevenir doenças. Isso aumenta o acesso aos cuidados de saúde, especialmente para comunidades rurais ou isoladas.

  • Plataformas de educação personalizada e sistemas de aprendizado online: adaptam o conteúdo e o ritmo de aprendizagem às necessidades individuais dos alunos, além de garantir acesso a recursos educacionais de alta qualidade, independente de onde estiverem ou de suas condições socioeconômicas.

- Agricultura inteligente e sustentável: tecnologias agrícolas avançadas, como sensores de solo, drones agrícolas e análise de dados em tempo real, vêm ajudando agricultores a monitorar e gerenciar suas plantações de forma mais eficiente, com redução do uso de pesticidas e fertilizantes, otimização do uso de recursos hídricos e ganho de produtividade.

- Mobilidade urbana compartilhada e conectada: sistemas de transporte público compartilhado e que conecta diferentes modais, como ônibus, metrô, bicicletas e carros elétricos, em uma rede unificada. Isso proporciona uma alternativa sustentável ao transporte individual, reduzindo o congestionamento, as emissões de carbono e os custos de mobilidade para os cidadãos.

- Sistemas de energia renovável e microgeração: sistemas de energia renovável descentralizados, como painéis solares, turbinas eólicas domésticas e baterias de armazenamento de energia, permitem aos indivíduos e comunidades gerar sua própria eletricidade, de forma limpa e sustentável. Além disso, ajudam a reduzir a dependência de fontes de energia fósseis e a vulnerabilidade diante de interrupções no fornecimento de energia.

Exemplos práticos mundo à fora

Embora o conceito de mundo 5.0 ainda seja relativamente novo e esteja em processo de adoção gradual, já podemos observar várias empresas e marcas que estão implementando práticas alinhadas com os princípios do Mundo 5.0 em suas operações e modelos de gestão. Aqui estão algumas:

Tesla: conhecida por sua abordagem inovadora para a mobilidade elétrica e sustentável. Além de fabricar veículos elétricos, a empresa também desenvolve soluções de armazenamento de energia em larga escala, como baterias residenciais e sistemas de energia solar, contribuindo para a transição para um modelo energético mais limpo e descentralizado.

Google: investe em várias iniciativas relacionadas ao Mundo 5.0, incluindo tecnologias de IA para melhorar os cuidados de saúde, eficiência energética e acessibilidade. Além disso, a empresa está comprometida com metas ambiciosas de sustentabilidade, como neutralizar suas emissões de carbono até 2030.

Microsoft: trabalha em diversas frentes para promover a inclusão digital e o desenvolvimento sustentável. Entre suas iniciativas, está o AI for Earth, que usa a IA para enfrentar desafios ambientais, e o Microsoft Accessibility, que desenvolve tecnologias acessíveis.

Unilever: conta com várias iniciativas para diminuir seu impacto ambiental, como redução do uso de plásticos nas embalagens, promoção de práticas agrícolas sustentáveis e apoio a projetos de desenvolvimento comunitário.

Patagonia: a marca de roupas outdoor está comprometida com práticas comerciais e de fabricação responsáveis, bem como com o ativismo ambiental. Participa de campanhas de conscientização, e parte dos seus lucros é direcionada para organizações ambientais.

Interface: a empresa líder global em pisos modulares também está comprometida com a sustentabilidade ambiental. Por meio da iniciativa "Mission Zero", visa eliminar qualquer impacto ambiental negativo de suas operações, o que inclui metas para redução das emissões de carbono, uso responsável de recursos naturais e promoção da economia circular.

Ikea: conhecida por sua abordagem inovadora para o design de produtos acessíveis e funcionais, a empresa tem metas ambiciosas de redução das emissões de carbono, uso de materiais renováveis e reciclados e promoção da igualdade de gênero em seu supply chain.

Danone: por meio do programa "One Planet. One Health", visa promover a saúde das pessoas e do planeta, com práticas sustentáveis de produção, embalagem e distribuição de alimentos.

Fairphone: a empresa de tecnologia que produz smartphones éticos, sustentáveis e projetados para ser facilmente reparáveis e atualizáveis visa minimizar o impacto ambiental de seus produtos, bem como garantir condições de trabalho justas e transparentes em seu supply chain.

À medida que a conscientização sobre a importância da sustentabilidade, inclusão e responsabilidade social continua a crescer, é provável que mais empresas sigam o exemplo e procurem formas de integrar esses valores em seus modelos de negócios.

Por onde começar sua jornada da sua organização rumo ao mundo 5.0?

É importante lembrar que a adoção dessa visão requer um compromisso de longo prazo e uma abordagem colaborativa, que envolva todas as áreas da empresa e todos os setores da sociedade.

Sabendo que a adoção da jornada 5.0 envolve uma transformação profunda em diversos aspectos da sociedade, da economia e da tecnologia, deixo aqui algumas linhas de reflexão, etapas e recomendação possíveis para dar o 1º passo nessa jornada.

  1. Compreenda a visão 5.0: entenda completamente o que significa a visão do mundo 5.0, o que envolve estudar os princípios e valores subjacentes, bem como os desafios e oportunidades associados à sua adoção.

  2. Mapeie os cenários e as tendências que apoiam a visão: saber para onde o mundo e o negócio caminham é fundamental para dar o devido direcionamento à estratégia. Sem isso a decisão fica ancorada em achismos, um tanto perigosos neste contexto de mudança.

  3. Envolva e motive as partes interessadas, incluindo empresas, governos, organizações da sociedade civil, academia e comunidade em geral. Isso ajuda a garantir o apoio e a colaboração de todos os setores da sociedade.

  4. Desenvolva políticas e estratégias para orientar a adoção da jornada 5.0. Isso pode incluir políticas de inovação, regulamentações tecnológicas, planos de desenvolvimento econômico-sustentável e programas de inclusão digital.

  5. Promova a capacitação e a educação em habilidades digitais e tecnológicas para garantir que as pessoas estejam preparadas para participar plenamente da economia do mundo 5.0. Preveja programas de treinamento, parcerias com instituições de ensino e iniciativas de aprendizado ao longo da vida.

  6. Fomente a inovação e o empreendedorismo para impulsionar novas soluções e modelos de negócios alinhados aos pilares do Mundo 5.0. Pode incluir apoio a startups, incubadoras de negócios, programas de financiamento e colaborações público-privadas.

  7. Estabeleça mecanismos de avaliação e monitoramento para acompanhar o progresso da jornada 5.0 e identificar áreas de melhoria. Envolve coleta de dados, indicadores de desempenho e feedback das partes interessadas.

  8. Promova a cooperação internacional e o intercâmbio de conhecimentos e melhores práticas com outros países que estão embarcando na jornada 5.0. Isso pode ajudar a fortalecer parcerias e colaborações globais para enfrentar desafios comuns.

  9. Invista em tecnologias emergentes e infraestrutura digital. Isso pode incluir o desenvolvimento de redes de banda larga, implementação de sistemas de energia renovável, soluções de IoT, entre outros.

Já existem algumas ferramentas em teste e outras em uso na transição e adoção do Mundo 5.0 que vale a pena enumerar:

  • Tecnologias de IoT: sensores IoT podem ser implantados em diversas áreas, como cidades inteligentes, agricultura, saúde e manufatura para coletar dados em tempo real e otimizar processos de forma eficiente e sustentável.

  • IA e machine learning: para análise avançada de dados, automação de tarefas, personalização de serviços e tomada de decisões mais precisas em uma variedade de setores, incluindo saúde, educação, transporte e finanças.

  • Blockchain: pode oferecer transparência, segurança e descentralização em processos de transação e compartilhamento de dados, promovendo a confiança e a colaboração entre diversas partes interessadas.

  • Realidade aumentada (AR) e realidade virtual (VR): podem ser usadas para criar experiências imersivas e interativas em áreas como treinamento, educação, turismo e entretenimento, enriquecendo a forma como as pessoas interagem com o mundo ao seu redor.

  • Plataformas de colaboração on-line: aplicativos de videoconferência, compartilhamento de documentos e plataformas de gestão de projetos podem facilitar a comunicação e o trabalho em equipe em ambientes distribuídos e remotos.

  • Tecnologias de energia renovável e armazenamento de energia, como painéis solares, turbinas eólicas e baterias de armazenamento de energia, podem ajudar a reduzir a dependência de combustíveis fósseis e promover a transição para um modelo energético mais limpo e sustentável.

  • Plataformas de educação on-line e cursos de e-learning podem oferecer acesso a recursos educacionais de alta qualidade para pessoas em todo o mundo, promovendo a inclusão digital e a aprendizagem ao longo da vida.

  • Ferramentas de análise de dados avançados e visualização de dados podem ajudar a extrair insights significativos de conjuntos de dados complexos, permitindo tomadas de decisão mais informadas e orientadas.

É importante adaptar e combinar essas ferramentas de acordo com as necessidades e contextos específicos de cada organização ou comunidade, garantindo que apoiem efetivamente os princípios e objetivos do mundo 5.0.

Quero, ainda, convidar o leitor a se aprofundar neste tema por meio do livro Humanamente Digital, de Cássio Pantaleoni, também colunista de MIT Sloan Management Review Brasil e professor da Inova Business School, além de vencedor do Prêmio Jabuti 2023 pela obra em questão.

Diante dos desafios globais que enfrentamos, a visão do mundo 5.0 surge como um farol, oferecendo uma direção clara para um futuro mais sustentável, inclusivo e próspero. Ao integrar tecnologia, inovação e valores humanos fundamentais, nos convida a repensar nossas abordagens tradicionais e a abraçar uma nova era de progresso e colaboração.

Nessa jornada de transformação, é crucial que todos os setores da sociedade estejam envolvidos e comprometidos com a transformação. Empresas, governos, organizações da sociedade civil e cidadãos têm papel importante a desempenhar na construção de um mundo mais justo, equitativo e sustentável.

À medida que avançamos, precisamos lembrar que o Mundo 5.0 não é apenas sobre tecnologia, mas também sobre as pessoas e o planeta. Devemos garantir que a tecnologia seja utilizada de maneira ética e responsável, promovendo o bem-estar humano e a proteção do meio ambiente.

Em última análise, trata-se de uma visão de esperança e progresso, tão necessária nos dias de hoje, que nos desafia a alcançar nosso pleno potencial como sociedade global. O momento de agir é agora e, juntos, podemos moldar um mundo melhor para todos.

Compartilhar:

Colunista

Colunista Luís Rasquilha

Luís Rasquilha

CEO da Inova TrendsInnovation Ecosystem e professor da Fundação Dom Cabral (FDC), Hospital Albert Einstein e Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP).

Artigos relacionados

Imagem de capa Começa a era dos relatórios de sustentabilidade mais rigorosos e transparentes

ESG

01 Março | 2024

Começa a era dos relatórios de sustentabilidade mais rigorosos e transparentes

Novas diretrizes para as prestações de contas obrigatórias demandarão das organizações competências e habilidades que apresentem para investidores e outros stakeholders uma visão mais clara sobre o futuro do negócio. Confira orientações

Richard Barker

13 min de leitura

Imagem de capa A transformação digital de companhias fabris deve ser feita em etapasAssinante

Inovação

29 Fevereiro | 2024

A transformação digital de companhias fabris deve ser feita em etapas

Levar empresas industriais à era digital pode ser uma tarefa árdua – dificultada, muitas vezes, pelo uso de indicadores errados para avaliar o processo. Pesquisa revela que obtêm sucesso as organizações que fazem a transformação digital em três etapas, cada uma com métricas próprias. Conheça o método e veja como aplicá-lo

Nitin Joglecar, Geoffrey Parker e Jagjit Singh Srai
Imagem de capa A ilusão dos paradoxos verdesAssinante

ESG

31 Janeiro | 2024

A ilusão dos paradoxos verdes

Escolhas difíceis muitas vezes nos levam a crer que estamos diante de grandezas inconciliáveis. Perguntamo-nos sobre priorizar o lucro ou o desenvolvimento sustentável. Mas... por que não ambos? Veja como fazer

Scott D. Anthony
Imagem de capa Metas ESG ambiciosas fazem bem. Mas sem tirar o pé do chãoAssinante

ESG

31 Janeiro | 2024

Metas ESG ambiciosas fazem bem. Mas sem tirar o pé do chão

Quando as empresas lançam planos mirabolantes para redução das emissões de carbono, será que elas se distanciam da realidade do negócio? Metas realistas podem ser mais adequadas em um primeiro momento. Depois, para ousar, elas podem seguir cinco passos e gerir a tensão de modo estruturado

Kate Isaacs, Jason Jay, Jeremy Gregory e Elsa Olivetti