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Por que a maioria dos projetos estoura preço e prazo?

Professor dinamarquês Bent Flyvbjerg explica porquê as grandes obras do planeta consistentemente excedem o preço e o prazo e quais são as armadilhas que desandam projetos

Colunista Augusto Dias Carneiro

Augusto Dias Carneiro

23 de Agosto

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Artigo Por que a maioria dos projetos estoura preço e prazo?

Eu gosto muito do jornal Valor que sai às sextas-feiras. Até já liguei para lá perguntando se posso assinar só o jornal de sexta-feira... Tem uma revistinha dentro chamada Eu&Fim de Semana. Na edição do dia 17 de fevereiro de 2023. havia um artigo de Vivian Oswald sobre Bent Flyvbjerg, professor das universidades de Oxford e Copenhague, que há 25 anos se dedica a estudar como planejamos e executamos grandes projetos.

Meu querido amigo Fernando Ximenes publica regularmente no LinkedIn sobre Bent Flyvbjerg. Ele lista os dez erros mais comuns em grandes projetos, com o Bent Flyvbjerg assumidamente inspirado na tipologia de Danny Kahnemann.

Reproduzo abaixo (com pequena edição minha) as dez armadilhas que desandam projetos:

  • Manipulação estratégica: distorcer deliberada e sistematicamente as informações para fins estratégicos (e conveniências políticas).
  • Viés do otimismo: demonstrar otimismo exagerado sobre o resultado das ações planejadas, incluindo superestimar frequência/tamanho de eventos positivos e subestimar frequência/tamanho de eventos negativos.
  • Viés do ineditismo: ver o nosso projeto como mais diferente de outros semelhantes do que realmente é.
  • Falácia do planejamento: subestimar custos/prazos/riscos e superestimar benefícios/oportunidades.
  • Viés do excesso de confiança: superestimar nossa própria capacidade de lidar com as surpresas que virão.
  • Viés da confirmação retrospectiva: achar que eventos passados eram previsíveis quando ocorreram. Esta é a famosa síndrome do “bem que eu avisei...”.
  • Viés da disponibilidade: superestimar eventos que estão mais presentes em nossa memória.
  • Falácia da informação seletiva: ignorar informações disponíveis em favor de situações particulares e amostras restritas.
  • Viés da ancoragem: ênfase excessiva em apenas uma parte das informações que chegam sobre algo que deu errado. Na maioria das vezes, são as primeiras informações obtidas sobre o problema.
  • Viés da aposta dobrada: justificar um investimento adicional com base no que já se investiu.

Quando conversamos sobre esta coluna, Fernando Ximenes agregou um comentário importante: projetos pequenos e médios sofrem de muitas das mesmas mazelas! E tenho certeza de que todos os meus leitores cuja vida profissional e pessoal já incluiu projetos de tamanhos quaisquer identificarão uma ou mais das dez cascas de banana acima em suas próprias experiências.

Sim, aquela reforma da cozinha também...

O professor Bent Flyvbjerg também publicou, pela Oxford University Press talvez a sua obra mais ambiciosa: um manual de gestão de megaprojetos, um verdadeiro calço de porta (618 páginas!) espetacular que eu achei em segunda mão na Amazon britânica.

Se você ficou suficientemente curioso para querer ler um livro inteiro dele, recomendo o último, de fevereiro de 2023, em que ele analisa o que deu errado em 16 mil empreendimentos em 136 países: How Big Things Get Done: The surprising factors that determine the fate of every project, from home renovations to space exploration and everything in between. Se você prefere em português, a editora Citadel deve publicar uma versão brasileira deste livro em breve.

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Colunista

Colunista Augusto Dias Carneiro

Augusto Dias Carneiro

Coach, headhunter, autor, mediador e board member, Augusto Dias Carneiro é sócio da Zaitech Consultoria. Autor de Guia de Sobrevivência na Selva Empresarial.

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