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Use design salutogênico e value-based health care para ambientes de saúde

Abordagem inovadora cria espaços que promovem e mantêm a saúde e o bem-estar, além de melhorar significativamente a qualidade dos cuidados de saúde e a experiência do paciente. Hospitais, clínicas e similares vêm se beneficiando com a aplicação do design salutogênico e VBHC

Lorí Crizel
30 de julho de 2024
Use design salutogênico e value-based health care para ambientes de saúde
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O “design salutogênico” é uma abordagem inovadora que se concentra na criação de ambientes que promovem e mantêm a saúde e o bem-estar, indo além da mera prevenção de doenças, mas sim tendo o espaço como um elemento partícipe no processo de cura. Esse conceito é baseado na salutogênese, que explora os fatores que apoiam a condição humana, em contraste com a patogênese, que foca nas causas das doenças. É aplicável em diversas áreas, como arquitetura, design de interiores, design de produtos e planejamento urbano.

Para a elaboração de um projeto no campo do design salutogênico, algumas diretrizes são essenciais. Isso inclui a incorporação de conceitos que provêm do design biofílico, o qual apresenta estratégias como a utilização de vegetação, luz natural e materiais orgânicos, dentre outras, para promover a conexão inata dos seres humanos com a natureza. Além disso, é importante oferecer estímulos sensoriais, como visuais, auditivos, táteis e olfativos que sejam reconfortantes e revigorantes.

A flexibilidade e adaptabilidade dos espaços e produtos são fundamentais, permitindo que os usuários tenham certo controle sobre o ambiente. A promoção da atividade física é outra diretriz importante, o que envolve a criação e incentivo ao movimento, como escadas atraentes e mobiliário que promovam posturas variadas. Também é crucial projetar espaços que promovam a interação social, reconhecendo a importância da conexão humana.

Garantir a segurança, acessibilidade e inclusão é uma prioridade, onde um variado escopo de técnicas auxiliam a promover sentimentos positivos e de relaxamento. Privacidade é essencial, além de minimizar ruídos indesejados e poluição sensorial, além de oferecer áreas de refúgio e descanso.

Locais como hospitais, clínicas e similares vêm se beneficiando significativamente com a aplicação do design salutogênico. Alguns clássicos exemplos são a proposição de espaços híbridos, onde o ambiente interior se comunica com o exterior promovendo, dentre outras benesses, a redução do estresse, além do emprego de materiais naturais, sinalização focada em facilitar a navegação, e demais dinâmicas que favoreçam uma apropriação positiva e qualificada do espaço.

As estratégias de design salutogênico, especificamente no ambiente da saúde, consideram não apenas o público vulnerável que primeiramente nos vem à mente, o paciente, mas também demais públicos que convivem com esses espaços: familiares e amigos, também fragilizados psicológica e mentalmente; corpo clínico, o qual deve ser preservado apesar de lidar constantemente com a dor alheia; e o corpo administrativo, o qual, apesar de trabalhar diretamente relacionado a doenças, não necessariamente precisa vivenciar sua manifestação.

A segurança física e psicológica, a acessibilidade e a inclusão também são importantes. A integração de arte inspiradora e cultural é uma estratégia eficaz, assim como a tecnologia pode ser usada para melhorar a experiência do paciente, e espaços flexíveis podem se adaptar a diferentes necessidades ao longo do tempo.

Através das inúmeras vertentes do design salutogênico nos ambientes de saúde, o conceito de value-based health care (VBHC ou atendimento médico baseado em valor, na tradução), que visa otimizar a eficácia clínica e a eficiência econômica, vêm sendo uma das mais validadas em termos de aplicação prática. Ambas as abordagens se complementam para a melhoria de resultados, redução de custos, atenção preventiva e integração de cuidados. O modelo de integração com o VBHC pode melhorar significativamente a qualidade dos cuidados de saúde e a experiência do paciente.

Lorí Crizel
Lorí Crizel é arquiteto, presidente da ANFA (Academy of Neuroscience for Architecture) no Brasil, professor do Politecnico di Milano, na Itália. Membro da ANFA Center for Education Latin America. Editor-chefe do *Journal of Eco+Urbanism and Neuroarchitecture*. Autor do primeiro livro do País sobre neurociência aplicada à arquitetura, design e iluminação, *Pressupostos da Neurociência para a Arquitetura e a Teoria Einfühlung Como Proposta Para Práticas Projetuais*.

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