Essa segunda e última parte do artigo destaca e explora as dez trends for business, apresentadas no relatório Global Trends 4 Business, da Ecossistema Inova, que teve como foco as tendências globais e de negócio
Este artigo apresenta as trends for business como complemento ao artigo escrito no mês passado.
Lembra que eu comentei no último artigo que todos os anos a empresa para a qual trabalho (Ecossistema Inova) apresenta o seu relatório de tendências e que este ano o foco é em tendências globais e tendências de negócio? Este artigo debruça-se sobre as trends for business. Todas as tendências estão apresentadas no quadro abaixo:
1. A era do pós-taylorismo: a era do pós-taylorismo refere-se a uma fase subsequente ao modelo de organização do trabalho conhecido como “”taylorismo””.
O taylorismo foi desenvolvido pelo engenheiro norte-americano Frederick Winslow Taylor no início do século XX e se baseava na divisão e padronização das tarefas, com o objetivo de aumentar a eficiência e produtividade nas indústrias.
No taylorismo, cada tarefa era fragmentada em pequenas partes, e os trabalhadores eram especializados em realizar apenas uma dessas partes. O controle do processo de produção estava nas mãos da gerência, e os trabalhadores tinham pouca autonomia ou participação nas decisões. Esse modelo de gestão buscava reduzir custos e aumentar a produção em massa, mas muitas vezes resultava em condições de trabalho desumanas e insatisfação dos trabalhadores.
A era do pós-taylorismo, que começou dando os seus primeiros tímidos passos a partir da segunda metade do século XX, se consolidou recentemente, no pós pandemia, e tem trazido um grande grupo de mudanças significativas na forma como as empresas organizam o trabalho e interagem com seus colaboradores.
2. Liderança reinventada: a liderança tem se reinventado em um novo contexto organizacional e refere-se à transformação dos estilos e práticas de liderança para atender aos desafios e oportunidades emergentes nas empresas e organizações contemporâneas.
Nesse contexto, a liderança não se baseia mais apenas em hierarquias rígidas e autoridade formal, mas sim em competências que estimulam a adaptação, a inovação, o desenvolvimento de talentos e a construção de culturas organizacionais mais colaborativas.
3. Ambidestria corporativa: a ambidestria corporativa pode ser comparada à habilidade de uma pessoa ser ambidestra, ou seja, capaz de usar as duas mãos ou pés igualmente bem.
Essa abordagem tem ganhado relevância como uma resposta à necessidade de empresas serem capazes de inovar e se adaptar rapidamente, enquanto continuam a executar suas operações existentes de forma eficiente.
Fala-se do equilíbrio entre escala e produtividade com velocidade, inovação e criatividade.
Para ser ambidestra, uma organização precisa gerenciar dois componentes de forma simultânea e sinérgica. São eles a exploration e a exploitation (exploração versus explotação, na tradução).
Isso pode ser um desafio, pois a exploração e a explotação frequentemente requerem culturas organizacionais diferentes, métodos de trabalho distintos e sistemas de incentivo contrastantes.
A ambidestria corporativa refere-se então à capacidade de uma organização proteger o negócio atual e preparar o negócio para o futuro através da gestão equilibrada dos conceitos e abordagens de exploration versus exploitation.
– Exploration: refere-se à busca de novas oportunidades, à experimentação e à inovação. É a capacidade de uma organização em explorar novas ideias, tecnologias, mercados ou modelos de negócios, visando a criar vantagens competitivas e garantir sua relevância no futuro. A exploração envolve a disposição para correr riscos e a abertura para aprender com os erros.- Exploitation: refere-se à melhoria contínua das atividades existentes da organização, buscando otimizar processos, reduzir custos, aumentar a eficiência e obter lucros. A exploitation é a capacidade de executar as operações atuais de forma eficiente e garantir a sustentabilidade e a estabilidade da empresa no presente.
4. O poder da inovação (TrendsInnovation – inovação com a lente das tendências): refere-se à capacidade das empresas e organizações aproveitarem as mudanças e os desenvolvimentos identificados através da análise dos cenários (prospectiva e foresight) e de tendências (coolhunting) para impulsionar a inovação e manter-se relevante nos mercados.
A inovação é fundamental pois permite a criação de novos produtos, serviços, processos e modelos de negócios que atendam às necessidades em constante evolução dos clientes e do mercado.
Ao analisar as tendências, as empresas podem identificar oportunidades de inovação e antecipar as demandas futuras, preparando-se para enfrentar os desafios e se destacar em seu setor.
5. Advising para C-level: no pressuposto de que ninguém sabe tudo e todos sabem um pouco, a prática de advising tem ganhado relevância e crescerá exponencialmente nos próximos anos, como forma de fazer face aos crescentes desafios que a alta gestão enfrenta no dia a dia dos seus negócios e empresas.
Advising é a prática de auxiliar uma empresa e sua equipe de gestão a melhorar seus sistemas e processos ao longo do tempo. Os advisors geralmente trabalham numa lógica de parceria e apoio e podem muitas vezes assumir funções executivas temporárias ou mais duradouras dentro da empresa. Às vezes, as empresas pensam nos advisors como mentores porque geralmente são muito experientes em seus setores.
Os advisors geralmente visam orientar seus clientes para ajudá-los a atingir seus principais objetivos e propósitos abrangentes. Pequenas empresas ou startups podem considerar a contratação de um advisor especialmente útil para obter conselhos de um especialista e obter ajuda para criar uma estratégia para o sucesso.
A natureza do envolvimento de um advisor geralmente é de longo prazo e específica para sua experiência no setor. A natureza do trabalho de advisor não é baseada em projetos. O objetivo geral do advisor é ajudar o cliente a atingir seus objetivos estratégicos de longo prazo, influenciando as operações do dia a dia. Assim, um advisor desenvolve relacionamentos profundos com os clientes. Os advisors geralmente são profissionais com anos de experiência em um determinado setor e o seu posicionamento é uma abordagem de solução de problemas suportada na experiência no assunto.
O advisor coloca a sua experiência ao serviço das empresas para quem trabalha fortalecendo a personalização e tratando cada caso como único.
6. Educação continuada: a educação continuada, também conhecida como educação permanente ou aprendizagem ao longo da vida, refere-se ao processo de atualização e aprimoramento constante dos conhecimentos, habilidades e competências de profissionais em suas áreas de atuação. Essa prática envolve a busca contínua por novos conhecimentos, seja por meio de cursos, workshops, treinamentos ou outras formas de aprendizado.
A educação continuada apresenta-se cada vez mais como um investimento estratégico para as empresas, proporcionando uma vantagem competitiva, melhorando o desempenho organizacional e promovendo um ambiente de trabalho estimulante e engajador.
A constante busca por aprendizado e desenvolvimento continuará sendo essencial para que as empresas se mantenham relevantes, inovadoras e bem-sucedidas em um ambiente de negócios em constante evolução.
7. Negócios de plataforma e ecossistema: uma das mais fortes tendências. Negócios de plataforma e de ecossistema são dois modelos de negócios que têm ganhado destaque no mundo empresarial contemporâneo, impulsionados pela crescente digitalização e interconexão global.
Ambos os modelos têm demonstrado a capacidade de revolucionar setores inteiros, proporcionando oportunidades de crescimento e inovação para as empresas que os adotam.
– Negócios de plataforma: os negócios de plataforma são baseados em uma arquitetura tecnológica que permite a integração e o compartilhamento de recursos, serviços ou informações entre diferentes participantes, como consumidores, produtores e fornecedores. Essas plataformas atuam como intermediárias, conectando os lados da oferta e da demanda em um mercado e facilitando a troca de valor entre eles.- Negócios de ecossistema: os negócios de ecossistema envolvem a criação de um conjunto interconectado de empresas, fornecedores, parceiros e clientes que colaboram para fornecer uma oferta completa e holística no mercado. Diferentemente das plataformas, os negócios de ecossistema não são centrados em uma única entidade, mas sim na colaboração de várias partes interessadas para oferecer uma solução mais abrangente.
8. Governança customizada (à medida): a governança nas empresas refere-se ao conjunto de regras, práticas e estruturas que regulam e orientam a tomada de decisão, a prestação de contas e a gestão das organizações. É uma estrutura essencial para garantir que a empresa seja gerida de forma ética, transparente e responsável, visando ao interesse dos acionistas, dos colaboradores, dos clientes e de outros stakeholders.
O fato de a governança precisar ser cada vez mais customizada e não estandardizada decorre da crescente complexidade e diversidade das empresas e dos setores em que atuam.
Cada empresa possui características únicas, como sua estrutura, cultura, tamanho, indústria e estratégia de negócios. Portanto, uma abordagem padronizada para a governança pode não ser adequada para todas as empresas.
Uma governança customizada permite que as empresas adaptem suas práticas e estruturas para atender às suas necessidades específicas e aos requisitos de seu ambiente de negócios. Isso é particularmente importante em empresas de diferentes tamanhos, startups, empresas familiares, empresas de capital aberto ou fechado e organizações multinacionais, que podem ter diferentes prioridades, desafios e níveis de complexidade.
A customização da governança permite que a empresa adote uma abordagem mais ágil e flexível, permitindo que se adapte rapidamente às mudanças no mercado e no ambiente regulatório. Além disso, permite que a empresa priorize questões críticas e relevantes para sua sustentabilidade e sucesso a longo prazo.
9. Planejamento estratégico prospectivo: o planejamento estratégico prospectivo, adotado pela Inova desde 2015 através da sua metodologia SBB (strategic building blocks) é uma abordagem que busca antecipar o futuro, considerando os cenários e as tendências emergentes como base para tomar decisões estratégicas.
Diferentemente do planejamento tradicional, que se concentra na análise do passado e do presente para projetar o futuro, o planejamento estratégico prospectivo incorpora uma visão mais ampla e prospectiva.
Essa abordagem procura responder perguntas como “”o que poderá acontecer no futuro?””, “”quais são as tendências e forças disruptivas que podem afetar o nosso negócio?”” e “”como podemos nos preparar para diferentes cenários futuros?””.
A importância do planejamento estratégico prospectivo está cada vez mais na sua capacidade de tornar a empresa mais preparada e resiliente para o futuro.
Ele permite que a organização esteja à frente das mudanças e tendências, em vez de apenas reagir a elas. Ao antecipar as possíveis evoluções do mercado e do ambiente de negócios, a empresa pode tomar decisões mais informadas e fundamentadas, aproveitando oportunidades e minimizando riscos.
Além disso, essa abordagem de planejamento encoraja uma mentalidade de aprendizado contínuo e abertura para a inovação.
A empresa está preparada para adaptar suas estratégias e operações conforme novas informações e tendências emergem, mantendo-se atualizada em um cenário de negócios em constante mudança.
É importante lembrar que o futuro é incerto, e mesmo com um planejamento prospectivo bem desenvolvido, sempre haverá elementos imprevisíveis.
Portanto, a revisão permanente dos pressupostos estratégicos, a agilidade e a capacidade de se adaptar também são essenciais para garantir o sucesso da implementação das estratégias planejadas.
O planejamento estratégico prospectivo é uma ferramenta valiosa para empresas que desejam estar preparadas para os desafios e oportunidades do futuro, mantendo-se competitivas e sustentáveis ao longo do tempo.
10. Humanismo digital: o humanismo digital é uma abordagem que coloca o ser humano no centro do desenvolvimento e aplicação da tecnologia. Essa perspectiva busca equilibrar o avanço tecnológico com o bem-estar humano, inclusiva e responsável.
O surgimento do humanismo digital é uma resposta aos desafios e impactos da transformação digital em diversas áreas da sociedade. À medida que a tecnologia se torna cada vez mais presente em nossas vidas, é importante garantir que ela seja projetada para servir às necessidades e aspirações humanas, em vez de apenas focar na eficiência e no lucro.
Essa abordagem reconhece que a tecnologia pode trazer inúmeros benefícios para a sociedade, mas também traz desafios e questões éticas. O humanismo digital busca equilibrar o progresso tecnológico com a preservação dos valores humanos e a garantia de um futuro mais justo e sustentável para todos.
Para alcançar o humanismo digital, é necessário envolver uma ampla gama de atores, incluindo empresas, governos, sociedade civil e academia.
É um esforço coletivo para moldar o futuro da tecnologia de forma a melhor atender aos interesses e necessidades humanas, garantindo uma sociedade mais equitativa, inclusiva e centrada nas pessoas.
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