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Tendências na educação para 2030

Esta década 2020-2030 será marcada pelo retorno da educação ao seu lugar mais nobre: o de conduzir e guiar pessoas em seus caminhos individuais

Luís Rasquilha
6 de agosto de 2024
Tendências na educação para 2030
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Nada melhor que começar o primeiro artigo do ano com um tema que desde sempre nos acompanha e que cada dia é mais importante: a educação. Ela é a base das sociedades, das carreiras, dos negócios, das empresas e – porque não dizê-lo – da vida de cada um de nós.

Escrito em coautoria com o meu sócio Marcelo Veras, o estudo sobre as tendências de educação tem levantado debates e gerado ideias sobre como tratar e liderar a educação do futuro. Abaixo segue a apresentação das principais tendências de educação, precedidas de uma breve contextualização.

O termo “educar” tem origem do latim educare, que é uma derivação dos termos ex e ducere, que significam:Ex: “fora” ou “exterior”;Ducere: “guiar”, “instruir”, “conduzir”.

Educar é, portanto, conduzir, guiar. A educação é um “duto” onde alguém entra de um lado e sai do outro melhor do que entrou. Analisar a etimologia de um termo tão importante como este, especialmente em uma década tão marcante como a de 2020-2030, é desafiador e empolgante. Tratar aqui, em poucas páginas, sobre tendências e insights para a educação é um desafio e um prazer inenarráveis.

Se cruzarmos esta definição com o que vemos ainda hoje, tanto na educação básica quanto na superior, é possível se afirmar que a educação se afastou, de certa forma, da sua missão original e se desviou do seu propósito maior, prestando, em partes, um desserviço a muitas crianças, adolescentes e adultos. Currículos pautados prioritariamente no desenvolvimento de competências técnicas, excesso de conteúdos, aulas meramente expositivas, métodos de avaliação e processos seletivos de entrada nas universidades pautados pela capacidade de memorizar grandes quantidades de informação, entre outros. Isso tudo produziu uma educação conteudista e que foi, aos poucos, se distanciando das necessidades reais da humanidade e, consequentemente, também do mundo do trabalho. O abismo entre a escola e o mercado cresceu tanto que as empresas começaram a criar, no início deste século, as próprias universidades corporativas.

Mas a década 2020-2030 será marcada pelo retorno da educação ao seu lugar mais nobre – o de conduzir e guiar pessoas aos próprios caminhos e não mais a um trajeto imposto por paradigmas atrasados, não alinhados às demandas atuais e futuras. A quarta revolução industrial em curso está entrando na escola e na sala de aula chutando a porta e sem pedir licença. Vale lembrar que este setor passou quase ileso pelas três primeiras revoluções industriais.

Em setembro de 2019 (antes da pandemia de covid-19), publicamos, eu e Marcelo, um livro chamado Educação 4.0 – O mundo, a escola e o aluno na década 2020-2030. Parte desta reflexão está lá, em uma espécie de síntese de tudo o que aprendemos desde 2007, quando começamos a discutir e a estudar o futuro da educação.

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Confira algumas tendências da educação:

1. Processos avaliativos que tenham como objetivo medir capacidade de memorização deixarão de existir. Vestibulares, ENEM, entre outros, acabarão.2. As universidades corporativas terão maior relevância do que as escolas tradicionais.3. A educação será, por definição, híbrida, fazendo com que a experiência de aprendizado não se resuma ao que acontece dentro da sala de aula.4. A inteligência artificial (IA) irá substituir 80% do papel atual do professor, que se transformará em um curador de conteúdos e líder de equipes, usando metodologias ativas.5. A pesquisa acadêmica se concentrará cada vez mais na solução de problemas atuais e reais.6. As avaliações deixarão de ser individuais e passarão a ser em equipe.7. As certificações tradicionais perderão relevância. O mercado de trabalho irá selecionar e contratar profissionais por competências, independente de onde e como foram desenvolvidas.8. As competências socioemocionais terão prioridade no mundo do trabalho sobre as competências técnicas.9. Novas disciplinas serão incorporadas aos currículos, como futuro e tendências, criatividade, empatia e cooperação, entre outras.10. Grades e conteúdos serão cocriados com a participação de alunos, professores, escola e família.11. As nanodegrees (microcertificações) serão a resposta à necessidade de atualização permanente. O conceito lifelong learning fará parte da rotina diária das pessoas.12. As jornadas educacionais serão personalizadas e direcionadas ao perfil e momento de vida de cada aluno. Isso fará com que, no limite, cada aluno tenha a própria trilha de formação.

Luís Rasquilha
CEO da Inova TrendsInnovation Ecosystem e professor da Fundação Dom Cabral (FDC), Hospital Albert Einstein e Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP).

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