Maria Montessori, educadora italiana, dizia que as crianças são aprisionadas nas salas de aula como borboletas em alfinetes. Mas será que isso acontece apenas nas escolas? Os alfinetes invisíveis também não estariam prendendo empresas e economias?
Eles poderiam ser falta de investimentos, deficit de ferramentas tecnológicas e metodológicas, mindset e contexto desfavoráveis (inclua-se na lista o custo Brasil). Tudo isso enche de alfinetes caixas de costura inteiras.
No mundo todo há alfinetes, mas neste exato momento os outros países parecem menos alfinetados que o Brasil. Nossa economia contribui com apenas 2,5% do PIB planetário, apesar de ser a oitava maior do mundo, e só faz encolher. Sabemos que retomar o crescimento é urgente – e que é preciso crescer muito e rápido.
Como consegui-lo? As vantagens competitivas do Brasil não são poucas, mas elas precisam de tecnologia e de inovação nos modelos de negócio e de gestão para serem alavancadas. E as empresas são as mais aptas a lidar com isso, por terem menos alfinetes que os governos.
A Qura Editora, parte do Grupo Anga, crê que alavancar o crescimento é possível e, com esse fim, decidiu trazer para o Brasil a MIT Sloan Management Review, revista que une tecnologia e gestão, modelo de negócio e inovação, como nenhuma outra no mundo. Ela não apenas é associada à meca da tecnologia e inovação Massachusetts Institute of Technology e ao templo da gestão Sloan School; tudo que é vanguarda nessa área, inclusive no Oriente – e especificamente na China – é acompanhado de perto, e com profundidade, em suas páginas.
Estreamos com uma pesquisa vinda do Insead, da França, feita por W. Chan Kim e Renée Mauborgne, que propõe um framework para a inovação não disruptiva, capaz de criar novos mercados sem consequências negativas para os existentes. É sob medida para o momento que o Brasil vive, como comenta o consultor de inovação Valter Pieracciani, uma das pessoas por trás do primeiro unicórnio do País, o PagSeguro. Também sob medida é o Report especial sobre mudança digital. Ah, dirá o leitor, todos falam desse assunto. Falam, de fato, mas dizem relativamente pouco. Trata-se de um megadesafio para nossas empresas e é tratado aqui com a profundidade que merece, inclusive por Jeff Immelt, CEO da GE de 2001 a 2017, que fez um elefante querer pular feito pulga.
Poderia destacar uma série de conteúdos, da próxima onda de inovação da China a uma abordagem para melhores decisões estratégicas, proposta pelo Prêmio Nobel Daniel Kahneman e colegas. Mas prefiro copiar minha colega da MIT SMR norte-americana, Lisa Burrell, e recomendar o texto sobre a carreira em tempos de transformação. Afinal, as carreiras de todos nós, C-levels inclusive, estão num cadafalso. Não vão salvá-las nem alfinetes, nem trabalhos de Sísifo. Então, esse apoio extra é bem-vindo.
E o Brasil? Temos um bom presságio – Adam Grant cita Pelé – e uma notícia ótima: um conselho editorial de pesos-pesados nos ajudará a garantir as trocas de conteúdo entre o País e o mundo. Neste número 1, por exemplo, trazemos a visão de transformação digital do especialista em inovação e conselheiro Silvio Meira, a melhor ponte que temos entre academia, startups e grandes empresas. Publicamos em primeira mão um estudo de Leonardo Framil e coautores da Accenture sobre cibersegurança. Contamos sobre uma parceria Brasil–Alemanha que pode virar paradigma para inovação. E ainda falamos de Glória, a robô que veio defender as mulheres e nasceu por estas bandas. Estamos só começando!