Entenda como a Eloop, startup que presta serviço de compartilhamento de veículos, desenvolveu um modelo de negócios que une tecnologias como blockchain, identidade descentralizada, inteligência artificial, IoT e tokenização, aproveitando as inúmeras oportunidades em um ecossistema web3
Neste artigo, vamos entender como um modelo de negócio une o compartilhamento de veículos à blockchain Polkadot, identidade descentralizada, inteligência artificial, IoT, tokenização e web3.
A Eloop, uma startup fundada em 2017 com sede em Viena, na Áustria, desde agosto de 2019, presta serviços de compartilhamento de veículos B2C.
A empresa mantém uma frota de carros elétricos que são fornecidos a pessoas físicas (e às vezes também a clientes corporativos) por meio de um aplicativo móvel.
E para garantir a acessibilidade independente do local, é usado o conceito de flutuação livre. Isso permite que os clientes escolham livremente o carro a ser alugado e o estacionem em zonas definidas, garantindo uma mobilidade abrangente, amigável e ecológica.
Com o declínio da propriedade de veículos por todo o mundo e o aumento da demanda por serviços de mobilidade compartilhada (shared mobility), através de uma parceria com a Peaq Network, a Eloop deu um passo para fortalecer a interseção de blockchain e transporte ao tokenizar parte de sua frota de veículos, lançando um novo modelo de negócio com foco na web3.
Após a parceria, os 100 Teslas da frota de mais de 240 da Eloop, já nas ruas de Viena, receberam suas identidades auto-soberanas de máquinas autônomas na Peaq.
Agora, esses veículos fazem parte do ecossistema da Peaq, permitindo que os usuários invistam e ganhem dinheiro de uma maneira nova e descentralizada, permitindo, assim, que usuários possuam uma fração da frota e compartilhem os lucros das operações diárias de compartilhamento de viagens.
Um aspecto essencial e interessante do posicionamento da empresa é a ideia de sustentabilidade. Isso é realizado, entre outras coisas, por meio do uso de veículos livres de emissões. Portanto, todos os veículos usados são carros elétricos puros.
Tudo o que o cliente precisa para todo o processo de aluguel é baixar em seu smartphone um aplicativo móvel, que é usado como plataforma de corretagem. Isto possibilita aos clientes encontrarem veículos disponíveis em um mapa em tempo real.
Dessa forma, o veículo escolhido pelo usuário pode então ser reservado, desbloqueado e trancado diretamente no aplicativo.
Para todo o processo de aluguel, o cliente só precisa de seu celular.
O processo de tokenização é simples. Ao adquirir um token, o usuário passa a ser proprietário de uma fração de toda a frota da empresa, com o valor específico variando de acordo com o investimento feito no token.
A receita gerada quando os carros são alugados é imediatamente distribuída de volta à coletividade que adquiriu os tokens. Toda a papelada dos veículos fica a cargo da startup, de modo que os detentores de tokens podem aproveitar os benefícios da propriedade sem os ônus a ela associados.
Observe que esse modelo de “”compartilhamento de veículos 2.0″” é uma combinação única de propriedade coletiva com redistribuição de receita.
A parceria da Eloop com a Peaq abre caminho para veículos totalmente autônomos, funcionando como robôs-táxis integrados à inteligência artificial, entregas e muito mais.
Além disso, o projeto representa um passo inovador em direção à descentralização – que junto com a privacidade é um dos pilares da web3 – , via tecnologia blockchain, alimentada não apenas por IA, mas também pelo uso da internet das coisas (IoT) – que na web3 se tornará uma internet of everything (IoE). Isto é, para um mundo onde tudo e qualquer coisa estará conectada à internet.
Pois bem, a rede da Peaq, construída sobre a blockchain Polkadot, hospeda a camada de transação e armazenamento de dados para a rede de infraestrutura física descentralizada (DePIN) dos veículos tokenizados. A decisão de usar a Polkadot foi influenciada por seu recurso de interoperabilidade e capacidade de incentivar casos de uso da IoT.
A tokenização do transporte e a descentralização associada da propriedade do veículo é um exemplo de um modelo no qual os indivíduos podem possuir, controlar e até mesmo monetizar seus dados, um dos pilares conceituais fundadores do movimento web3.
Embora o transporte seja um setor que ainda não explorou as infinitas capacidades quando se fala em iniciativas envolvendo a pilha de tecnologias da web3, outra empresa que desde 2019 já vem flertando com a ideia de compartilhamento de carros tokenizados via blockchain é a gigante Siemens.
O Eloop One Token (EOT), disponível para o público desde agosto de 2020, foi criado em um protocolo de blockchain, assim como uma plataforma inteira foi construída do zero – a “Token holder dashboard”.
Enquanto o token viabiliza uma remuneração a seus detentores com as receitas geradas pela frota tokenizada, a plataforma é usada como uma interface de usuário para vender tokens e para ler dados na blockchain.
Aqui, é importante destacar que a venda de tokens EOT não se confunde com um ICO.ICO significa “”oferta inicial de moedas”” e refere-se a um método popular de captação de recursos para projetos cripto em estágio inicial.
Em uma ICO, uma startup baseada em blockchain cunha uma certa quantidade de seu próprio token digital nativo e o oferece aos primeiros investidores, normalmente em troca de outras criptomoedas, como bitcoin ou ether.
Assim, pode-se dizer que uma ICO é um tipo de crowdfunding digital, que permitem que as startups não apenas levantem fundos sem renunciar ao patrimônio, mas também estabelecerem uma comunidade de usuários que desejam que o projeto seja bem-sucedido para que seus tokens de pré-venda aumentem de valor.
Mas voltando ao nosso tópico, em contraste às ICOs, o token EOT não é vendido para levantar capital para o desenvolvimento de um produto ou serviço, mas é vendido para replicar em meio digital um produto já existente.
No caso, o produto já existente é a frota de Teslas e o serviço, o compartilhamento desses veículos.
A Eloop já adquiriu os carros que compõem a frota, e eles estão operacionalmente em uso de compartilhamento de veículos e geram receita.
Assim, ao adquirir tokens EOT, o usuário garante uma parte virtual das receitas da frota e dá ao token um contravalor real e elimina o caráter de um produto financeiro altamente especulativo, como era ou ainda é comum em muitas ICOs.
Nesta venda de token, um token Eloop One corresponde a um valor de 1,20 euros. A base de cálculo para isso são os veículos tokenizados subjacentes e a remuneração de participação resultante, ou seja, a divisão de lucros, para os detentores de tokens.
Quando novos, os carros têm um valor de aproximadamente 50.000 euros, sendo a expectativa de vida média de um carro compartilhado é de quatro anos. Como o EOT tem uma vida útil indefinida, o valor de um único carro foi avaliado mais alto.
A Eloop respalda o EOT mesmo depois que um carro tokenizado deixa o serviço, fazendo com que um carro equivalente tome seu lugar. Ora, isso é interessante, pois garante uma vida útil ilimitada e evita que o EOT perca seu valor equivalente. Tendo tudo isto em conta, o valor de um carro tokenizado desse lote inicial de 100 Teslas foi calculado em 85.000 EOT. Esse valor também determina a quantidade total de EOT disponível para venda, isto é, o fornecimento de tokens.
Esse é o número total de tokens Eloop One existentes. Esse número resulta da frota de veículos tokenizados. Cada vez que um veículo é tokenizado, o fornecimento de tokens aumenta. O status sempre pode ser verificado no painel do titular do token. O fornecimento de tokens aumentará no futuro à medida que mais veículos forem tokenizados.
De fato, isto altera a proporção das ações no fornecimento total dos detentores de tokens existentes. Mas, em contrapartida, garante uma melhor diversificação de riscos e maiores participações nos lucros, pois mais carros também geram mais receita adicional advinda do compartilhamento de veículos devido aos efeitos de rede.
O efeito de rede é um princípio de negócios segundo o qual, quanto mais pessoas usam um produto ou serviço, mais seu valor aumenta. O efeito de rede se aplica significativamente às plataformas digitais, desde a própria internet. Quando a internet se tornou mais amplamente utilizada, mais pessoas passaram a contar com ela para realizar trabalhos, aprofundar conexões pessoais, fazer pesquisas e outras funções.
A camada de transação e armazenamento de dados para a rede de infraestrutura física descentralizada (DePIN) dos veículos tokenizados é hospedada pela rede de blockchain Peaq, construída na Polkadot.
A Polkadot é uma plataforma que conecta redes privadas e de consórcio, redes públicas e não permissionadas, oráculos, dApps e tecnologias ‘futuras’ – que ainda não foram concluídas.
Ele é um sistema criado para facilitar uma internet em que blockchains independentes podem trocar informações e transações de forma confiável por meio da cadeia de retransmissão Polkadot (relay chain).
Ele é um protocolo que possui o objetivo de tornar mais fácil criar e conectar aplicativos, serviços e instituições descentralizadas.
A escolha da Polkadot para o projeto se deu por causa do aspecto da “”interoperabilidade”” e da necessidade de se criar um modelo econômico para incentivar especificamente os casos de uso relacionados à IoT.
Outra vantagem é a terceirização da segurança para a Polkadot, o que agrega muito valor ao produto.
Cada membro da comunidade (detentor do token) recebe acesso pessoal a um painel chamado token holder dashboard (THD) na qual todo o ecossistema pode ser gerenciado, e é fornecida uma visão completa das atividades dentro do sistema.
Todas as informações são coletadas nesse sistema e os valores atuais são alimentados. O painel de controle está sendo constantemente desenvolvido e complementado por outros valores e seu processamento gráfico.
Inicialmente, o foco está nos índices e nas funcionalidades mais importantes.
Além disso, o dashboard (painel de controle) serve como uma interface entre o ecossistema Eloop e a rede blockchain. Ele serve para visualizar as entradas na blockchain que são relevantes para o detentor do token em uma página e para simplificar a operação.
Para garantir total transparência, é possível visualizar as entradas na blockchain das respectivas viagens e o faturamento resultante diretamente por meio do painel.
Essa função é chamada de prova de blockchain no dashboard (painel). Com a ajuda desse explorador, os detentores de tokens também podem procurar outras entradas no registro da blockchain. O bloco de processamento e as taxas de transação também são indicados. O sistema insere cada viagem na rede blockchain assim que possível após sua conclusão. O status da entrada também é visível no painel.
Além disso, o dashboard funciona como uma plataforma de registro para novos clientes.
O pré-requisito para que um usuário possa usar todas as funções do painel é a conclusão bem-sucedida da verificação de identidade, que é posteriormente chamada de “”verificação KYC””.
Essa verificação ocorre na forma de uma chamada de vídeo. Durante a chamada, o usuário precisa de um documento de identidade válido com foto (de preferência um passaporte) e uma conexão estável com a internet.
O processo foi desenvolvido para documentos de identidade da União Europeia (UE). Cidadãos de países não pertencentes à UE devem se informar antecipadamente por e-mail sobre os métodos de verificação e compra.
Em caso de dificuldades técnicas, como falha na conexão, a chamada de vídeo pode ser repetida em outro momento.
Essa variante foi escolhida para garantir que sejam cumpridas as rígidas diretrizes austríacas de combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo – já que a sede da startup é em Viena – e fraudes sejam evitadas.
Se a verificação de KYC for bem-sucedida, os usuários terão acesso a todo o painel. Se a verificação for negativa, nenhuma nova verificação de KYC poderá ser realizada por motivos de segurança.
O lucro operacional que é compartilhado entre a Eloop e os detentores de tokens representativos dos veículos da frota é calculado a partir das receitas da viagem menos os custos operacionais.
Essas são as receitas geradas pelas viagens dos usuários. A taxa de registro ou as multas não estão incluídas. As receitas de todos os veículos tokenizados são somadas e imputadas na blockchain. Os usuários podem visualizar a chamada prova de blockchain de cada viagem individual por meio do THD.
As operações regulares de compartilhamento de veículos incorrem em diferentes custos mensais, que também variam de acordo com o modelo do veículo.Por isso, para padronização e uma melhor visão geral, foram usados custos médios arredondados para números inteiros.
O lucro operacional é dividido em 50/50 entre os detentores de tokens e a startup. Segundo a empresa, esse percentual é exigido para que ela possa compensar, pelo menos parcialmente, os custos de marketing e de pessoal incorridos na promoção e manutenção do serviço.
Ele também é usado para pagar os custos da verificação KYC e as taxas de transação que são devidas quando o EOT é transferido para a carteira do usuário.A distribuição é automatizada e ocorre diretamente após o processamento de uma viagem.
Um ponto interessante é a flexibilidade nos pagamentos, que são feitos mensalmente todo dia 15. Isto é, os usuários têm a opção de escolher se querem receber os ganhos em euros ou convertê-los em créditos de condução da startup.Esses pagamentos são feitos no dia 15 de cada mês e exigem um mínimo de 10 euros para que o saque seja efetuado com sucesso em sua conta bancária, sendo que os Ibans da UE não pagam nenhuma taxa, enquanto as transferências financeiras para fora da UE estão sujeitas a uma determinada taxa.
O conceito da Eloop foi desenvolvido pelos quatro fundadores em 2016. A startup está em operação desde 2019 e já superou vários obstáculos.
Do ponto de vista financeiro, o capital de risco foi levantado por meio de uma campanha de crowdinvesting dedicada e com a ajuda de investidores.
Além disso, a venda de tokens foi lançada no final de agosto de 2020, e pode ser considerada um sucesso.
No que diz respeito ao desenvolvimento de negócios, um serviço de compartilhamento de veículos eletrônicos com crescimento mensal foi estabelecido na segunda maior cidade de língua alemã, Viena.
O foco em 2023 tem sido:
1 – Expandir a frota de compartilhamento de carros.
Atualmente, ela consiste em cerca de 200 modelos da Tesla. A maioria deles são Tesla Model 3s e, desde março de 2023, também alguns Model Ys.
Espera-se que a proporção de modelos Y, em particular, aumente enormemente ao longo do ano. Essa diversificação da frota permite atender a diferentes necessidades de mobilidade.
2 – Expandir ainda mais a tecnologia em torno da tokenização e oferecê-la como uma solução de software no setor de mobilidade compartilhada.
Aqui, o espectro varia de micromobilidade (por exemplo, compartilhamento de scooters eletrônicas) a compartilhamento de carros. Há um grande interesse dos provedores de mobilidade e os primeiros projetos-piloto já estão em andamento. O plano de negócios de distribuição de software, em combinação com a criação de um ecossistema de mobilidade baseado em blockchain e gerenciado por tokens, representa um modelo de negócio rápido e internacionalmente dimensionável.
No caso do compartilhamento de veículos, o fluxo de receita é a renda gerada pelo aluguel da frota de veículos por meio do aplicativo. Para o componente de software, é uma combinação de taxas de configuração e receita recorrente.
É esperado que o curso de crescimento desse projeto continue rapidamente nos próximos anos.
A startup tem como meta ser operacionalmente ativa como um participante relevante em várias metrópoles europeias.
Mas, e você? Percebeu como é possível repensar o serviço de compartilhamento de veículos, desenvolvendo um modelo de negócio que une tecnologias como blockchain, identidade descentralizada, inteligência artificial, IoT e tokenização, aproveitando as inúmeras oportunidades em um ecossistema web3?
Conhecimento é poder! Nos vemos em breve!”