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Os desafios geracionais para uma gestão com mais ESG, mais propósito e mais consciência

Segundo estudo McKinsey, empresas com maior diversidade geracional em suas equipes de liderança têm 25% mais chances de superar seus concorrentes em termos de lucratividade. No entanto, isso depende de gerir bem as quatro gerações presentes no mercado de trabalho

Daniela Garcia
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O cenário empresarial contemporâneo tem sido fortemente influenciado pelos princípios de ESG, que refletem uma busca por responsabilidade ambiental, justiça social e práticas de governança transparente. E não será diferente em 2025. No entanto, um dos maiores desafios na implementação dessas premissas é lidar com as diferenças geracionais dentro das empresas. No Brasil e no mundo, quatro gerações estão presentes no mercado de trabalho: baby boomers, geração X, millennials e geração Z, cada uma trazendo valores, expectativas e formas de trabalhar distintas. Esse contexto multifacetado exige uma gestão mais consciente e inclusiva para garantir a efetivação dos objetivos ESG.

As dificuldades geracionais podem ser observadas principalmente na forma como as diferentes gerações encaram o trabalho. Os baby boomers e a geração X, por exemplo, tendem a valorizar a estabilidade e a progressão tradicional na carreira. Já os millennials e a geração Z buscam, cada vez mais, propósito no trabalho, flexibilidade e uma conexão clara com as causas sociais e ambientais. Uma pesquisa realizada em 2023 pela Deloitte mostrou que 77% dos millennials e da geração Z acreditam que as empresas devem priorizar práticas sustentáveis, em contraste com 50% dos baby boomers. Essa discrepância revela a necessidade de alinhar as expectativas intergeracionais para promover uma gestão mais coesa e alinhada ao ESG.

No Brasil, os desafios se intensificam devido a questões estruturais no mercado de trabalho e à alta desigualdade social. De acordo com um levantamento da Robert Half, 78% dos líderes brasileiros em 2022 relataram dificuldades em atender às expectativas dos funcionários mais jovens em relação à flexibilidade, enquanto as gerações mais velhas relutam em adotar novas tecnologias. Essas tensões geracionais podem criar um ambiente de trabalho menos colaborativo e engajado, dificultando a implementação efetiva de políticas de ESG nas empresas.

Ferramentas de inclusão de diversidade geracional

Apesar das tensões, estudos mostram que a inclusão e valorização da diversidade geracional podem trazer resultados expressivos. Uma pesquisa realizada pela PwC em 2022 revelou que empresas que adotam práticas inclusivas intergeracionais são 36% mais inovadoras e 45% mais propensas a apresentar uma governança corporativa robusta. Isso ocorre porque a combinação de diferentes pontos de vista e experiências gera soluções mais criativas e ágeis para os desafios empresariais, inclusive na esfera de ESG.

A inclusão geracional não apenas favorece a inovação, mas também melhora o desempenho financeiro. Um estudo da McKinsey de 2021 destacou que empresas com maior diversidade geracional em suas equipes de liderança têm 25% mais chances de superar seus concorrentes em termos de lucratividade. No Brasil, um exemplo positivo é o da Natura, que promove uma cultura inclusiva e intergeracional, estimulando o diálogo entre colaboradores de diferentes faixas etárias para aprimorar suas iniciativas sustentáveis.

Entre as soluções práticas para reduzir as tensões geracionais, uma das mais eficazes tem sido a implementação de programas de mentoria reversa, em que profissionais mais jovens ajudam os mais experientes a se adaptarem às novas tecnologias e tendências, enquanto aprendem sobre liderança e gestão. Grandes empresas globais, como a IBM, adotaram essa prática, resultando em uma maior retenção de talentos de diferentes idades e um ambiente de trabalho mais colaborativo e inovador.

A tecnologia também desempenha um papel crucial na superação das barreiras geracionais. O uso de plataformas digitais colaborativas, como Slack e Microsoft Teams, facilita a comunicação entre diferentes gerações e fomenta a criação de equipes mais integradas. No Brasil, o Magazine Luiza investiu fortemente em soluções digitais para melhorar a interação entre suas equipes diversas, promovendo um ambiente de inovação contínua e alinhado às práticas de ESG.

Além disso, as empresas estão cada vez mais percebendo a importância de uma liderança que incentive a diversidade de pensamento. De acordo com uma pesquisa da Accenture de 2023, 82% dos executivos acreditam que promover uma cultura de inclusão geracional é essencial para o sucesso de iniciativas ESG. Isso se traduz na criação de políticas que incentivem o diálogo entre gerações, o que não só fortalece a governança corporativa, mas também contribui para uma maior resiliência organizacional.

Por fim, é fundamental que as empresas invistam em treinamentos e iniciativas de conscientização que promovam o respeito e a valorização das diferenças geracionais. A promoção de um ambiente onde todas as gerações se sintam ouvidas e valorizadas é crucial para o sucesso das práticas de ESG. Empresas que conseguem alinhar suas metas de sustentabilidade, inclusão social e boa governança com uma gestão consciente e inclusiva são aquelas que estarão melhor preparadas para enfrentar os desafios globais do século 21.

Complexidade e oportunidade

Acredito que os desafios geracionais no contexto de ESG são complexos, mas também trazem uma enorme oportunidade para as empresas que souberem lidar com essas diferenças de maneira construtiva. A inclusão geracional não apenas fortalece a inovação e a governança corporativa, mas também cria uma gestão mais consciente e conectada com o propósito, resultando em empresas mais resilientes, éticas e preparadas para o futuro.

Links para as fontes que sustentam os dados mencionados no texto sobre os desafios geracionais no contexto ESG:

  1. Pesquisa da Deloitte (2023): Os dados sobre a preocupação de Millennials e da Geração Z com práticas sustentáveis, incluindo a preferência por empresas que priorizam a sustentabilidade, foram retirados de um levantamento global da Deloitte. A pesquisa destaca a relevância de alinhar valores empresariais às expectativas dessas gerações. Saiba mais
     esgtoday
    ps://www.esgtoday.com/over-40-of-gen-z-millennials-would-switch-jobs-over-climate-concerns-deloitte-survey/).
  2. Estudo da Robert Half (2022): As dificuldades enfrentadas por líderes brasileiros na conciliação de expectativas geracionais, como a flexibilidade para jovens e a resistência de gerações mais velhas à adoção de no​
    Deloitte United States
    oram baseadas em dados da consultoria Robert Half. Mais informações podem ser encontradas neste estudo.
  3. Relatório da PwC (2022): O im​
    Deloitte United States
    a inclusão geracional, como o aumento de 36% na inovação em empresas com práticas inclusivas, foi descrito no relatório global da PwC sobre diversidade e inovação. Detalhes completos estão disponíveis neste link.
  4. Relatório da McKinsey (2021): A correlação entre diversidade geracional nas lideranças e a probabilidade de maior lucratividade das empresas foi abordada em um estudo da McKinsey. Saiba mais sobre a análise aqui.
Daniela Garcia
Daniela Garcia é CEO do Capitalismo Consciente Brasil. Profissional com 30 anos de experiência em operações B2B2C, atuando nos três setores da economia. Diretora de Vendas e Atendimento Digital por duas décadas, especialista em estratégias digitais desde 1996. Estrategista focada em Customer Experience e ESG. Primeira mulher CEO do Capitalismo Consciente no Brasil, articuladora de negócios entre segundo e terceiro setor, especializada em desenho de projetos de impacto socioambiental. Sempre entusiasmada em continuar a jornada criando experiência e soluções inovadoras e socialmente responsáveis.

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