Segundo estudo McKinsey, empresas com maior diversidade geracional em suas equipes de liderança têm 25% mais chances de superar seus concorrentes em termos de lucratividade. No entanto, isso depende de gerir bem as quatro gerações presentes no mercado de trabalho
O cenário empresarial contemporâneo tem sido fortemente influenciado pelos princípios de ESG, que refletem uma busca por responsabilidade ambiental, justiça social e práticas de governança transparente. E não será diferente em 2025. No entanto, um dos maiores desafios na implementação dessas premissas é lidar com as diferenças geracionais dentro das empresas. No Brasil e no mundo, quatro gerações estão presentes no mercado de trabalho: baby boomers, geração X, millennials e geração Z, cada uma trazendo valores, expectativas e formas de trabalhar distintas. Esse contexto multifacetado exige uma gestão mais consciente e inclusiva para garantir a efetivação dos objetivos ESG.
As dificuldades geracionais podem ser observadas principalmente na forma como as diferentes gerações encaram o trabalho. Os baby boomers e a geração X, por exemplo, tendem a valorizar a estabilidade e a progressão tradicional na carreira. Já os millennials e a geração Z buscam, cada vez mais, propósito no trabalho, flexibilidade e uma conexão clara com as causas sociais e ambientais. Uma pesquisa realizada em 2023 pela Deloitte mostrou que 77% dos millennials e da geração Z acreditam que as empresas devem priorizar práticas sustentáveis, em contraste com 50% dos baby boomers. Essa discrepância revela a necessidade de alinhar as expectativas intergeracionais para promover uma gestão mais coesa e alinhada ao ESG.
No Brasil, os desafios se intensificam devido a questões estruturais no mercado de trabalho e à alta desigualdade social. De acordo com um levantamento da Robert Half, 78% dos líderes brasileiros em 2022 relataram dificuldades em atender às expectativas dos funcionários mais jovens em relação à flexibilidade, enquanto as gerações mais velhas relutam em adotar novas tecnologias. Essas tensões geracionais podem criar um ambiente de trabalho menos colaborativo e engajado, dificultando a implementação efetiva de políticas de ESG nas empresas.
Apesar das tensões, estudos mostram que a inclusão e valorização da diversidade geracional podem trazer resultados expressivos. Uma pesquisa realizada pela PwC em 2022 revelou que empresas que adotam práticas inclusivas intergeracionais são 36% mais inovadoras e 45% mais propensas a apresentar uma governança corporativa robusta. Isso ocorre porque a combinação de diferentes pontos de vista e experiências gera soluções mais criativas e ágeis para os desafios empresariais, inclusive na esfera de ESG.
A inclusão geracional não apenas favorece a inovação, mas também melhora o desempenho financeiro. Um estudo da McKinsey de 2021 destacou que empresas com maior diversidade geracional em suas equipes de liderança têm 25% mais chances de superar seus concorrentes em termos de lucratividade. No Brasil, um exemplo positivo é o da Natura, que promove uma cultura inclusiva e intergeracional, estimulando o diálogo entre colaboradores de diferentes faixas etárias para aprimorar suas iniciativas sustentáveis.
Entre as soluções práticas para reduzir as tensões geracionais, uma das mais eficazes tem sido a implementação de programas de mentoria reversa, em que profissionais mais jovens ajudam os mais experientes a se adaptarem às novas tecnologias e tendências, enquanto aprendem sobre liderança e gestão. Grandes empresas globais, como a IBM, adotaram essa prática, resultando em uma maior retenção de talentos de diferentes idades e um ambiente de trabalho mais colaborativo e inovador.
A tecnologia também desempenha um papel crucial na superação das barreiras geracionais. O uso de plataformas digitais colaborativas, como Slack e Microsoft Teams, facilita a comunicação entre diferentes gerações e fomenta a criação de equipes mais integradas. No Brasil, o Magazine Luiza investiu fortemente em soluções digitais para melhorar a interação entre suas equipes diversas, promovendo um ambiente de inovação contínua e alinhado às práticas de ESG.
Além disso, as empresas estão cada vez mais percebendo a importância de uma liderança que incentive a diversidade de pensamento. De acordo com uma pesquisa da Accenture de 2023, 82% dos executivos acreditam que promover uma cultura de inclusão geracional é essencial para o sucesso de iniciativas ESG. Isso se traduz na criação de políticas que incentivem o diálogo entre gerações, o que não só fortalece a governança corporativa, mas também contribui para uma maior resiliência organizacional.
Por fim, é fundamental que as empresas invistam em treinamentos e iniciativas de conscientização que promovam o respeito e a valorização das diferenças geracionais. A promoção de um ambiente onde todas as gerações se sintam ouvidas e valorizadas é crucial para o sucesso das práticas de ESG. Empresas que conseguem alinhar suas metas de sustentabilidade, inclusão social e boa governança com uma gestão consciente e inclusiva são aquelas que estarão melhor preparadas para enfrentar os desafios globais do século 21.
Acredito que os desafios geracionais no contexto de ESG são complexos, mas também trazem uma enorme oportunidade para as empresas que souberem lidar com essas diferenças de maneira construtiva. A inclusão geracional não apenas fortalece a inovação e a governança corporativa, mas também cria uma gestão mais consciente e conectada com o propósito, resultando em empresas mais resilientes, éticas e preparadas para o futuro.
Links para as fontes que sustentam os dados mencionados no texto sobre os desafios geracionais no contexto ESG: