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GESTÃO 8 min de leitura

Liderança regenerativa como antídoto para a solidão

Nesse modelo, o líder constrói conexões autênticas e colaborações, reconhecendo que ninguém é bom sozinho

Relevant Leaders
17 de fevereiro de 2025
Liderança regenerativa como antídoto para a solidão
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Ultimamente, tenho ouvido falar bastante sobre a solidão dos líderes e fiquei pensando: será que realmente a liderança precisa estar associada à solidão? Pessoalmente, acredito que existem formas de liderar de maneira colaborativa e conectada.

Então continuei aprofundando de onde viria essa ideia e comecei a refletir se, tecnicamente, os líderes tendem a estar rodeados de pessoas, geralmente envolvidos em projetos desafiadores e com acesso a espaços formais de troca. Conversando com colegas, surgiu o olhar que, no imaginário social, muitas vezes, o conceito de líder é descrito e visto como figura sobre-humana, um super-herói corporativo que pouco falha. A liderança é idealizada como sinônimo de força, confiança e resiliência, e a explicitação de emoções vulneráveis pode ser vista como fraqueza, mas eu acredito exatamente no contrário.

A solidão não tem a ver com ausência de companhia física e sim com fatores como a necessidade de manter o alto desempenho e ser um modelo a seguir. Aqui gostaria de destacar a oportunidade de fortalecer a colaboração e a confiança ao compartilhar responsabilidades em momentos críticos.

É um fenômeno que levanta várias reflexões, mas resisto a aceitar que a solidão é inevitável, assim como penso que o trade off não precisa ser um jogo de soma zero. A pergunta que devemos construir é: como podemos mitigá-la e qual o impacto a longo prazo dessa dinâmica para o bem-estar organizacional e o futuro das empresas, e, claro, dos líderes? Enxergo um bom caminho para experimentar uma abordagem que transcende o modelo tradicional com interdependência e a criação de valor coletivo.

A liderança regenerativa como antídoto

Seguindo esse contexto e no centro do debate sobre a solidão, acredito que o conceito e a prática de liderança regenerativa aparecem como promissores. O conceito é relativamente novo – ganhou destaque nos anos 2000 e hoje emerge com mais força.

Essa perspectiva propõe uma forma de liderança focada na sustentabilidade para criar interações positivas entre organizações e o sistema socioecológico. Seu principal objetivo é alinhar a gestão organizacional com princípios de empatia e propósito e incentivar práticas que beneficiem tanto os negócios quanto a sociedade e o meio ambiente. Mas o que significa isso na prática e como pode ajudar na criação de valor? 

Embora seja uma perspectiva recente e ainda em desenvolvimento, a liderança regenerativa apresenta princípios-chave. Entre eles, apoiar as equipes no alcance de seu potencial máximo, entendendo o propósito não só da organização, mas também das pessoas; focar no desenvolvimento pessoal dos colaboradores; estimular um ambiente de confiança e apoio; e criar relações saudáveis no ecossistema organizacional, com o objetivo de contribuir positivamente para o mundo.

Esses princípios vão além de uma abordagem funcional e são sustentados por um processo de aprendizado mútuo, em que tanto o líder quanto os liderados aprendem uns com os outros e com o ambiente. Também se pautam por uma revalorização das dinâmicas ancestrais e da natureza. Esse ciclo de influências e experiências práticas fomenta o crescimento coletivo e a construção de uma cultura organizacional resiliente e adaptável, alinhada aos valores de empatia e responsabilidade social.

Diante dos obstáculos e desafios, líderes regenerativos adotam uma postura contínua de aprendiz reflexiva e meditativa, o que prioriza decisões mais conscientes em vez de respostas reativas. Eles reconhecem que o sucesso de todos depende de um ambiente de confiança e apoio mútuo, onde o desenvolvimento pessoal e coletivo é estimulado.

O líder regenerativo constrói conexões autênticas e colaborações, reconhecendo que ninguém é bom sozinho. Esse modelo poderia ser descrito como uma forma de “inteligência relacional”, que valoriza a interdependência e a força coletiva.

Na minha experiência nas áreas de inovação e sustentabilidade, eu tive (e tenho) o privilégio de poder experimentar isso no meu dia a dia. Os desafios que enfrentamos são multifacetados e não podemos (nem queremos) pensar em resolvê-los sozinhos. Essa visão compartilhada sobre o valor que precisamos gerar cria uma união que vai além da pressão pelos resultados. 

Construindo relações regenerativas

Nós, líderes, temos mais possibilidades de alcançar melhores resultados ao atuar de forma colaborativa e adotar uma abordagem regenerativa por meio de práticas que viabilizem conexões e fortaleçam a resiliência, sempre baseados na importância de ter uma visão sistêmica.

Círculos de confiança – grupos de apoio formados por outros líderes que compartilham desafios, aprendizados e perspectivas – criam um espaço seguro para trocas de experiências. A mentoria e o peer coaching – processo de aprendizagem colaborativa em que colegas se apoiam mutuamente – permitem relações de aprendizado mútuo que desenvolvem habilidades e ampliam a capacidade de colaboração através da abordagem de desafios em conjunto.

Sejamos sinceros: embora os desafios possam continuar, é importante ter um propósito claro e mecanismos para descomprimir e dividir responsabilidades de maneira equilibrada. 

Outro elemento transformador é a cocriação com equipes, em que os líderes incluem ativamente suas equipes nos processos decisórios estratégicos compartilhando e inspirando o propósito e a conexão desse propósito com cada um. Essa abordagem aumenta o sentimento de pertencimento e fomenta a colaboração e a inovação.

Paralelamente, reservar momentos para práticas de reflexão e empatia é indispensável. Isso significa criar espaço para introspecção, compreender melhor as próprias emoções e cultivar relações empáticas e genuínas uns com os outros.

Para um futuro sustentável, líderes conectados

A liderança está se transformando. Hoje, ela precisa se basear em relacionamentos genuínos, colaboração e compromisso mútuo, além de vulnerabilidade e compaixão.

O nosso papel como líderes regenerativos é sermos catalisadores de conexões humanas e um modelo de equilíbrio em que os resultados estão diretamente ligados ao bem-estar: das pessoas, das comunidades, do meio ambiente. Não há realização genuína que seja alcançada de forma solitária. O futuro da liderança reside na força coletiva que emerge da colaboração e do cuidado mútuo. Ao abraçar a vulnerabilidade e construir conexões, nós nos fortalecemos e ajudamos a regenerar os sistemas de impacto. Afinal, liderar sozinho não é sustentável — e, no futuro, será impossível.


Artigo escrito por Ornella Nitardi, destaque geral do Prêmio Relevant Leaders 20204.

É gerente sênior de inovação aberta, ecossistemas digitais e insights da BASF e head do Centro de Experiências Científicas e Digitais da BASF na América do Sul. Formada em relações internacionais e ciências políticas pela Universidade Torcuato di Tella (Argentina), pós-graduada em gestão da inovação e prospectiva tecnológica na Universidade Austral (Argentina) e mestre em sustentabilidade, atua há 18 anos com inovação aberta, relações públicas, comunicação e sustentabilidade. É certificada como facilitadora de metodologias ágeis pelo International Consortium for Agile.

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