Fuja do viés dos cases de sucesso de empreendimentos inovadores, estudando cases de insucesso. Começamos uma série – com um software de acompanhamento de roadmaps
No meu último artigo abordei a necessidade de expormos mais os erros do que os acertos. Olharmos mais a fundo cases e histórias de negócios que falharam ao invés de focarmos somente nos cases de sucesso, difíceis de reproduzir, pois são, geralmente, fora da curva e contam com uma boa dose de sorte e fatores contextuais inexplicáveis pela lógica.
Poucos estão dispostos a abrirem este lado de suas carreiras e seus negócios, afinal, falar sobre o que não foi pra frente não é visto com bons olhos.
Neste ponto, recomendo a leitura do artigo Survivorship Bias (Viés de sobrevivência) neste link (original, em inglês). Nele, David McRaney escreve com inúmeros exemplos detalhados sobre o erro de lógica quando nos concentramos apenas nas pessoas, cases e exemplos que passaram pelo processo duro de seleção e sobrevivência, sem levar em conta todo o aprendizado dos que não sobreviveram.
Contrariamos os fatos – de que se aprende mais com cases de insucesso! — pois os projetos que falharam geralmente tem zero visibilidade, seja na mídia, palestras, livros, etc. O viés de olhar somente para o que funcionou / teve sucesso pode levar a falsas conclusões e aprendizados.
Dando continuidade ao tema, a minha ideia é abrir com maiores detalhes todos os negócios ou projetos que fundei e que não foram pra frente. Compartilhar a minha parcela de insucessos e aprendizados.
Hoje falo do roadmappe.com, um software que criei há oito anos para acompanhamento de roadmap (uma gestão de projetos focada em entregas trimestrais de produtos digitais).
Eu estava no bomnegócio.com (marketplace de classificados que depois se fundiu à OLX em 2016) e a nossa equipe de produto crescia a um ritmo bastante acelerado. Eu sentia dificuldade em ter uma visão dos principais itens a serem entregues em cada trimestre. Na época, Jira, Trello e afins não eram tão populares ou ainda não tinham a abrangência de funcionalidades que têm hoje (atualmente, se cria roadmap com facilidade no Jira, Asana, Monday.com).
Refletindo agora, talvez até existissem ferramentas relevantes, mas eu, com a facilidade que tinha de design e desenvolvimento de produto, achei que era mais fácil fazer minha própria plataforma. Em uma semana projetei um MVP (produto mínimo viável – uma versão mais simples e relevante para o mercado) e a enviei para desenvolvedores da minha rede trazerem os designs à vida. R$ 7.500 de investimento.
Três semanas depois tinha um produto na mão. MVP! Agile! Vai pra rua, AJ! 😉
Eu ainda iria explorar e falhar bastante nas “”águas”” dos softwares para gestão de empresas e projetos. Falhas novas, pelo menos! Mas isso é assunto para um próximo case de insucesso… ;)”