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O papel da inovação durante a pandemia

Não há mais um jeito “normal” de fazer as coisas – você precisa começar de uma tela vazia. Conheça dez maneiras bem práticas de inovar

Ricardo Ruffo
29 de julho de 2024
O papel da inovação durante a pandemia
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O mundo que conhecíamos até o início de 2020 não existe mais. Em 2020, estamos vivendo um trauma significativo no nível social e a maior crise de nossa geração desde a grande depressão – uma pandemia global e generalizada, sem data final à vista. 

Muitos ainda pensam que a vida voltará ao normal nos próximos meses ou nos próximos anos. Felizmente, ou infelizmente para alguns, a vida como a conhecíamos até o início de 2020 pode ter desaparecido para sempre. Esse momento é a aceleração de centenas de tendências ou sinais fracos que por muitos anos foram percebidos por poucos e agora talvez estejam se tornando o novo normal.

Possivelmente muitos problemas do seu negócio vão crescer durante a pandemia, tais como uma proposta de valor não muito clara, um produto que não está atendendo às necessidades do cliente, uma organização ineficiente e ainda não digitalizada, a ausência de receita de produtos digitais, a concentração de receitas em um ou poucos produtos ou modelos de negócio. Todos esses problemas tendem a ficar mais explícitos.  Por outro lado, seus clientes estarão comprando e consumindo apenas o que é importante para eles, o que ainda é relevante para o ambiente contextual nos dias de hoje. 

A boa notícia é que é mais fácil identificar oportunidades e resolver problemas agora do que antes, quando estavam mascarados pelo véu da normalidade. Estamos vivendo em um cenário extremo, e as necessidades são agudas. Metaforicamente, pense em como é fazer um bolo pela primeira vez em tempos normais e como terá de ser agora, durante uma pandemia. Em tempos normais, seguimos as etapas tradicionais, como seguir uma receita, observar, conversar com alguém experiente a respeito, antes tentar fazer sua versão de um bolo. Agora, durante uma pandemia, quando tudo é desconhecido, você tem de tentar criar o seu jeito de fazer bolo, tem de tentar coisas novas antes mesmo de saber o que está fazendo.

Sugerimos dez maneiras práticas de começar a fazer isso: 

1. ADAPTAR E TRANSFORMAR COMO LEMA

Proteger seu negócio essencial não será suficiente. Não o será para sobreviver no curto prazo, e também não o será para acompanhar o ritmo do mundo em rápida mudança. Mais do que nunca, precisamos inovar, mas isso não significa agir em desespero e sim agir com um certo senso de urgência. As organizações precisam de velocidade, e não de pressa. Existem muitas ferramentas e tecnologias disponíveis para isso.

Adapte seus produtos, seu time, sua comunicação, transforme qualquer coisa que não esteja mais funcionando. Seja sensato, mas seja rápido ao mesmo tempo. 

2. SEGURANÇA PSICOLÓGICA IMPORTA

Você precisará de seus funcionários. Certifique-se de que eles entendam esse novo contexto emergindo no horizonte. Mostre a crise como um problema de aprendizado, não um problema de execução. Deixe o desafio explícito, demonstre a incerteza e compartilhe que não estivemos aqui antes.

3 . LUTE CONTRA A INÉRCIA

Diferentemente do que acontecia antes, hoje o custo de planejamento é maior que o custo de experimentação. A inovação é um catalisador de crescimento no novo prazo, afinal. Líderes e gestores devem lutar contra a inércia; devem ter uma intenção e dar a direção. Durante a turbulência, inércia não é uma opção. Fomente a ação, o movimento e o avanço para eliminá-la – e isso vai ajudar a levantar o moral da tropa. 

4. EXPLORE SEUS ATIVOS OCULTOS!

Gerenciar seus balanços e fluxo de caixa é crucial para prosperar durante esta crise. Mas, antes de planejar reduzir o tamanho da sua organização, explore seus ativos ocultos. Os funcionários existentes precisam entender como eles se encaixam na nova realidade. Todas as funções devem ser revisadas para garantir que o impacto desejado seja gerado. Fomente e treine suas equipes, realoque-as para gerar novo valor. Redefina papéis e tarefas. Em suma, explore talentos ocultos redirecionando seus funcionários.

5. CRIE NOVAS NARRATIVAS

A narrativa é uma forma de representar e comunicar significado. Usamos a narrativa como um meio de organizar experiências e compreendê-las. Ela nos ajuda a visualizar o futuro e a garantir motivação para a ação. Fornece o caminho como uma tela vazia para seus funcionários sonharem com as possibilidades de preenchê-la. A realização de narrativas criadas nos faz gerar progresso. Criar uma narrativa para seu negócio não significa criar uma utopia, ou algo inalcançável, mas um visão onde a imaginação e a esperança estão ativas e vivas.

6. TESTE UM NOVO PRODUTO

Vá aonde o mercado te levar. Explore e descubra necessidades centradas no ser humano e construa suas ideias em torno disso. Não lute contra o mercado. Concentrar-se apenas nas soluções existentes pode restringir sua capacidade de explorar novos mercados. No mundo digital, projetar novas estratégias e testar novos produtos é incrivelmente fácil. 

Faça a engenharia reversa das ideias de negócios de suas futuras narrativas e cocrie novos produtos e serviços passo a passo para o futuro. Crie suas soluções para que essa sua visão de futuro possa se tornar viável.

7. APRENDA ATRAVÉS DE AQUISIÇÕES

Você não pode criar tudo. Pode haver uma solução no formato de um produto, serviço, ou uma nova tecnologia lá fora que esteja totalmente conectada com sua narrativa e visão de futuro. Não perca seu tempo controlando todos os detalhes. Um risco compartilhado é um risco dividido pela metade. Mapeie e explore o ecossistema de startups. Adquira uma startup ou tecnologia que possa acelerar seu aprendizado para resolver parte ou o seu problema como um todo.

8. ABRACE A COLABORAÇÃO RADICAL

Em todo o mundo, a maneira como as pessoas se conectam e colaboram está passando por uma transformação surpreendente como resultado de uma ideia: abertura digital radical. 

A abertura radical fomenta a diversidade, o que possibilita infinitas novas interações para o seu negócio. A colaboração está entrelaçada com a diversidade, que por sua vez está enraizada na abertura digital. Há um mundo de possibilidades na interseção de abertura, diversidade e colaboração. Quanto mais, melhores as possibilidades. Não há mais limites.

9. REPERTÓRIO IMPORTA

A grande maioria acredita e argumenta que as pessoas não gostam de mudanças e tendem a resistir a elas. Mas, nesse contexto, as pessoas são notavelmente adaptáveis. A força motriz da mudança é o aprendizado. Quanto mais aprendemos, mais você liga os pontos de diferentes maneiras. Seu repertório e o repertório da sua equipe são os ingredientes que você tem para fazer o(s) novo(s) bolo(s). Tente conhecer mais sobre diferentes produtos, diferentes modelos de negócio, tecnologias e soluções criativas. Estimule a expansão de repertório através de cursos, contatos com expertises e experiências diferentes e ao fazer coisas que nunca foram feitas antes.

10. TORNE-SE UMA ORGANIZAÇÃO CENTRADA NA SOCIEDADE

Parte dessa nova perspectiva significa tornar-se confortável com a complexidade. O que isso significa? Isso significa projetar com nossos usuários em mente, mas também pensar no impacto mais amplo de nosso produto ou serviço. Quais são as outras camadas da sociedade que cercam nosso usuário e quais são os efeitos de fluxo desse novo serviço, produto ou processo? Tornar-se centrado na sociedade significa adotar uma abordagem holística, criar uma responsabilidade e uma atuação coletivas, projetar um sistema que funcione para todos os atores e assumir a responsabilidade por todas as interações e impactos que seu design possa implicar. Simplesmente comece. Agora. Crédito da imagem: Shutterstock

Ricardo Ruffo
Ruffo é cofundador e CEO global da Echos Innovation Lab, um laboratório de inovação independente impulsionado pelo design, que liderou projetos de inovação para o Google, Abbott, Faber-Castell e outros. A Echos possui três unidades de negócios: Escola Design Thinking, que ajuda a formar a nova geração de inovadores em três países (Brasil, Austrália e Portugal), a Echos - Innovation Projects e a Echos - Ventures. Este texto contou a colaboração de Juliana Proserpio, chief designer officer e cofundadora da Echos.

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