Para ser um fator competitivo nas empresas, a cultura deve ser manifestada através dos colaboradores. Entretanto, não se pode negar a importância de ritos, valores, símbolos e propósitos organizacionais nos processos de transformação cultural
Muita gente ainda pensa que cultura é ter os valores organizacionais pintados na parede, um dress code diferenciado e escritórios descolados. Há quem olhe para organizações como Google, Amazon, Nubank e pense: “puxa, que cultura legal, vou fazer isso na minha empresa”. No entanto, estes são apenas alguns dos símbolos que compõem uma cultura capaz de se tornar um verdadeiro diferencial estratégico num negócio. Entretanto, para atingir um bom nível de maturidade, é preciso olhar para muitos elementos.
Basicamente, a cultura é forjada por um propósito, missão, visão, valores, artefatos, símbolos e rituais de uma organização. Trata-se de um sistema que ajuda a direcionar os colaboradores a trabalharem seguindo os mesmos comportamentos, com o objetivo de mitigar o risco de tomadas de decisão equivocadas, ajudando a minimizar os conflitos e erros.
Repetindo uma metáfora que a sócia da Stone e empreendedora na área de pessoas, Livia Kuga, usou em uma live sobre o tema, podemos dizer que a cultura é a luz de emergência que se acende e permite que a empresa e seus funcionários saibam para onde estão indo quando, por algum motivo, tudo ao redor está escuro. Quando implementada com sucesso e usada de forma estratégica, torna-se uma importante ferramenta para a geração de melhores resultados e um grande diferencial competitivo.
Chegar a esse estágio requer mais do que frases nos muros. Vamos discutir agora como construir uma cultura capaz de aumentar o engajamento dos colaboradores e alavancar o crescimento.
Richard Barrett, uma das referências em cultura organizacional, demonstra que grandes culturas não surgem por acaso. É preciso trabalhar suas bases e envolver as pessoas para obter uma boa performance. Esse processo requer esforços em alguns pilares:
– Propósito: frase transformacional e inspiradora explicando o “”porquê”” da empresa;
– Valores: princípios de liderança que ajudam a definir os comportamentos esperados na ausência de um líder;
– Artefatos: estruturas e processos organizacionais que as pessoas podem ver e vivenciar no dia a dia da empresa. São, por exemplo, processos, documentos e políticas organizacionais;
– Rituais: atividades que demonstram e reforçam a cultura em momentos específicos, como eventos, premiações e festas;
– Símbolos: representam a comunicação não-verbal da cultura, como objetos, dress code, cores, etc.
Seguindo com o exemplo da Stone, alguns de seus artefatos são as reuniões de “one on one” de alinhamento e feedback, que consideram pilares relacionados à cultura no momento da avaliação de desempenho. Também há diversos rituais, como o StoneCamp, reunião semestral dos líderes, e o Stone up, celebração que acontece no início do ano e que também tem o propósito de alinhar as estratégias para o período.
Os símbolos estão nos escritórios, que foram 100% projetados para transparecer os valores e a cultura da empresa, e no próprio dress code que, por ser mais casual, simboliza que a empresa não julga o profissional pela aparência, mas sim pelo resultado.
Para um dos fundadores da Stone, André Street, o segredo para o estabelecimento de uma cultura forte está na “repetição, repetição, repetição”. Afinal, se você para de falar, a tendência é que as pessoas parem de escutar. O dia a dia em uma empresa costuma ser bastante turbulento e, se não há reforço constante dos valores e crenças, as pessoas simplesmente param de ir para aquela direção.
Posto de outro modo, para ser sólida, a cultura precisa ser comunicada a todo momento, de várias maneiras, desde o processo de recrutamento e seleção, passando por uma liderança inspiradora no dia a dia e pelas avaliações de desempenho, até (quem sabe?) o desligamento. Assim, é preciso enraizá-la nos funcionários, torná-la uma vivência diária. Todas as oportunidades de destacar crenças e valores devem ser bem aproveitadas.
Todo o trabalho para consolidar a cultura é recompensado, pois ela pode se transformar em uma das principais vantagens competitivas de uma empresa. Afinal, quando todos os colaboradores a compreendem e passam a andar na mesma direção, a empresa ganha foco e alinhamento. A busca por um mesmo propósito guia as decisões e reduz a chance de desvios na rota, o que torna toda a gestão muito mais efetiva e direcionada à geração de resultados positivos.
Além disso, a cultura é singular e não pode ser replicada – diferentemente de uma estratégia de negócios ou mesmo uma tecnologia que não seja patenteada. É impossível copiar a cultura de uma organização, pois seus valores, comportamentos e rituais são únicos.
Lembre-se: a cultura não se propaga pelas paredes, mas sim pelas pessoas. Se elas não entendem a cultura, não têm como seguir na direção que ela aponta. Todavia, quando há sinergia, os processos fluem e o alto desempenho vem naturalmente.
Por isso, seja o protagonista na construção de sua cultura. Aproprie-se de seu propósito, valores, artefatos, rituais e símbolos e crie uma base sólida para criar uma vantagem competitiva capaz de gerar resultados de alto impacto.
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