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Animados com a IA, preocupados com os dados

Tradicional pesquisa de virada de ano dos EUA sobre inteligência artificial e dados nas empresas mostra que a IA disparou no período pandêmico, mas a cultura data-driven não

Thomas Davenport e Randy Bean
30 de julho de 2024
Animados com a IA, preocupados com os dados
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Todos os anos, em dezembro e janeiro, a NewVantage Partners (NVP) realiza uma pesquisa com executivos de dados e tecnologia em grandes empresas, em unidades localizadas principalmente nos EUA. Todos os anos, nós (os dois autores deste artigo) colaboramos na análise e interpretação dos resultados. E a cada ano, nos perguntamos por que os resultados da pesquisa sugerem que certos aspectos do ambiente de dados não estão melhorando mais rápido ou por que às vezes até pioram. Os executivos geralmente são bastante otimistas (bullish no linguajar de Wall Street, daí o touro que ilustra este artigo) em relação à tecnologia, mas bastante pessimistas (bearish) em relação a se/quanto suas organizações estão ficando mais orientadas a dados. Eles também expressam preocupações sobre as funções executivas responsáveis por tornar o ambiente de dados de sua empresa melhor – mais frequentemente, a função de diretor de dados (CDO, na sigla em inglês). Preocupam-se com suas oportunidades (ou não) de desempenhar realmente bem.

Nosso exercício de escrever – e o seu, de ler – sobre esses resultados costuma ser um pouco deprimente. Mas a pesquisa de 2021, ao contrário, foi encorajadora, e por vários motivos: uma taxa de participação mais alta do que nunca (85 grandes empresas responderam), a ausência de grandes problemas relativos à covid-19 para as empresas pesquisadas, o otimismo inesperado dos respondentes em relação à tecnologia e algumas pequenas melhorias nas perspectivas sobre a função executiva de dados. Claro, os desafios de mudar o comportamento humano e a cultura organizacional permanecem substanciais. Para citar apenas um resultado da pesquisa que ilustra o problema, 92% dos entrevistados atribuíram a principal responsabilidade no desafio “de se tornar orientado por dados” a “pessoas, processos de negócios e cultura”, com apenas 8% identificando a tecnologia como culpada. Essa resposta permaneceu constante ao longo de vários anos de pesquisas.

Nos últimos anos, a pesquisa avaliou o sucesso das empresas na categoria combinada de big data e IA. Este ano, uma porcentagem impressionantemente alta – 96%, mais de 25% em relação ao ano anterior – disse que suas organizações alcançaram resultados bem-sucedidos. Quase o mesmo número, 92%, relatou que o ritmo de investimento em big data / IA estava acelerando – até 40% quando comparado a dezembro de 2019 e janeiro de 2020. No geral, 81% estão otimistas sobre o futuro desses recursos em suas organizações.

Ficamos agradavelmente surpresos com essas descobertas, uma vez que muitas pesquisas e organizações de pesquisa de mercado vêm sugerindo que a implantação de produção de sistemas de IA era um problema significativo. Na pesquisa NVP, o percentual relatando que os aplicativos de IA estão em produção atingiu 77%. Ainda que a maioria relate ser apenas uma produção limitada, isso parece ser uma evidência de que o período experimental da IA está chegando ao fim e que mais empresas estão colocando a IA para funcionar em seus negócios.

As descobertas otimistas da pesquisa NVP são consistentes com pelo menos duas pesquisas globais: a “State of AI in Enterprise”, da Deloitte, de 2020, e a pesquisa de IA da McKinsey em 2019. A primeira combinou com a informação positiva sobre a IA – 75% dos executivos de TI entrevistados disseram esperar uma significativa transformação organizacional resultando da IA em três anos – e essa expectativa estava 18 pontos percentuais acima daquela da pesquisa de 2018. A segunda pesquisa jogou luz sobre os limites para aimplantação de IA nas companhias (limites esses que têm a ver com os dados): embora 58% dos executivos entrevistados tenham relatado ao menos uma implantação bem-sucedida em produtos ou processos, apenas 30% dessas empresas usaram IA em várias unidades de negócios e funções.

Desafios para os executivos de dados

Na pesquisa NVP para 2021, 76% dos entrevistados eram CDOs ou responsáveis por analytics ou ambos – os CDAOs (diretores de dados e analytics). A função de CDAO está proliferando em muitas organizações nos Estados Unidos. Embora esses executivos sejam claramente positivos e otimistas em relação às tecnologias que supervisionam, mas eles estão menos entusiasmados com suas próprias funções. Pouco menos da metade dos entrevistados, por exemplo, disse que o executivo-chefe de dados é o principal responsável pelos dados em suas organizações; outro quarto disse que não há um ponto único de responsabilidade.

Uma vez que os dados são um recurso difuso que é difícil de gerenciar, não é surpreendente que os executivos de dados estejam tendo desafios com eles. Acreditamos que esse seja um dos motivos pelos quais mais CDOs também estão assumindo responsabilidades de analytics (e inteligência artificial) se tornando CDAOs. É mais fácil mostrar valor para a organização com análises e aplicativos de IA do que com esforços de gerenciamento de dados. A pesquisa fornece algum suporte para isso, com 70% dos entrevistados indicando que as iniciativas de orientação a dados para “ataque” (de marketing, vendas e quaisquer aplicações de geração de receita) são mais importantes do que as que visam a “defesa” (como questões regulatórias e de conformidade e minimização de riscos). Isso é consistente com o que muitos executivos de dados nos dizem que estão focando.

A prevalência de CDOs aumentou acentuadamente ao longo dos anos em que NVP conduziu a pesquisa, mas o histórico mais desejável para os recém-chegados ao trabalho tem sido altamente variável ao longo do tempo. A pesquisa pergunta se o perfil de um CDO de sucesso é um “”agente de mudança externo ou outsider””, um “”executivo de linha com responsabilidade pelos resultados de negócios”” ou um “”veterano ou insider da empresa””. A cada ano, as respostas a essa pergunta variam de um perfil para outro. Este ano, o maior grupo defendeu “agente de mudança externo ou outsider”, mas ninguém sabe se esse atributo persistirá ao longo do tempo. Simplesmente, há pouca clareza sobre que tipo de experiência é mais adequado para a função de executivo-chefe de dados.

Talvez o melhor indicador da natureza problemática da liderança de dados seja que apenas um terço dos entrevistados sente que a função de CDO é “”bem-sucedida e estabelecida””. Pouco menos da metade dos entrevistados sentem que a função ainda é “nascente e em evolução”. Cerca de 18% descrevem a situação como uma “luta contra a rotatividade”. É uma boa notícia que o sentimento de que a função é bem-sucedida e estabelecida tenha aumentado cerca de 5% em relação ao ano passado, e a sensação de que a função está lutando contra a rotatividade diminuiu na mesma porcentagem. Do nosso ponto de vista, ainda vemos mandatos relativamente curtos no cargo em muitas empresas, mas os CDOs que saem sempre parecem encontrar outros empregos rapidamente.

# Algumas empresas acharam o caminho

Claramente, algumas empresas estão progredindo nessas questões desafiadoras de dados. Embora com uma frequência relativamente baixa, encontramos companhias que estão estabelecendo culturas data-driven e/ou que criaram funções de CDO ou CDAO duradouras e eficazes. Algumas até descobriram como tornar os dados um ativo comercial que gera receita. Nos próximos meses, publicaremos descrições dessas empresas de sucesso aqui na MIT Sloan Management Review, junto com os problemas gerais que elas conseguiram resolver. Esperamos que essas histórias ajudem outras organizações a acelerar seu progresso para se tornarem orientadas por dados com fortes estruturas de governança.”

Thomas Davenport e Randy Bean
Thomas H. Davenport é professor de tecnologia da informação e gestão do Babson College, professor visitante na Saïd Business School de Oxford e membro da iniciativa MIT sobre economia digital. Randy Bean é CEO da NewVantage Partners e autor do livro *Fail fast, learn faster: Lessons in data-driven leadership in an age of disruption, big data, and AI* (Wiley, 2021).

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