Webinar realizado pela Anpei compara Brasil com outros países em inovação: o Brasil se destaca em aspectos como cultura corporativa, mas perde em supply chain e na geração de emprego e competências da indústria 4.0
“Existem muitas maneiras de olhar o nível de maturidade de um país e de suas empresas no cenário global da transformação digital. No Brasil, parte desse trabalho é realizado pela Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), que discutiu na última quinta-feira qual é a posição das organizações brasileiras na implementação de processos da indústria 4.0 frente aos demais países do globo em webinar coberto pela MIT Sloan Review Brasil.
Os dados foram coletados pela Fraunhofer IPK, um instituto alemão que trabalha com pesquisa aplicada voltada aos estudos de sistemas de produção e inovação. As informações da pesquisa mostram que o Brasil acompanha as tendências de transformação digital de outros países quando o assunto é liderança, cultura corporativa e tecnologia.
Por outro lado, o País expõe suas vulnerabilidades de transformação digital na geração de cadeia de valor, especificamente de suprimentos e networking. A geração de empregos e competências da indústria 4.0, bem como o desenvolvendo de produtos e serviços, são gargalos que as organizações brasileiras estão encarando atualmente.
No webinar realizado pela Anpei, os dados da Fraunhofer IPK foram apresentados por pesquisadores do instituto alemão que elencaram o nível de maturidade de transformação digital por meio de sete dimensões. A imagem abaixo detalha as notas atribuídas pela Fraunhofer IPK ao fazer uma comparação entre empresas brasileiras e organizações de outros países.
A Fraunhofer IPK também trouxe para o webinar da Anpei um conjunto de dados sobre transformação digital de acordo com setores industriais. Respectivamente, na comparação entre o Brasil e o cenário global, o País se destaca em: “manufatura” (41% – 32%) e “atividades profissionais científicas e técnicas” (12% – 6%). Por outro lado, o Brasil está distante em transformação digital quando o processo de industrialização envolve “comunicação e informação” (6% – 19%).
Na pesquisa, o instituto alemão ouviu e colheu dados de grandes empresas e PMEs (com menos de 250 funcionários). No estudo, 62% das empresas globais, e 60% das organizações brasileiras, são PMEs.
Por fim, a Fraunhofer IPK perguntou na pesquisa qual a relevância das sete dimensões para o futuro das organizações e, consequentemente, da transformação digital no Brasil e em outros países. Todas as dimensões, segundo as empresas, deverão ser relevantes nos próximos cinco anos.
Os números mostram que em outros países, a principal preocupação está direcionada à “tecnologia” (previsão de aumento de 81%) e em “organização e processos” (81%). A dimensão menos relevante na perspectiva global é a cadeia de suprimentos e redes de relacionamento (72% de aumento).
No Brasil, por causa das dificuldades em supply chain, a dimensão ganha importância para o futuro: 76% de aumento, o mesmo valor atribuído pelas empresas brasileiras quando o assunto é desenvolvimento tecnológico.
No entanto, para as organizações nacionais, a dimensão mais importante no futuro é a geração de emprego e o desenvolvimento de competências da indústria 4.0: 82% de aumento. Na contramão da necessidade global, o menor valor atribuído pelas empresas brasileiras está na dimensão de “organização e processos” (59% de aumento).
Além disso, as organizações brasileiras querem reforçar o posicionamento de transformação digital nas dimensões em que mais se destacam atualmente: 76% de aumento tanto em “estratégia corporativa” quanto em “liderança e cultura corporativa”.
Ao analisar durante o webinar a pesquisa da Fraunhofer IPK, o presidente da Erinch In LAC e diretor do LelloLab, Filipe Cassapo, ressaltou que existe um desafio de “aumentar o grau de consciência e inserção do tema digitalização dentro das estratégias dos negócios”.
Ao comentar a dificuldade na geração de cadeias de valor, o potencial em transformação digital em liderança, estratégia e cultura organizacional, Cassapo destacou que “todas as pesquisas da Fraunhofer IPK mostram que o Brasil tem um espaço grande para crescimento em digitalização e na indústria 4.0”. Contudo, não podemos enxergar esse ‘deve crescer’ como algo distante, daqui a cinco ou dez anos, pois o futuro é agora”.
Durante o webinar promovido pela Anpei, o gerente de inovação, novos negócios e PI da Bosch América Latina, Bruno Bragazza, revelou o posicionamento estratégico da multinacional alemã em transformação digital (confira os detalhes aqui).“”