Os IPOs de duas operadoras de telecom que nasceram e cresceram fora dos grandes centros, no interior do CE e no de SC, jogam luz sobre os diversos modelos de gestão no Brasil
Talvez você tenha se surpreendido, no fim de julho, com dois IPOs que aconteceram na B3. Estamos falando das ofertas públicas iniciais de ações de duas empresas tecnológicas que não são frequentadoras assíduas dos noticiários de negócios, apesar de terem milhares de funcionários e de clientes. Telecom do semiárido cearense, a Brisanet abriu o capital no dia 29, captando R$ 1,25 bilhão; a catarinense do Vale do Itajaí Unifique estreou dois dias antes, na mesma bolsa, levantando R$ 818 milhões. Ambas fazem parte do grupo de provedoras regionais de internet por fibra óptica que vem ganhando cada vez mais market share no Brasil – em 2020, essas companhias já exibiam, somadas, uma fatia de 31% do mercado e tiravam o sono dos líderes das grandes telecoms globais que atuam nacionalmente.Os mercados de fibra óptica regionais andam tão acelerados que provavelmente nem um vídeo em 4K conseguiria registrar o que está se passando neles – para o leitor ter uma ideia, dois dias após abrir o capital, a Unifique já estava adquirindo mais duas empresas, a TKNet e a Neofibra Informática. No fechamento deste texto, as duas já eram grandes. A telecom catarinense chegava a mais de 130 municípios da região Sul e a Brisanet atuava diretamente em 200 cidades de sete dos nove estados do Nordeste, sendo a maior provedora de banda larga no País. Porém, a expectativa para os próximos anos é de um crescimento ainda mais acelerado. Isso passa, inclusive, pela aquisição de uma licença para operar serviços 5G, no leilão agora previsto para acontecer entre outubro e novembro. O avanço sobre esse mercado, em 2022, somado a outras iniciativas, deve garantir saltos expressivos de receitas.
Este artigo se debruça sobre as trajetórias de Brisanet e Unifique não apenas para explorar as filosofias gerenciais, a inovação e o processo decisório de seus líderes como também para expor a força e as oportunidades de negócios em mercados periféricos.