Visão de futuro, descentralização das decisões e aposta em propósitos sustentáveis são algumas das características das organizações preparadas para enfrentar o mundo BANI
As empresas podem reinventar o próprio futuro ao abraçar mudanças positivas. É o que sugere o estudo Business Futures 2021: Sinais de Mudança, desenvolvido pela Accenture. A pesquisa é uma maneira de ajudar os líderes a se prepararem melhor para o porvir. Isto é, capacitá-los para identificar os sinais de mudança que vão remodelar as organizações globalmente.
Como resultado, a Accenture espera impulsionar o sucesso das empresas no presente e no futuro. “O primeiro passo é superar a dificuldade de aceitação. Os algoritmos nem sempre dão a resposta que os executivos gostariam. Nem mesmo aquilo que o feeling consegue prever”, diz Rodolfo Eschenbach, líder de strategy & consulting na Accenture para a América Latina. “É importante abraçar essa realidade para começar a tomar decisões certeiras.”
Após listar 400 tendências de crowdsourcing, a Accenture se juntou a consultores externos, acadêmicos e pesquisadores para reduzir a relação a 25 sinais de mudança nos negócios. Embora todos os indicadores tenham amadurecido e tendam a apresentar um maior impacto nos próximos três anos, seis sinais parecem imperativos para o sucesso das empresas. Cada um deles carrega oportunidades distintas.
A seguir, você confere três tendências para as organizações future-ready, segundo o estudo produzido pela consultoria. Os outros três sinais serão publicados na segunda parte desta série.
Em vez de buscar insights no passado, as organizações líderes usam data analytics e inteligência artificial (IA) para tomar decisões e definir estratégias que antecipam o futuro. O desenvolvimento de capabilities superiores voltadas à posterioridade constrói melhores cenários para as organizações ficarem à frente.
Eschenbach lembra que o mundo está mudando velozmente e de maneira generalizada. Dessa forma, olhar apenas para o passado, na hora de traçar estratégias de negócios, é um comportamento incompatível com a realidade. Também é preciso acompanhar o ritmo das mudanças do nosso tempo.
“Não se pode confiar cegamente em informações que já foram superadas. Sobretudo, quando o contexto atual é desconsiderado. Além disso, existem mais dados disponíveis do que nunca. Aproveitá-los é a melhor maneira de enriquecer a análise de cenários.”
Os líderes estão respondendo às mudanças e aos desafios ao conceder a tomada de decisão para pessoas que estão nas “pontas”. Para tanto, eles contam com equipes altamente conectadas, com o objetivo de agir com velocidade. Assim, é possível alcançar uma melhor gestão dos riscos associados à fragmentação dos mercados.
A boa notícia é que 71% dos entrevistados pelo levantamento disseram que já descentralizaram a tomada de decisões ou estão planejando fazê-lo. No entanto, um movimento horizontal é necessário. “A tomada de decisão descentralizada não é sinônimo de bagunça. Bem pelo contrário. Tem que fazer sentido para o contexto geral da organização. É por isso que a Accenture recomenda o uso de framings de decisão que dialoguem com o ‘todo’ da companhia”, recomenda Eschenbach.
Respondendo ao apelo para que as empresas atendam seus stakeholders de maneira ampla, as organizações estão incorporando a sustentabilidade à estrutura de suas operações – e tornando a responsabilidade social sustentável.
Nesse sentido, o maior desafio é combinar a retórica com resultados. Em outras palavras, harmonizar a intenção e a entrega. Conforme Eschenbach, esse objetivo será alcançado à medida que a organização construir responsabilidade em todo o seu ecossistema.
“As instituições financeiras, por exemplo, começaram a dar dinheiro de uma forma muito mais atrativa para empresas preocupadas com ESG. Essa responsabilidade precisa começar a ser vista como uma forma de diferenciação”, afirma o executivo da Accenture.
Eschenbach acredita que as corporações brasileiras ainda têm um longo caminho para elevar a maturidade das operações. Em contrapartida, esse atraso não é uma exclusividade do Brasil. “Não pense que os países de primeiro mundo estão avançando tanto assim. Na Europa, por exemplo, também existem disparidades.”
O executivo reconhece que a pandemia acelerou transformações importantes. Entretanto, a retomada da economia depende da capacidade de resiliência de cada organização. Também precisa haver disposição para mudar. E a tendência é que as empresas mais atualizadas saiam na frente ao priorizar a mentalidade preditiva.
“O estado pronto para o futuro não é uma realidade extensiva em todas as empresas. Mas a gente acredita na aceleração desse processo para os próximos três anos. Quando as empresas mais inovadoras começarem a tomar a liderança, esse movimento virá como uma cascata”, diz Rodolfo Eschenbach, líder de strategy & consulting na Accenture.
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