Conforme nosso mundo e a natureza do trabalho muda, os líderes devem considerar quais são as habilidades e mentalidades novas que vão acompanhar essas transformações
Mudanças no mundo e no local de trabalho significam uma alteração da liderança tradicional para uma liderada por transformações digitais. Para garantir uma liderança eficaz em um universo digital, os líderes devem aceitar alterações-chave alicerçadas em fatores como tecnologia, demografia e normas culturais, mantendo as características duradouras e contextuais da liderança. Isso pode exigir uma mentalidade nova no futuro.
Será que estarei pronto para liderar em 2025?
Imagino quantos de nós estão fazendo essa pergunta. Afinal, 2025 é menos de meia década a partir de agora e, se você for como eu, provavelmente já investiu muito tempo refletindo sobre suas próprias experiências e o que outros lhe ensinaram sobre a arte e o ofício da liderança e o que isso significa para ser um líder eficaz.
Essas reflexões, experiências e observações nos serviram bem, pois aprendemos como liderar no mundo de hoje, mas e quanto a liderar no mundo de amanhã? O que será necessário para ser um grande líder daqui cinco anos, quanto mais dez?
Enquanto ponderei sobre essa questão, acho, com certeza, que as coisas não mudarão tão drasticamente a ponto de eu não ser capaz de acompanhar. Quando falamos de sua essência, liderança é liderança, certo? No final, tudo se resume a elaborar uma visão e estratégia, motivar as pessoas a executar essa estratégia para os clientes e entregar valor superior para os investidores. Ponto final.
Considere o caso da RBC, a gigante canadense de serviços financeiros. Nos últimos anos, ela tem se empenhado em uma transformação digital abrangente sobre como presta serviços a seus clientes e consumidores. Entretanto, apenas recentemente que a liderança do RBC chegou a um acordo com a noção de que, para realizar sua transformação digital, precisava de líderes que adotassem e entendessem como competir e liderar na nova economia. Assim, a empresa transformou completamente seu modelo de liderança e sua estratégia de talentos: somente aqueles entusiasmados e capazes de aceitar o futuro terão as futuras posições de liderança do RBC.
Ou pense nas observações que Alan Mulally, lendário CEO da Ford e da Boeing Commercial Airplanes, compartilhou comigo sobre seu próprio estilo de liderança. No início de sua carreira, a visão de Mulally de um líder eficaz era alguém que estava no comando, que entendia completamente os desafios que a organização enfrentava e que era claro ao fornecer direção e orientação quando necessário.
Só depois que um de seus principais gestores deixou a empresa por se sentir sufocado por Mulally é que ele percebeu que os grandes líderes liberam o potencial de seus funcionários em vez de tentar controlá-los.
Devemos deixar uma coisa clara: o desafio não é só sobre como mudar o perfil de liderança para empresas grandes que já existem há 100 anos ou mais. Brian Halligan, CEO e cofundador da HubSpot, uma empresa de marketing de mídia social e analytics, gosta de dizer que ele passa talvez metade do seu tempo se preocupando sobre quem vai liderar a empresa na próxima década, e esta é uma empresa que não tem nem 10 anos de idade!
Halligan aponta que a idade média de um funcionário da HubSpot é cerca de 20 anos, então é importante que os líderes da empresa entendam o que motiva esta geração e qual estilo de liderança funcionará de forma mais eficaz.
Esses exemplos nos levam a fazer uma série de perguntas importantes sobre o futuro da liderança, se estamos preparados como indivíduos para esse desafio, e se as organizações estão prontas para desenvolver a próxima geração daqueles que irão liderar. Dentre as perguntas, vemos:
– Quais mudanças importantes no mundo ao nosso redor (por exemplo, digitalização, IA e machine learning, globalização, demografia, normas sociais e culturais) vão influenciar o que significa ser um grande líder?
– Quais serão as características distintas dos grandes líderes no futuro? O que eles farão de forma diferente, melhor ou deixarão de fazer? Quais serão as diferenças no comportamento deles? Eles vão pensar de forma diferente sobre como liderar?
– Quais políticas e práticas organizacionais vão facilitar a identificação e o desenvolvimento de uma próxima geração de líderes? Além das políticas e práticas, que tipo de cultura organizacional e clima serão necessários para permitir que esse novo perfil de líder surja de forma mais orgânica?
– A medida em que a essência do que significa ser uma empresa muda, e conforme a natureza do trabalho e a forma de trabalhar também se altera, será que as demandas da liderança serão atendidas mais pela arte pela técnica?
Então, dadas as mudanças e exemplos mencionados acima, seria fácil descartar meu questionamento “”liderança é liderança, certo?”” como um pensamento puramente do velho mundo, mas vamos parar um momento para refletir sobre isso.
Independentemente das mudanças nos mares, os líderes estão tentando navegar todos os dias pelas águas da tecnologia, demografia, sociedade, mudanças geopolíticas e normas culturais, e certas características, atributos e comportamentos continuam sendo componentes essenciais para ser um grande líder.
A integridade, por exemplo, nunca perderá importância, nem o caráter, a coragem, a capacidade de execução ou o zelo pelo cliente. Essas são as características que chamo de características duradouras da liderança.
Outro fato inegável é que nosso mundo está mudando tão rapidamente e tão drasticamente que podemos apenas imaginar como será daqui uma década. Então, não deveria ser uma surpresa que além dessas características duradouras, teremos novas demandas para aqueles que vão liderar empresas e a força de trabalho da próxima geração.
Além disso, essas demandas novas provavelmente vão mudar em resposta aos fatores influenciadores mencionados acima. Por exemplo, conforme mais empresas se tornam globais, liderar equipes significará cada vez mais liderar equipes multiculturais e geograficamente dispersas.
À medida que os millenials povoam cada vez mais não apenas a força de trabalho, mas também os níveis de gestão e liderança, onde trabalhamos, quando trabalhamos e como trabalhamos continuará a mudar. E, à medida que os modelos de negócios se tornam cada vez mais digitalizados e orientados por analytics e algoritmos, os líderes precisarão repensar completamente suas estratégias de talentos e se tentarão controlar, coordenar ou liberar seus ativos humanos mais valiosos.
Essas demandas novas são o que chamo de características contextuais da liderança. Portanto, enquanto elaborar uma visão e uma estratégia é uma característica duradoura da liderança, fazê-lo de forma transparente, inclusiva e colaborativa é uma característica contextual, dadas as expectativas da nova força de trabalho. Grandes líderes precisarão fundir de forma mais artística o “”o quê”” com o “”como”” para ter sucesso no mundo de amanhã.
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