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Aplicação nativa em nuvem é tendência que já chegou

Quando entendemos que o futuro pertence àqueles que se prepararam, vemos que “Cloud Native” é o futuro das aplicações

João Fabio de Valentin
Aplicação nativa em nuvem é tendência que já chegou
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Nos últimos anos, principalmente com a pandemia, pudemos observar que os aplicativos tiveram que encarar novos desafios de escalabilidade, resiliência e segurança cibernética frente ao crescimento no número de usuários e no volume de dados transacionados. Nesse cenário, as aplicações nativas em nuvem se mostraram uma arquitetura promissora. Um estudo do Gartner sobre as principais tendências de tecnologia estratégica estima que a modalidade vai ancorar 95% das iniciativas digitais até 2025, mais do que o triplo registrado em 2021 (30%).

Essa transição, promovida em organizações de diferentes setores e tamanhos, pode ser tanto completa quanto híbrida, dependendo da necessidade. No setor financeiro, por exemplo, a escalabilidade da nuvem ajuda a atender a demanda crescente dos clientes. No varejo, a atualização constante dos apps contribui para uma experiência do usuário completa. Já as empresas com operações internacionais podem entregar serviços com alta confiabilidade e segurança para o mundo inteiro. As possibilidades são infinitas.

Todas as vantagens desse tipo de arquitetura (escalabilidade, elasticidade, resiliência e flexibilidade) superam os modelos tradicionais. Para começar, a aplicação nativa em nuvem resiste mais a falhas e erros, já que não depende de servidores centralizados. Além disso, tem enorme capacidade de aumentar ou diminuir sua capacidade (e custos) em resposta a mudanças nas demandas. Como sua arquitetura é organizada em microsserviços, ela pode funcionar de forma independente: se uma funcionalidade for alterada, a aplicação continua funcionando e não é necessariamente afetada.

Também por esse motivo, uma aplicação nativa em nuvem é atualizada com mais facilidade. Sua implementação é rápida porque os componentes são independentes e as equipes podem trabalhar em paralelo. Por conta da descentralização, também é eficiente na execução de tarefas e entrega de serviços. Já os custos são reduzidos porque mudanças, atualizações e capacidade, são ajustados dinamicamente conforme a demanda do negócio. Esse benefício é muito mais difícil de se conseguir nos modelos tradicionais. E, na medida em que os recursos de armazenamento e processamento podem ser dimensionados, as empresas pagam apenas pelos serviços em uso.

Uma vez que esse modelo esteja operante, faz-se necessário manter o controle sobre seu funcionamento, desempenho e dados armazenados, entre outros aspectos. Segundo o relatório Agents of Transformation 2022, da AppDynamics, 81% dos profissionais brasileiros de TI acreditam que as organizações precisam investir em observabilidade full-stack. O método facilita a visualização correta das variáveis de desempenho (MELT: Métricas, Eventos, Logs e Traces), de maneira que não seja necessário “garimpar” dados – tarefa que pode demandar um tempo valioso da equipe. O resultado deste trabalho permite que os departamentos de TI entreguem insights para o negócio e saibam para onde direcionar seus recursos, de modo a entregar mais valor em menos tempo e com menos esforço.

Idealmente, as funcionalidades de uma aplicação são mais bem aproveitadas com internet veloz e de menor latência. Com a chegada do 5G no Brasil, a perspectiva é de que mais e mais organizações migrem para a nuvem para entregar serviços digitais com maior qualidade e velocidade. O desafio é fazer com que elas invistam em aplicações que sejam capazes de aproveitar um contexto de alta velocidade e baixa latência.

Esse gargalo ainda existe por conta da postura, muitas vezes conservadora, de alguns tomadores de decisão. Os executivos precisam considerar as possibilidades e necessidades de um futuro superconectado e ter em mente que a visibilidade de suas aplicações não é um custo, mas um investimento. Compreender a jornada do usuário digital passa a ser tão importante quanto investir na marca, pois a experiência do usuário tem um impacto direto na lealdade com a empresa.

Soluções nativas em nuvem devem ser vistas como uma oportunidade de crescimento dos negócios. Empresas que podem criar e entregar aplicações rapidamente se posicionam à frente dos concorrentes. Os clientes, por sua vez, já estão prontos – na verdade, eles clamam por isso. Cabe aos C-levels compreender que o contexto em que vivemos é dinâmico e veloz, e que apenas a nuvem é capaz de acompanhá-lo.

Quando entendemos que o futuro pertence àqueles que se prepararam, vemos que a arquitetura em nuvem é o futuro das aplicações.

Primeiros passos: o que a empresa precisa para começar?

Como cada empresa apresenta características únicas, não há fórmula única para iniciar uma estratégia de adoção de serviços nativos em nuvem. A seguir, elencamos alguns pontos que podem ajudar a orientar essa transição:

Reimaginar as aplicações em ambientes híbridos e multinuvem

Ao reimaginar suas aplicações em ambiente de nuvem, as organizações podem incorporar maior flexibilidade e liberdade em seus processos de desenvolvimento e alavancar inovação em escala e velocidade nunca antes vistas. Como isso adiciona um novo nível de complexidade, as organizações devem adotar a observabilidade full-stack com base nas necessidades de negócios em tempo real.

Entender a necessidade de escalabilidade

As soluções de monitoramento vêm se adaptando para acomodar demandas crescentes de migração para nuvem, convivendo com arquiteturas tradicionais, mas a realidade é que a maioria não foi projetada para lidar de forma eficiente com os ambientes nativos de nuvem, cada vez mais dinâmicos e voláteis. É uma questão de escala: esses sistemas altamente distribuídos contam com milhares de contêineres e geram um volume exponencial de telemetria MELT a cada segundo.

Visibilidade de toda a arquitetura de TI

Em resposta a essa complexidade crescente, os departamentos de TI necessitam de visibilidade em toda camada de aplicações, nos serviços digitais (incluindo Kubernetes) como computação, servidor, banco de dados e rede, que estão rodando em seus provedores de nuvem. Conhecer o impacto de todos os componentes da TI na experiência do usuário e no negócio é essencial para que os profissionais de TI entendam onde concentrar seus recursos e esforços.

Soluções nativas para aplicações nativas

As equipes precisam de novas soluções de observabilidade nativas em nuvem para gerenciar a complexidade das aplicações da nuvem e dos ambientes de TI. Os líderes devem buscar uma solução para observar aplicações nativas distribuídas e dinâmicas em uma escala incluindo a compatibilidade aos padrões abertos, especialmente OpenTelemetry, e que aproveite AIOps (Inteligência Artificial para Operações) e inteligência de negócios, para acelerar a identificação e resolução de problemas.

Mudar a cultura dentro dos departamentos de TI

A mudança para a nuvem provocou mudanças nas equipes de TI, com o surgimento de novos profissionais como Site Reliability Engineers (SREs), DevSecOps e CloudOps. Esses especialistas têm mindset e formas de trabalho muito diferentes. As equipes de TI sempre estiveram focadas em minimizar os riscos trazidos pela mudança. Já SREs e DevSecOps preferem deixar cada time livre para escolher a melhor abordagem e framework de desenvolvimento. Eles aceitam que sempre haverá uma enorme complexidade com aplicativos nativos da nuvem, mas percebem que abrir mão de algum nível de controle resulta em mais velocidade e inovação.”

João Fabio de Valentin
João Fabio de Valentin é head da AppDynamics para América Latina.

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