Parâmetros de alto desempenho variam entre empresas e pessoas, mas explico neste artigo a crença que tenho num tripé formado por foco, estratégia e cultura
Essa semana, durante uma live do Mestre GP com o querido amigo Paulo Martinez, discutimos o tema da alta performance versus equilíbrio de vida. Um papo um tanto quanto interessante e que não se conclui, uma vez que é uma eterna busca do ideal para cada indivíduo dentro do contexto da empresa onde trabalha e de sua vida.
Com foco na alta performance, continuei refletindo sobre o assunto, que tem forte apelo popular e presença constante em inúmeros cursos, lives e nas “receitas de bolo instantâneo” tão presentes nas nossas timelines.
O que é ter alta performance? O que significa ter uma equipe de alto desempenho? O que é ser um indivíduo de alta performance? Seria a definição pura e simplesmente de uma equipe que entrega a estratégia e metas da empresa? Uma equipe que “”dá o sangue”” e “”veste a camisa”” e fica até meia-noite trabalhando?
Seria eu uma pessoa de alta performance se consigo bater minhas metas no trabalho, surpreender meu gestor, correr 8km por dia, ir à academia (e tantos outros “”tá pago!””), ler 48 livros por ano, aprender a fazer pão de fermentação natural, ser a mãe do ano, dormir 4h por noite (“”I’ll sleep when I’m dead!””; “”tem que trabalhar enquanto os outros estão dormindo””) e acordar às 5h da manhã todos os dias?
No contexto de uma empresa, para mim, a alta performance de uma equipe está ligada com as entregas de resultados como consequência. Para que indivíduos consigam performar bem, existe um tripé que deve estar muito bem equilibrado:
1. Clareza e foco estratégico;
2. Desenho organizacional que suporte a estratégia;
3. Cultura que faz a entrega acontecer.
De nada adianta entregar resultados com uma equipe que trabalha sem foco e sem eficiência. Se sua equipe, por regra, está trabalhando acima de 8h por dia, ou muda de direcionamento a todo momento, existe algo de muito errado a meu ver. Casos como esses geralmente são sintomas de falta de foco ou falta de clareza estratégica e, por consequência, criadores de caos.
Quando a direção estratégica é clara é mais fácil saber exatamente onde focar e, talvez ainda mais importante, enxergar as muitas coisas que não importam, culminando em corte de projetos e tarefas irrelevantes para a execução do que realmente faz a diferença.
Agora, de nada adianta ter clareza estratégica se o desenho organizacional dificulta a entrega do que precisa ser feito. Não adianta, por exemplo, desenhar uma estratégia super focada, que requer agilidade na entrega, se a empresa tem uma estrutura de equipes hierarquizada e burocrática, criando dificuldade de autonomia para a entrega ágil na ponta.
Ainda, por mais transparência que seja a estratégia, por mais que crie um desenho organizacional que a suporte, de nada adianta ter uma cultura que seja divergente da estratégia desenhada e determinada. Afinal, cultura é como o trabalho efetivamente se dá e não o que é pregado.
Por mais que eu diga que minha organização, por exemplo, é centrada no cliente, é ágil, que mostre uma estratégia e desenho de equipes claras, que fale sobre isso em palestras, o que conta mesmo é o que acontece no dia a dia. Nesse caso, não agir de acordo com a cultura seria o empecilho da alta performance e da entrega que a empresa busca, sem que ninguém precise trabalhar longas horas.
É claro, há de se dizer, existem períodos nos quais as balanças pesam mais para um lado do que para o outro. Se eu decidir empreender, sei que por um período vou provavelmente ter que dedicar um tempo maior ao meu trabalho. Se trabalho em uma empresa de e-commerce, sabemos que na black friday terei de, fatalmente, dedicar mais tempo ao trabalho.
O ponto aqui é a preocupação com aquilo que deveria ser exceção se torna uma regra. Em outras palavras, no contexto pessoal, para mim, alta performance se relaciona a quem você quer ser, e o que é equilíbrio para você. É exercitar constantemente a tarefa de silenciar o que vem de fora para tentar ouvir o que, na sua mais pura essência, faz sentido unicamente para você. Qual é o seu rolê.
Nesse ponto, o contexto de cada indivíduo é um maior ou menor fator propulsor para tais questionamentos e reflexões. Se, como a maioria dos brasileiros, colocar comida na mesa e pagar os boletos é o foco de preocupação diária, tais indagações se tornam mais desafiadoras, porém não impossíveis: dentro da minha realidade, qual o próximo passo possível que faz sentido na minha busca pela vida que almejo?
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