As estratégias ambientais, sociais e de governança são importantes e devem constar nos relatórios financeiros regulares
Os balanços trimestrais precisam ser revistos. A gestão se esforça para criá-los, os diretores de relações com investidores os veem como documentos cruciais para compartilhar a história do patrimônio líquido da empresa – a visão estratégica que justifica o investimento nas ações da empresa – e os resultados trimestrais ainda movem mercados. Então, por que priorizar o ganho no curto prazo sobre investimentos de longo prazo em funcionários, pesquisa e desenvolvimento (P&D) e sustentabilidade, se questões de governança ambiental, social e corporativa (ESG) têm efeitos diretos sobre o sucesso futuro das organizações?Acreditamos que as empresas devam integrar a filosofia ESG totalmente em suas estratégias comerciais, em vez de relegá-la a segundo plano. Mas também reconhecemos que é um desafio para as empresas incluir informações sobre ESG nos balanços trimestrais. Por várias razões.
Primeiro, as empresas têm o hábito de reportar ESG por outros canais, como websites, CDP (antigo Carbon Disclosure Project), relatórios anuais de sustentabilidade e eventos. Esses canais em geral não recebem a mesma atenção que os balanços de resultados – e, portanto, as empresas podem não estar acostumadas a relatar com rigor as atividades de ESG. Além disso, também não costumam rastrear os efeitos financeiros de ESG, reportando finanças e ESG em separado. O resultado é que os dados de ESG podem parecer “fracos” para alguns observadores.Nos balanços trimestrais, as empresas também podem estar “favorecendo” os analistas que, segundo supõem, não se importam com ESG. Os CEOs dizem que os analistas não pedem informações sobre ESG, enquanto os analistas dizem que se os CEOs não fornecem dados sobre isso, é porque não são relevantes para o negócio. Onde quer que a culpa recaia, o resultado é a omissão quanto a ESG.Mesmo assim, as empresas vêm fazendo progressos. De 2018 a 2020, referências a ESG apareceram 671% mais vezes nas transcrições dos balanços – e 751% mais nas referências a diversidade, equidade e inclusão (DEI). Evidências anteriores também sugerem que a crescente discussão das empresas sobre questões de ESG correlaciona-se a um melhor desempenho em ESG e que balanços estão apresentando mais discussões específicas sobre capital humano, equidade racial e tópicos relacionados a DEI. Além disso, a pandemia de covid-19 estimulou a inclusão de informações relacionadas a ESG: em reuniões de balanço, gestores viram-se falando de licenças médicas, pagamentos de férias, adicional de insalubridade e acesso a equipamentos de proteção individual.