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LIDERANÇA FEMININA 7 min de leitura

Como jogar o jogo corporativo sem se perder no processo

Sete recomendações para saber onde focar, manter-se relevante e crescer no trabalho

Maíra Blasi
Maíra Blasi
27 de março de 2025
Como jogar o jogo corporativo sem se perder no processo
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Se você trabalha no mundo corporativo, independentemente da função, está jogando um jogo. Um jogo para o qual você entrou em campo sem necessariamente ter clareza de todas as regras, estratégias e dinâmicas que influenciam seu desenvolvimento e crescimento – porque, sejamos honestas, poucas de nós foram ensinadas a jogá-lo.

As mulheres começaram a participar do mercado de trabalho formal há pouco mais de um século (trabalhar, a gente trabalha desde sempre, cuidando da casa, da família, das crianças e dos mais velhos). Primeiro, em cargos de menor importância e mal remunerados.

Depois, mesmo quando ocupamos os mesmos espaços que os homens, novos desafios nos foram colocados: sermos competentes, mas não arrogantes; dedicadas, mas não cansativas; estratégicas, mas sem parecer ambiciosas demais. E tudo isso, segundo um relatório do Ministério do Trabalho, ainda ganhando, em média, 20,7% menos do que eles no setor privado.

Eu poderia dizer que esse jogo não deveria existir e reclamar que ele é injusto. Mas, depois de 20 anos entre CLT e empreendedorismo, prefiro te adiantar o que gostaria que tivessem me dito: se você quer mudar as regras do jogo, antes terá que aprender como elas funcionam.

E aqui não estou dizendo que você precisa fazer coisas nas quais não acredita ou se submeter a regras que não fazem sentido. O que estou dizendo é que você precisa ter clareza e domínio sobre elas.

Trago então, a seguir, um panorama sobre sete grandes recomendações que devemos considerar para jogar o jogo corporativo sem se perder no processo.

1. Escolha suas batalhas

Nem toda briga precisa ser sua. Ao longo da carreira, perdi tempo e energia insistindo em discussões que, no final das contas, não me levaram para onde eu queria chegar.

Isso não significa aceitar tudo sem questionar, mas entender quais batalhas valem o seu esforço e quais apenas drenam sua energia sem resultado. Saber onde colocar seu foco e qual impacto você quer gerar faz diferença.

Se a pauta em questão não vai mudar sua trajetória ou abrir caminhos importantes, será que vale o desgaste?

2. Roupa e cuidados com a aparência importam

Por muito tempo, achei injusto ter que pensar tanto sobre o que vestir enquanto via colegas homens repetindo o mesmo figurino sem esforço. Continuo achando injusto? Sim. Mas, com o tempo, entendi: a roupa comunica. E, se quero aumentar minhas chances de ser ouvida, preciso ser intencional. Claro que não existe garantia, mas, na minha experiência, essa preocupação pode abrir portas.

Como Thais Farage e Mayra Cotta discutem no livro Mulher, Roupa, Trabalho:

“Pensar a respeito do que vestir para ir trabalhar constitui um exercício diário de reivindicação do pertencimento, uma vez que a roupa é a expressão material da nossa insistência em ocupar o mundo do trabalho e representa uma prática constante de negociação entre o que nos é imposto e o que de fato queremos”.

Não existe uma fórmula exata para se vestir no trabalho. Mas com a leitura de cenário (próximo tópico), pode ficar um pouco mais fácil fazer escolhas que estejam a seu favor.

Não estou sugerindo que você abra mão da sua identidade ou se encaixe em um molde. Mas quero que aprenda a priorizar suas batalhas no meio de tantas que ainda precisamos enfrentar no nosso dia a dia.

3. Leitura de cenário: a hora certa de agir e de esperar

Uma das habilidades mais subestimadas no mundo do trabalho é saber ler o ambiente. Entender a dinâmica de poder, perceber os interesses em jogo, identificar quem realmente decide as coisas.

Saber a hora de falar e a hora de ouvir faz toda a diferença. Nem sempre a primeira coisa dita é a mais importante – às vezes, observar e entender como as decisões são tomadas antes de trazer suas percepções pode te deixar em mais vantagem do que tentar se impor logo de cara.

É importante entender os cenários possíveis  antes de decidir seu próximo movimento.

4. Saber de números, objetivos e negócios

Muitas mulheres se destacam por serem boas gestoras de pessoas, o que é ótimo. Para além de soft skills, se desejamos crescimento, precisamos entender de estratégia de negócios, matemática e finanças. Se você quer uma cadeira na mesa de decisão, precisa falar a língua do dinheiro.

Isso significa entender as alavancas do negócio, saber como os números impactam a estratégia e ter clareza sobre como sua atuação influencia os resultados. Um bom desempenho com pessoas pode te manter no jogo, mas ter domínio dos números te coloca em vantagem no tabuleiro.

5. Não caia na armadilha do trabalho invisível

Existe um padrão silencioso no ambiente corporativo: as mulheres são puxadas para cuidar das pessoas. Organizar aniversários, ouvir colegas, acolher demandas emocionais. Nada disso é necessariamente ruim, mas, se você se sobrecarregar com esse papel, vai perder tempo e energia para fazer as outras coisas que te levarão para o próximo nível.

Parece radical dizer isso, mas aprendi na prática: ajude quando quiser, mas não torne isso sua missão automática

6. Faça seu próprio plano de crescimento

Se você não tem um plano de desenvolvimento individual (PDI), está jogando no escuro. Empresas podem oferecer treinamentos, mas, se você quer crescer de verdade, precisa definir para onde está indo.

Crie um PDI baseado no que realmente importa:

  • Onde você quer estar em cinco anos?
  • Quais habilidades precisa desenvolver?
  • Quem são as pessoas que podem te ajudar nisso?

Não pense sozinha, lembre-se de pedir ajuda.

7. Saiba qual jogo está sendo jogado

Simon Sinek, no livro O Jogo Infinito, fala sobre a diferença entre jogos finitos e infinitos. Jogos finitos têm regras claras, um começo e um fim. Jogos infinitos não têm um vencedor definitivo – o objetivo é continuar jogando.

O mundo corporativo é um jogo infinito. Isso significa que não se trata de “vencer”, mas de se manter relevante, crescendo e escolhendo seus próximos passos com sabedoria.

Então, se você está nesse jogo, que seja para jogar bem. Para ocupar o espaço que é seu, com estratégia e inteligência.

Meu mais profundo desejo é que você prospere, ganhe muito dinheiro e consiga construir a carreira dos seus sonhos. Que todas as mulheres que vieram antes de você sejam honradas através do seu sucesso e que aquelas que se inspiram em sua trajetória tenham ainda mais motivos para te admirar.

Maíra Blasi
Maíra Blasi
Especialista em futuro do trabalho e novas metodologias de gestão. Acredita em formas de trabalho evolutivas e horizontais. É designer organizacional, fundadora da Subversiva e saxofonista. Possui mais de 15 anos de carreira desenvolvida em marketing e transformação digital, com passagens por empresas como Itaú, TIM, Pagseguro e GetNinjas. É voz ativa na comunidade Ágil. Foi palestrante em eventos como The Developers Conference BH e SP, Agile BR e Agile Trends. Certified Kanban Systems Design pela LeanKanban University. Fez MBA em Marketing pela Universidade Federal Fluminense e é especializada em comunicação não violenta pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. É ativista, co-criadora das Obscênicas, fanfarra carnavalesca formada somente por mulheres em SP.

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1 comentário

  • contato-2808 disse:

    A gente percebe o repertório da Maíra quando, mesmo que uns e outros menos, todos os pontos ressoam de alguma forma com a nossa carreira.
    A parte do PDI, para mim, foi o ponto forte. Fiquei me perguntando: “e se toda mulher tivesse seu PDI delimitado, será que perderíamos tanto tempo comprando “todas as batalhas”?; ou cairíamos com tanta frequência na “armadilha do trabalho invisível?” Entendo que o PDI não resolveria todos os pontos, estamos falando de questões muito mais estruturais que apenas individuais, mas achei excepcional a forma que a Maíra traz a responsabilidade de agência e protagonismo para pensarmos em nossas carreiras corporativas de forma mais “estratégica e individual”. Excelente.

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