O futuro vem do futuro. O leitor deve ter perdido a conta de quantas vezes repetimos isso aqui. É uma frase de efeito, sim, mas manda ao menos duas mensagens poderosas: (1) se ficarmos repetindo o passado apenas com acréscimos não estaremos construindo futuro algum e (2) é preciso, na falta de uma máquina do tempo, imaginar futuros, testá-los e ver o que emplaca de fato. É exatamente assim que nascem as tecnologias; elas vêm da imaginação de um futuro. (Não à toa a ficção científica “prevê” a realidade.) E a inteligência artificial vem do futuro tal e qual.
E como conseguimos fazer o futuro vir do futuro? Com espaços livres para imaginar e experimentar, algo que o jargão corporativo chama de “sandbox” – e o jargão dos governos mais inovadores batiza de “sandbox regulatório”. É uma referência explícita às caixas de areia dos playgrounds onde as crianças experimentam coisas, deixando a imaginação correr solta.
Fica difícil chegar a esse futuro vindo do futuro, no entanto, sem correr riscos, sem empresas e governos trabalhando juntos, sem os conhecimentos compartilhados nesta edição. Eu me refiro a tudo que o Report especial traz sobre gestão de risco naturalmente (pág. 18), à exposição a novidades como a web3 (pág. 38), a reflexões como a da honestidade intelectual (pág. 65) e a orientações muito práticas sobre o modo de escalar experimentações (pág. 73).
Enfatizo ainda a importância de conteúdos nacionais do Report Brasil e da seção Insights para que o futuro venha do futuro, como o contexto metamoderno em que nos encontramos (pág. 52), a tríade de inteligências necessária a ele (pág. 55) ou a inspiração de projetos ousados como a transformação de uma cidade em capital da economia verde (pág. 78).
Por que focar agora o futuro que vem do futuro? A primeira razão é a discussão que vem ocorrendo no Congresso Nacional para regular a inteligência artificial, objetivamente explicada no Report Brasil (pág. 78) já que nos afeta a todos. Aqui me alongo um pouco no tema, pois tem deixado o nosso conselho editorial bastante preocupado. Nessa balança, proibições e o lado do consumo têm pesado muito mais que estímulos e produção, o que nos condena a ser meros clientes da IA feita lá fora.
É um risco gigantesco desaparecer da cena global da IA quando é ela que tende a ditar as cartas. Mesmo com pessoas de boa fé envolvidas, vemos a cópia do que fez a União Europeia com ressalvas – ela está em outro estágio nessa área e suas regras não valem para países como Japão, Austrália, EUA – ou para o Brasil.
Nada vai funcionar bem se não criarmos um conjunto de mecanismos experimentais de regulação nos quais o governo deveria envolver representantes dos mercados de finanças, de varejo, de saúde e outros, comunidade acadêmica etc. (Regular IA sem envolver seus players é mais ou menos como querer que pessoas da Terra regulem colônias de Marte sem nunca ter estado lá, usando a analogia que um conselheiro nosso fez.)
Nada vai funcionar bem também se a regulação não for feita de maneira incremental e iterativa, vindo aos poucos do futuro; trata-se de algo novíssimo – não temos discussão nem sobre o papel dos intermediários de informação no Brasil… E nada vai funcionar bem se, antes de proibir, ninguém pensar em estruturar uma estratégia para o País, a fim de orientar os investimentos.
A preocupação que esta revista expressa é uma só: regular no modo big bang (a expressão é de um conselheiro) a inteligência artificial, uma importantíssima dimensão para quaisquer negócios daqui para frente, é receita para o fracasso. Nossa comunidade empresarial-executiva deveria se fazer ouvir contra isso.
A outra razão para falar de um futuro que vem do futuro você já viu no início desta edição. A MIT Sloan Management Review Brasil está mudando. A revista impressa regular será descontinuada e várias possibilidades físicas, digitais e sociais (o mercado do futuro é figital, afinal) ocuparão seu lugar. Seremos mais frequentes em nossas entregas e atuaremos mais em rede (uma rede da qual você é parte). Esse é o futuro que está vindo do futuro.
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