Pouco depois do nosso último encontro neste espaço trimestral, morreu Clayton Christensen.
Começamos a trabalhar em uma edição especial sobre suas ideias, que ganham relevância redobrada no contexto volátil, incerto, complexo e ambíguo que vivemos – particularmente no Brasil, mais atrasado nas adaptações necessárias – e, de repente, o novo coronavírus se globalizou e materializou o mundo VUCA e a relevância de Christensen como nada antes. Nossos olhos se voltaram para as tragédias humanas, para os perigos a que todos ficamos expostos e, claro, para as empresas vulneráveis.
Que papel cabe à MIT Sloan Review Brasil nesta hora tão difícil? Ajudar os gestores a se adaptarem o quanto antes e, se possível, terem um impacto positivo sobre toda a sociedade.
Adaptarem-se não só aos efeitos da crise, mas também ao que virá depois.
Um problema de saúde pública como uma pandemia é uma das 11 fontes de disrupção existentes, como explica a futurista Amy Webb na introdução do nosso Report especial, o que significa que é o ponto de partida para um sem número de disrupções de negócios – já estamos vendo, por exemplo, a China testar o uso de moedas virtuais em algumas cidades.
Para fazer frente a isso, dobramos os esforços, preparando uma edição 2-em-1 que reúne, off e online, o conteúdo das edições de inverno e primavera da Review dos EUA (daí a capa dupla).
Já foi feita uma pesquisa sobre as empresas chinesas que estão se recuperando melhor da crise, e nós a damos para que você faça benchmarking.
O Report especial aborda a nova dinâmica competitiva – da colisão –, a aceleração da transformação digital e os três desafios nevrálgicos a enfrentar. A seção Frontiers aborda o essencial a reaprender – em termos de liderança e de trabalho. A entrevista com a especialista Sigal Barsade reúne as informações que as emoções dos colaboradores dão aos líderes. O artigo de George Day e Paul Schoemaker ajuda a detectar de onde virão as novas (muitas) disrupções a caminho.
Do Brasil publicamos uma pesquisa da Fundação Dom Cabral com empresas brasileiras sobre como criar a tão necessária agilidade – a falta dela tem ficado escandalosamente visível nestes tempos de confinamento –, um artigo sobre a necessidade de o Brasil abandonar de vez o modelo de substituição de importações para finalmente inovar (é agora ou nunca) e, na seção Insights, um caso de reinvenção de profissionais maduros por meio de uma plataforma colaborativa, algo ainda mais importante em tempos de Covid-19. E você também lerá a última e pedagógica entrevista de Christensen, que inspirou toda a edição e a quem ergo um brinde – com café, como ele gostaria.
Confira o conteúdo da MIT Sloan Review Brasil que circula no 2º Q de 2020 - abril, maio, junho
A Covid-19 está atingindo duramente o Brasil, impondo severas perdas – de vidas e econômicas. O estudo de organizações chinesas, vítimas pioneiras da pandemia, indica o que pode ser feito para minimizar o impacto da crise
Tempos de mudanças rápidas requerem um novo modelo de liderança
Alguns gestores fizeram as ferramentas digitais de muleta. Só que precisamos de líderes com foco na conexão humana
Essa é a terceira via para o líder mudar a cultura e o mindset das pessoas – e é a que mais funciona
Cinco deles mostram que o envolvimento na principal atividade da empresa é um novo modelo
Os “digerati” estarão à frente da inovação, mas também terão de desenvolver onisciência sobre os negócios, atitude empreendedora, foco em resultados e inteligência ética
Ao deparar com gaps significativos de habilidades, as empresas decidiram não esperar pelas instituições tradicionais para suprir as rápidas mudanças nas habilidades necessárias em seus profissionais
Ardine Williams, uma das líderes de desenvolvimento de pessoas da varejista, conta como concilia pragmatismo e futuro
A disruptiva Covid-19 ainda não tinha se espalhado pelo mundo, mas as reflexões finais do “pai” da inovação ajudam a entender o papel de gestores e empresas nesse contexto
A disrupção causada pela pandemia tende a acelerar o surgimento de novos players movidos a dados e altamente escaláveis; eles não vão “disruptar” os negócios tradicionais, e sim causar uma colisão entre as curvas de valor
A transformação digital é o que viabiliza as respostas das empresas a disrupções. Mas, para garantir o sucesso, chega de estratégia “de cima para baixo”. É preciso compreender que a mudança acontece realmente na linha de frente e planejá-la de acordo
Aprender no trabalho é trabalho também, e temos de arranjar espaço para isso
Sabemos há décadas o que causa disrupção. Então, por que as empresas ainda permanecem vulneráveis? A resposta é mais em cima
É preciso fortalecer a colaboração interpessoal, o verdadeiro vetor de mudança. Mas ela depende muito de 27 comportamentos específicos dos líderes
De acordo com Sigal Barsade, da Wharton School, a exposição de sentimentos pelos funcionários é um verdadeiro presente para os líderes, pois os ajuda a entender como melhorar o desempenho da empresa
Sempre que a incerteza aumenta, algumas empresas se mantêm à frente da concorrência por saberem onde procurar ameaças e oportunidades
Estudo brasileiro comprova essa relação, além de indicar que os níveis de integração e de flexibilidade dos processos podem ajudar as empresas tanto quanto as tecnologias da informação
Abandonar o foco na substituição de importações – que se mantém, na prática – e atuar em nichos especializados nas cadeias globais de valor pode estimular as atividades de P&D
Uma plataforma digital pode indicar um novo caminho para gestores experientes com menos oportunidade no mercado
Referências bibliográficas da MIT Sloan Management Review Brasil nº 3