Numa recente reunião de conselho editorial, falamos sobre os equipamentos de tomografia PMCT, sigla em inglês de tomografia computadorizada post-mortem. Hoje a autópsia, clínica ou forense, feita para identificar causas e circunstâncias da morte de uma pessoa, vem cada vez mais dando lugar à virtópsia – o exame em cadáveres com equipamentos de diagnóstico por imagem, como o PMCT e a ressonância magnética, que dispensa a dissecção humana.
Lembro-me de um artigo da Revista da Fapesp, de oito anos atrás, em que o médico entrevistado já dizia que, “com a evolução da medicina, a autópsia passou a ser algo antigo, mesmo na especialização de médicos”. A virtópsia tem sido providencial nas mortes suspeitas de covid-19, inclusive, para evitar contaminação. Lugares que ainda não adotaram a virtópsia como primeira opção estão defasados, ainda que séries de TV policiais façam parecer que abrir corpos continua a ser o padrão da atividade.
Desculpe-me se o início desta mensagem é um tanto mórbido, mas achei essa analogia impactante o suficiente para entendermos em definitivo o que acontece quando uma pessoa ou organização tem uma defasagem tecnológica, seja esta qual for. Um dos maiores perigos que as empresas enfrentam hoje é a defasagem em relação às tecnologias da quarta revolução industrial e as práticas de gestão modificadas por elas. São conceitos que estão varrendo o mundo e é imenso o risco de empresas ficarem para trás – em especial, em mercados ainda na periferia da globalização, como é o caso do Brasil.
MIT Sloan Review Brasil tem buscado, edição após edição, ajudar as empresas brasileiras a lutar contra essa defasagem potencial. E, nesta revista que você tem em mãos, há vários conteúdos representando isso. O Report especial versa sobre a a economia de plataforma e aborda muito bem tudo que ela requer, da mudança da estratégia baseada em diferenciação aos cuidados a tomar com a assimetria de poder e a alta taxa de mortalidade desses ecossistemas.
O mesmo vale para o artigo sobre inteligência artificial e a verdadeira razão pela qual boa parte dos projetos corporativos de IA anda fazendo água: a qualidade dos dados, no sentido de poderem ser lidos pelas máquinas. Também vale para o texto dos reis e plebeus, que traz as nuances do processo em que empresas pioneiras em qualquer produto ou serviço perdem seus mercados para quem chega depois. E para o texto de Sarah Kaplan sobre os quatro erros da RSE. E ainda para o texto de Lynda Gratton sobre o preparo dos trabalhadores menos qualificados para a automação em escala (automação que até o Brasil fará um dia e que, para o nosso bem, esperamos que não demore muito).
DOIS REPORTS
O Report especial sempre foi um dos grandes diferenciais da MIT Sloan Management Review para mim, quando eu a consumia só como leitora. Trazia um conhecimento imenso sobre o assunto focado, vertical (com profundidade) e horizontal (com abrangência), cheio de insights práticos. Pois a MIT Sloan Review Brasil não apenas traz esse report, sempre dedicado a um assunto específico, como agora tem um segundo report, definido por geografia: o Report Brasil.
No novo report, reunimos artigos sobre itens que estão no topo da agenda executiva brasileira – itens que até vêm tirando o sono dos líderes – e cada artigo desdobra cada item de modo abrangente e profundo, horizontal e vertical. E com muitos dados, como é a nossa praxe. Digo com satisfação que quatro dos temas “top 10” da agenda executiva deste quarter são abordados com maestria por nossos articulistas.
Sugestão? Mergulhe nestas leituras.
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