Ao se sentar para resolver um problema matemático por tempo suficiente, você exercita a esperança – a esperança de que, no final, conseguirá resolvê-lo. Esse exercício de esperança prepara você para resolver o próximo problema, e o outro, e mais um – mesmo se não conseguiu resolver o atual.
Francis Su
É que você terá passado a acreditar que pode
Escrevo esta mensagem ainda sob o impacto da última edição de 2020 da nossa revista ao vivo, e online – o “Frontiers Unlocked”. Começamos o evento, dedicado ao tema “Toda empresa é uma empresa de tecnologia”, por uma sessão com Francis Edward Su, um dos matemáticos mais admirados dos Estados Unidos. Segundo ele, a matemática deve nos fazer “florescer” , nos capacitando a todos a atender a nossas necessidades e a desenvolver virtudes.
Esse reposicionamento da matemática sugerido por Su é um belo incentivo para estudarmos mais STEM no Brasil. Para trocarmos o tédio de decorar fórmulas por uma aguda curiosidade sobre causas e efeitos.
Para substituirmos a preguiça de fazer contas por uma disposição inabalável de resolver problemas. Para os números nos energizarem.
Por conectar álgebra, aritmética e geometria com o bem-viver quando presidiu a Mathematical Association of America (MAA), Su passou a ser descrito como “aquele matemático que faz as pessoas se apaixonarem pelos números”. Ele é o tipo de herói de que estamos precisando no Brasil, para entrar na quarta revolução industrial.
Esta edição também tem um herói, e é com ele que vou iniciar minhas recomendações de leitura. Trata-se do cientista brasileiro Carlos Nobre, que nos deu um prêmio Nobel brasileiro, já que foi agraciado com o reconhecimento quando o IPCC, do qual faz parte, dividiu o Nobel da Paz com Al Gore.
O empreendedor Nobre dividiu conosco seu projeto “Amazônia 4.0”, que quer colocar um MIT na floresta para as tecnologias 4.0 possam impulsionar a bioeconomia. Observando que os fundos americanos e europeus só investem em seus próprios países quando os projetos ESG envolvem desenvolvimento de tecnologias, ele conclama os investidores brasileiros a seguir o exemplo, para levar o Brasil à liderança de um tipo de negócio que vem crescendo significativamente em todo o mundo.
Porém, esta edição, 25% maior do que de costuma porque preparada para ser sua leitura de férias, tem muito mais do que isso. Por exemplo, o Report especial é um banho de ferramentas de estratégia para os novos tempos, conforme nossa promessa de capa. E termina com um artigo de Silvio Meira e André Neves recolocando a estratégia no local que sempre lhe coube nas organizações, mas que a cultura, de algum modo, havia roubado.
Há uma série de artigos que podem ser metralhadoras de insights ou aplicáveis passo a passo, ao gosto do freguês: sobre novos modelos de receita acordados com os clientes, sobre vencer o paradoxo do inovador e convencer investidores a investir (a equipe do Amazônia 4.0 do Carlos Nobre podia conferir essas habilidades até), sobre montar ecossistemas digitais, sobre a ISO da inovação como um caminho (ou não –polêmica) para inovar.
Temos também sugestões na categoria “inspiração” ou “oportunidades”. Além de Carlos Nobre, trazemos a revolução das energy techs, as várias possibilidades para a inteligência artificial na América Latina, os exemplos que as multinacionais de origem brasileira estão dando às conterrâneas, as inovações criadoras de valor do Clayton Christensen detalhadas por Efosa Ojomo, seu coautor, para serem implementadas em países como o nosso.
Termino com uma enfática mensagem de esperança no ano novo, baseada em dois argumentos. O primeiro vem do porquê de esse pós-pandemia ser diferente de outros na história [veja a página 22]. O segundo eu aprendi com o Prof. Su, que me deu uma razão matemática para ter esperança [à esquerda].
Obrigada pela companhia, boas festas e feliz 2021!
Três medidas ajudam a tirar o melhor dessa combinação
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Com seu projeto Amazônia 4.0, o cientista Carlos Nobre propõe criar um MIT na floresta para que as tecnologias ajudem a estabelecer uma economia que evite o desmatamento
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