A sustentabilidade mudou de nome e virou uma onda tsunami nos últimos dois anos. Porém, ela significa muito mais do que isso
O Leaders Summit on Climate, encontro virtual de dois dias organizado em abril pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, certamente impactou os líderes mundiais em seus compromissos públicos. A União Europeia transformou em lei o que era, até então, só uma declaração política de boas intenções: zerar as emissões de gases de efeito estufa até 2050. A Alemanha anunciou que vai ser neutra em carbono cinco anos antes, em 2045, adotando a meta mais ambiciosa do mundo. Esse foram dois movimentos ousados no jogo de xadrez global a que assistimos, e no qual deveríamos estar prestando bastante atenção, principalmente os brasileiros. O objetivo dos jogadores, como é o xeque-mate para os enxadristas, é o ESG, também conhecido pela versão em português ASG, que se refere a governança ambiental, social e corporativa. É uma maneira de aplicar a sustentabilidade – em sua visão mais ampla – para transformar empresas e investidores. Não é um termo novo – em 2004 já estava presente na publicação do Pacto Global das Nações Unidas “Conectando os Mercados Financeiros com um Mundo em Transformação”. Mas hoje tem uma demanda cada vez mais aquecida, também em uma visão ampla.
A razão é simples: falhamos, como sociedade, no enfrentamento dos desafios das mudanças climáticas e de maior equidade social; falhamos tanto em velocidade como em escala. A ciência diz que teremos que ser mais ambiciosos na descarbonização da economia e isso deverá acontecer o mais rápido possível. A ética diz que esse movimento precisa acontecer sem deixar ninguém para trás, ou seja, com justiça e oportunidade para todos. Atores da sociedade, governos, empresas e investidores têm um papel extremamente importante na transformação para corrigir as falhas e vencer os desafios. E a implementação de uma estratégia ESG é o que pode ajudá-los a migrar do compromisso teórico para a prática real. Para isso, necessitamos entender melhor o que está acontecendo, com métricas robustas, transparência, indicadores de impacto e compromissos de curto, médio e longo prazos.Uma estratégia ESG eficaz serve como demonstração de que as empresas e as economias mundiais caminham na direção necessária: a de uma nova economia mais justa, solidária, sustentável, em que o público-alvo deixe de se limitar aos shareholders (acionistas) para responder mais amplamente aos stakeholders (os interessados e envolvidos), ou seja, a sociedade.