Saiba como se preparar para fazer um plano detalhado para manter a estabilidade das finanças e reservar dinheiro para investir e realizar projetos
As finanças em geral estão relacionadas à gestão do dinheiro. A definição parece simples, mas na prática se multiplica em atividades como poupar, investir, fazer um orçamento ou prever a necessidade de recursos para um projeto de vida (ou da empresa).
Neste artigo, vamos explorar melhor o campo das finanças, começando por seus conceitos básicos e passando por boas práticas para fazer gestão e planejamento financeiro, tanto pessoal como pessoal e empresarial.
As finanças, em sua definição mais básica, são a gestão do dinheiro que recebemos, como indivíduos, empreendedores ou funcionários de uma empresa. Quando esse recurso não existe, as finanças também abarcam o processo de obter fundos ou capital para cobrir despesas ou investir em novos empreendimentos – como um negócio. E, quando sobram, falamos de poupança e investimentos.
A dinâmica geral é assim: quando as pessoas e as organizações não têm fundos para fazer despesas ou pagar dívidas, elas tomam dinheiro emprestado – no caso das empresas, podem vender ações para obter esse dinheiro.
Já os poupadores e investidores, acumulam fundos que podem render juros ou dividendos na forma de poupança, ações e empréstimos com juros.
Na prática, podemos definir finanças com alguns exemplos cotidianos:
As finanças permeiam aspectos importantes da nossa vida – desde a gestão do orçamento pessoal até os nossos investimentos. Afinal, obter e administrar bem nossos recursos é essencial para alcançar objetivos, ter estabilidade, crescer e se planejar para o futuro.
Já as finanças empresariais são importantes para o sucesso de uma organização, pois envolvem investimentos em novos produtos, expansão de mercado, contratação de pessoal ou cortes de custos, por exemplo.
Nesse caso, a saúde financeira de uma empresa impacta diretamente a capacidade de inovar, se diferenciar e crescer – especialmente porque negócios que estão com as finanças em ordem tendem a ser mais valorizados pelo mercado e pelos investidores, o que facilita fusões, aquisições e traz melhores oportunidades de crescimento.
As finanças pessoais estão relacionadas ao orçamento individual ou familiar, aos investimentos e à poupança e ao uso de crédito (como financiamento imobiliário ou da compra de bens duráveis, como veículos e eletrodomésticos).
Quando falamos em finanças pessoais, em geral é para nos referir ao dinheiro que uma pessoa tem ou como ela vai providenciá-lo para realizar alguma coisa (como comprar uma casa ou fazer uma viagem).
Administrar bem as finanças pessoais é o caminho para manter a estabilidade financeira e realizar objetivos de vida que vão desde viajar até comprar uma casa ou investir na educação dos filhos – além de se preparar para o futuro.
Tudo começa com a elaboração de um orçamento, para planejar como a renda será distribuída entre as várias despesas e necessidades de uma pessoa ou de uma família. Esse orçamento deve ser baseado na renda real e nas despesas mensais – e precisa ser revisado de tempos em tempos para ser ajustado se houver mudanças em relação tanto à renda como às despesas.
Por fim, é importante deixar um espaço para os imprevistos e reservar uma parte do orçamento para cobrir emergências ou despesas inesperadas, evitando o endividamento.
O Banco Central dá quatro dicas para fazer esse orçamento:
1. Anote suas receitas e despesas.
2. Agrupe as receitas e despesas em categorias.
3. Analise a situação da renda e dos gastos.
4. Planeje o próximo mês.
Com um orçamento em mãos, o segundo passo é o controle de gastos, tanto para manter a planilha do mês no azul como para evitar entrar em dívidas (e, quando possível, fazer sobrar um dinheiro para poupar e investir).
Nesse controle, o ideal é organizar o orçamento priorizando os gastos essenciais (como alimentação, moradia e saúde) e limitando os não essenciais. Para ter uma visão clara de onde o dinheiro está sendo gasto, o ideal é registrar todas as despesas. Dessa forma é possível identificar possíveis excessos – e onde estão as indesejadas compras por impulso.
Para que o orçamento e o controle de gastos funcionem, é preciso se dedicar também à educação financeira, que nos ajuda a tomar melhores decisões nesse campo. E uma maneira de começar a fazer isso é entender como funcionam os produtos financeiros – como empréstimos, cartões de crédito, investimentos e seguros – e como usá-los da melhor forma.
A educação financeira também é um suporte para estabelecer metas de longo prazo, como comprar uma casa, quitar uma dívida ou poupar para a aposentadoria.
Em outro campo, as finanças empresariais usam os conceitos de economia aplicada para otimizar os objetivos de uma organização. Nesse caso, a contabilidade fornece dados para que os profissionais da área financeira usem estatística e teoria econômica para viabilizar essas metas.
Empresas financeiramente saudáveis têm maior capacidade de crescer e de sustentar suas operações em longo prazo – especialmente porque fica mais fácil obter financiamento para novos projetos ou atrair investidores para ganhar competitividade.
Leia também: “Que problema o CFO está resolvendo?”, de Paulo Mendes
Em uma organização, a gestão financeira é um pouco mais complexa, porque também envolve a identificação e a mitigação de riscos (como a administração de dívidas), a gestão de riscos cambiais e de mercado e a criação de reservas financeiras para enfrentar períodos de crise ou flutuações econômicas.
Algumas operações financeiras básicas no mundo corporativo são:
O planejamento financeiro permite estabelecer metas, tomar decisões e ter uma proteção em caso de emergências, além de um colchãozinho para a aposentadoria. Além disso, administrar bem os gastos e saber investir é uma maneira de ter liberdade financeira e de financiar projetos de crescimento pessoal e profissional.
Em geral, o planejamento financeiro começa com um documento, como um arquivo simples de texto ou uma planilha, para anotar quais são seus objetivos de curto e de longo prazo. A partir daí, pode-se pensar nas estratégias para alcançar esses objetivos.
Esse plano envolve uma avaliação da situação financeira de uma pessoa (renda, gastos, dívidas e poupança). Também é preciso pensar em cenários futuros para prever o que fazer para se preparar para riscos (como o de ter uma doença ou incapacidade de trabalhar), gastos com projetos (como educação e casamento) ou para quitar dívidas com empréstimos e financiamentos.
Dessa forma, tem-se um norte para alcançar esse objetivos e se preparar para acontecimentos inesperados. E pode-se acompanhar o progresso ao longo dos meses e dos anos.
Um artigo da revista Forbes listou algumas boas práticas para fazer esse planejamento financeiro anual, como:
Em alguns casos, esse planejamento pode ser feito com um especialista na área. Mas também existem algumas ferramentas úteis. No Brasil, o governo federal oferece cursos gratuitos sobre gestão de finanças pessoais, disponíveis em seu site oficial. O Banco Central também tem um curso online sobre o mesmo tema.
O Instituto de Defesa do Consumidor tem uma planilha pronta para fazer orçamento doméstico, gratuita e que pode ser baixada em seu site. Já o InfoMoney fez modelos de diferentes planilhas de controle de gastos pessoais, com carro e fazer o cálculo da aposentadoria e das parcelas de um empréstimos, todas reunidas em seu site.
Outra opção é usar aplicativos (como o Organizze e o Mobills) para fazer a gestão das finanças pessoais.
Como o planejamento financeiro envolve uma análise detalhada de sua renda e de gastos, ele traz uma melhor compreensão da sua situação a cada momento. Além disso, é nesse documento que se estabelecem as metas financeiras importantes, em curto e longo prazos, e assim fica mais fácil entender como alcançar esses objetivos.
É esse plano que direciona sua atenção para os passos imediatos mais importantes, como reduzir uma dívida ou aumentar suas economias para emergências. Dessa forma você terá mais chances de atingir suas metas, monitorando seu progresso e evitando problemas financeiros que causam estresse.
Em longo prazo, ter controle e organização das finanças evita gastos excessivos e permite uma melhor alocação dos recursos. Dessa forma, pode-se atingir as metas mais custosas (como comprar um imóvel ou se aposentar confortavelmente) e direcionar para outros fins o dinheiro que antes ia para pagar dívidas, economizando ao deixar de pagar juros ao longo do tempo.
Com o passar dos anos, o planejamento financeiro viabiliza o acúmulo de reservas em poupança e investimentos – nesse caso, os juros compostos podem fazer crescer o valor do patrimônio.
Fazer um orçamento mensal e um planejamento financeiro é fundamental para a gestão financeira – que é o controle do uso do dinheiro, especialmente das despesas e receitas.
Com as informações de renda e gastos, é possível sofisticar a estratégia de controlar as despesas e aumentar as receitas para fazer sobrar mais dinheiro para os investimentos.
Uma estratégia de gestão financeira para equilibrar o orçamento é o método 50-30-20 proposto pelo Serasa. Essa é uma maneira de dividir a renda líquida mensal em três partes: 50% para gastos essenciais, 30% para gastos não essenciais e 20% para fazer uma reserva financeira.
Outras maneiras de controlar as despesas – complementando o orçamento mensal – são usar aplicativos de finanças pessoais para acompanhar no dia a dia o que você está gastando (fazendo uma revisão semanal ou mensal para ver onde se pode cortar custos) e renegociar contas de provedores de serviço (como internet e telefonia) para reduzir tarifas ou buscar alternativas mais baratas.
Além disso, é importante controlar as compras por impulso – fazer listas antes de ir ao supermercado e esperar 24 horas antes de fazer uma compra não planejada são duas táticas que costumam funcionar.
Por outro lado, existem também alguns meios de aumentar a receita, como obter uma renda extra, investir em ações, alugar um imóvel próprio e negociar um aumento de salário.
Softwares e aplicativos são bons aliados da gestão financeira, por facilitar o controle das finanças no dia a dia. Alguns podem até ter funcionalidades como criar orçamentos e definir “caixinhas” para poupar dinheiro para diferentes objetivos.
Outra vantagem é que eles facilitam a visualização das receitas e despesas e podem enviar notificações sobre pagamentos, vencimentos de contas e outras informações importantes ou mesmo gerar relatórios dos hábitos de consumo.
Os apps e softwares otimizam a gestão financeira porque têm recursos como identificar gastos desnecessários e ajudam a criar e acompanhar metas de poupança. Alguns são integrados com as contas em bancos ou cartões de crédito, e por isso podem automatizar o processo de informar os dados.
Alguns aplicativos e softwares de gestão disponíveis no Brasil são:
Os investimentos podem ser de dois tipos: renda fixa (como Tesouro Direto, CDB e fundos de renda fixa) ou renda variável (como ações e Fundos Imobiliários).
Os principais tipos de investimentos disponíveis hoje no Brasil são:
Segundo o “Raio-x do investidor brasileiro”, estudo feito pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) em 2023, 37% dos brasileiros fazem algum investimento.
Para começar a investir, primeiro é preciso ter feito a lição de casa, ou seja, o planejamento financeiro, para definir um valor fixo para dedicar a essa operação.
Nessa fase, é importante fazer uma autorreflexão para definir os seus objetivos – se são de curto, médio ou longo prazo – e o seu perfil (conservador, moderado ou agressivo). Esses dois pontos vão guiar as decisões de investimento.
Essa preparação ajuda os investidores iniciantes a evitar erros comuns, como não ter um plano claro (o que pode levar a decisões impulsivas e desorganizadas), investir sem estudar muito sobre o assunto e não diversificar os investimentos.
Segundo a Anbima, alguns erros que investidores iniciantes costumam cometer são:
– Aceitar conselhos de amigos para criar a carteira de investimento em vez de considerar seu perfil de investidor.
– Não definir um objetivo e os prazos das aplicações financeiras.
– Investir o dinheiro da reserva de emergência em ações, prejudicando a liquidez e a segurança.
– Não diversificar os investimentos.
– Deixar-se levar pela emoção ao comprar ou vender ações (ou acompanhar o efeito manada).
Para não cair nessas armadilhas e sim ter sucesso com suas aplicações, as recomendações da Anbima para os investidores iniciantes são:
A educação financeira é, de acordo com o Banco Central, “o processo pelo qual consumidores e investidores financeiros melhoram a sua compreensão sobre produtos, conceitos e riscos financeiros”.
Quem tem esse tipo de informação vai desenvolvendo habilidades e confiança para entender os riscos e as oportunidades no uso de seu dinheiro. E, assim, pode fazer escolhas mais seguras ou saber quando é o momento de procurar ajuda para melhorar sua vida financeira.
Com educação financeira, também se evitam problemas comuns no Brasil, como o endividamento de risco e o superendividamento. Para melhorar o conhecimento, existem alguns recursos que estão disponíveis, gratuitamente, na internet, como:
Com educação financeira, as pessoas desenvolvem capacidades e autoconfiança para administrar bem os seus recursos financeiros. Seus benefícios vão desde a melhoria da qualidade de vida com a segurança financeira até a redução do endividamento e o aumento da capacidade de poupar e investir.
Para quem quer aprender mais sobre finanças, existem alguns cursos, de curta e longa duração:
Em um artigo escrito para a MIT Sloan Management Review Brasil, o colunista Luís Rasquilha lista algumas tendências financeiras para 2030:
Nos próximos anos, novas tecnologias tendem a mudar o panorama das finanças no Brasil, como a criação do Drex (ou real digital, que deve ser lançado em 2025). Ele vai ser usado em um sistema virtual, regulado pelo Banco Central, no qual o dinheiro vira um ativo digital transacionado por meio de contratos inteligentes, que só liberam a transação quando todas as condições são cumpridas.
O Drex dará impulso ao desenvolvimento das DeFi (finanças descentralizadas), que vão incentivar o uso de tecnologias como blockchain e contratos inteligentes, uma vez que nesse modelo os produtos e serviços são realizados em blockchain – um banco de dados que funciona como um grande livro virtual de registros ligados em rede, no qual todas as informações são compartilhadas entre os participantes.
Leia também: “DeFi: novos horizontes para o mercado financeiro”, de Denise Turco
Outra tendência é a evolução do Open Finance, ou sistema financeiro aberto, no qual as pessoas que usam produtos e serviços financeiros permitem que seus dados sejam compartilhados entre instituições, assim como a movimentação de suas contas bancárias em diferentes plataformas.
No Brasil, o Open Finance vem avançando rapidamente. Em um artigo publicado na MIT Sloan Management Review Brasil, Angela Miguel e Christye Cantero apontam que em 2023, o compartilhamento de dados entre instituições financeiras se consolidou no país, com 27,7 milhões de pessoas adotando a solução.
“Na comparação com 2022, os investimentos financeiros feitos via Open Finance cresceram 53%, com um total de R$ 95 milhões investidos em 2023, segundo o Relatório Anual Open Finance Brasil 2024”, escrevem os autores.
Neste artigo, conhecemos os fundamentos de finanças e exploramos a importância de fazer uma boa gestão financeira, partindo de um orçamento detalhado e chegando no planejamento financeiro para atingir metas de curto e longo prazo – e podem fazer investimentos.
Leia também: “Fjord Trends #2: O dinheiro já não é o mesmo”, de Aaron Hurst
Como vimos, a educação financeira também faz parte desse planejamento, pois viabiliza escolhas mais seguras e informadas, evitando problemas como o endividamento excessivo.
Agora, se você quer descobrir as últimas tendências e inovações em meios de pagamento no Brasil, acesse nosso paper exclusivo “A virada do mercado de pagamentos”.
Esse material, desenvolvido em parceria com a CIT, oferece uma análise detalhada e insights práticos sobre as transformações no setor financeiro.