Existem variados estilos de liderança: saiba quais são os principais e qual é o caminho para inspirar pessoas e gerar valor para a organização
Liderança não é um conceito que se limita a uma posição ou a um profissional. Afinal, trata-se de um processo de influência social que envolve não só quem lidera, mas também todas as outras pessoas que vão fazer o seu melhor para atingir os objetivos propostos.
Para exercer a liderança, é necessário desenvolver a habilidade de inspirar mais pessoas e de se comunicar de maneira clara e engajadora, além de ter um olhar para as necessidades de toda a organização.
E muito desse caminho será trilhado com os outros, pois é um processo contínuo de aprendizagem e desenvolvimento pessoal, no qual se aprende tanto com mentores como com colaboradores.
Uma das maneiras de definir liderança é dizer que ela é a habilidade de influenciar e guiar outras pessoas (ou mesmo um grupo) para realizar um objetivo que todos têm em comum. Isso necessariamente envolve a capacidade de inspirar e motivar, além de estabelecer uma visão clara e comunicá-la de maneira eficaz.
O papel de liderança envolve tomar decisões assertivas e cultivar um ambiente que promova o engajamento e o desenvolvimento das pessoas. Líderes também devem ser capazes de equilibrar as necessidades da organização, dos seus membros e das partes interessadas (stakeholders).
A liderança nem sempre é responsabilidade de apenas uma pessoa: existem casos em que ela é distribuída e deve permear todos os níveis de uma organização. Por isso é comum dizermos que este é um processo pessoal e de desenvolvimento, que aproveita as capacidades individuais enquanto as expande – e que se desenvolve com o tempo, por meio da combinação de prática, reflexão e feedback.
Desenvolver e exercer a liderança é essencial para as organizações, pois são os líderes que definem a direção que a empresa seguirá – em alguns casos, sua influência pode moldar até mesmo o setor em que atua.
A liderança organizacional é fundamental para impulsionar o desempenho e promover o crescimento da organização, uma vez que os líderes estabelecem objetivos estratégicos e motivam os colaboradores a alcançá-los.
No entanto, o papel da liderança não é somente tomar decisões e alcançar resultados; envolve também criar um ambiente onde o time prospere e do qual tenha orgulho. Isso porque a liderança eficaz define o tom da cultura da organização, estabelece valores e influencia o ânimo dos funcionários. Nesse sentido, líderes que cultivam uma cultura positiva e o bem-estar dos funcionários contribuem para o sucesso a longo prazo de suas organizações.
Não existe um perfil único de liderança, e sim maneiras diversas de conduzir os negócios e a equipe e impactar, a seu modo, o ambiente de trabalho e a cultura da empresa. Desenvolver esse estilo pessoal faz parte do desenvolvimento de líderes. Dessa forma, a equipe sabe o que esperar da liderança, entende seu método de trabalho e como atingir seus objetivos.
Adotar um estilo de liderança é uma maneira de ter um melhor senso de controle sobre o alcance e impacto de suas ações como líder e, também, a ter mais clareza de sua missão e de sua visão para a organização.
Entre os principais estilos de liderança, quatro se destacam:
Uma liderança autocrática é aquela em que os líderes centralizam o poder de decisão, às vezes tirando essa atribuição dos seus colaboradores. São pessoas que gostam de dizer o que deve ser feito –e como. Por isso, esses líderes definem uma separação clara entre eles e os funcionários, transformando o local de trabalho em um ambiente estruturado e rígido.
Esse é um estilo de liderança interessante para momentos de crise ou que exigem uma tomada de decisão rápida –ou onde é preciso ter clareza na comunicação, sem mal-entendidos. No entanto, a liderança autocrática pode desmotivar a equipe e limitar a criatividade e a inovação.
Leia também o artigo “O futuro da liderança de equipes é multimodal”, de Robert Hooijberg e Michael Watkins
Ao contrário do estilo autocrático, a liderança democrática é aquela onde a tomada de decisão é compartilhada entre os membros da equipe. Isso incentiva todos a participar do processo e contribuir com o conhecimento específico que têm.
A liderança democrática dá valor ao trabalho em conjunto, incentiva a discussão e reforça a cultura de projetos orientados para a equipe, nos quais todos são envolvidos e recompensados por seu pensamento inovador.
É um estilo que deixa as pessoas mais motivadas e com espírito de equipe. Em contrapartida, pode não ser a solução mais eficiente em momentos de crise, uma vez que o processo de tomada de decisão é mais lento.
Esse é um estilo de liderança baseado no conceito liberal de “laissez-faire”, ou seja, que deixa as coisas acontecerem de maneira independente. Dessa forma, os integrantes da equipe podem trabalhar de forma autônoma, sem muita interferência do líder nas atividades operacionais (ao contrário da liderança autocrática).
Por outro lado, a liderança liberal espera que os colaboradores resolvam problemas sem consultar os chefes e sem precisar de uma supervisão extensa. É uma forma de liderar adequada a quem gosta de delegar e tem confiança em sua equipe, mas, se não for bem executada, pode resultar em falta de direção e de coordenação dos projetos ou em baixa produtividade. Liderança transformacional
Também focada no trabalho em equipe, a liderança transformacional é aquela que trabalha lado a lado com o time para promover mudanças positivas na empresa. Nesse estilo, os líderes devem ser pessoas com alta capacidade de inspirar pessoas a se engajar nesse projeto e alcançar resultados importantes.
A liderança transformacional também dá autonomia aos colaboradores, inclusive para tomar decisões, e constantemente os inspira a mudar e a inovar, alimentando uma cultura de inovação e de melhoria contínua.
Quanto maior a ambição, porém, maior o risco de se desiludir caso as expectativas não sejam atendidas. Para que isso não aconteça, os líderes devem ter alta capacidade de comunicação e de inspiração.
Existem diversas estratégias para desenvolver habilidades de liderança. Algumas requerem treinamento; outras se aprendem na prática, passando por experiências desafiadoras. De qualquer forma, este é um processo contínuo, que requer autoconhecimento, prática e aprendizado constante.
Para começar, é importante ter consciência do propósito da liderança, que se baseia na motivação de cada líder. A partir desse propósito será possível influenciar positivamente a equipe, por meio de valores compartilhados. Uma maneira de se conectar com esse propósito é resgatar suas histórias, referências e sonhos para entender qual você considera ser a sua missão de vida.
Leia também o artigo “O trabalho em equipe no pós-pandemia”, de Augusto Dias Carneiro
Outra habilidade essencial é ter a tal da visão 360, que permite aos líderes resolver problemas complexos, que são o resultado de múltiplas causas, que interagem entre elas. E, consequentemente, é preciso ter capacidade de execução das estratégias para resolvê-los. Para isso, é preciso aprender a definir metas claras e mensuráveis, medir desempenho sobre resultados e interagir com o time para analisar progresso, identificar obstáculos, ajustar rotas e se adaptar a elas.
Algumas estratégias para desenvolver habilidades de liderança são:
Programas de treinamento focados em habilidades de liderança, como comunicação eficaz, tomada de decisão, resolução de conflitos, e gestão de equipes, são fundamentais. Estes podem incluir workshops, seminários e cursos online.
Conte com a experiência de quem já passou pelos mesmos desafios. A combinação de líderes emergentes com mentores experientes pode proporcionar orientação valiosa, feedback e apoio. O coaching individualizado também pode ajudar a identificar e desenvolver pontos fortes e áreas de melhoria.
Exponha-se aos desafios. Participar de projetos em que você pode assumir responsabilidades de liderança, mesmo em uma escala menor, é uma boa maneira de aplicar suas habilidades em situações reais.
Receber feedback tanto de superiores como de colegas e subordinados pode oferecer insights valiosos sobre o seu estilo de liderança, Essa é uma estratégia que ajuda os líderes a entender como suas ações afetam os outros e onde podem melhorar.
Treinamentos que focam no desenvolvimento da inteligência emocional ajudam líderes a gerenciar melhor suas próprias emoções e as dos outros, melhorando a comunicação, a empatia e a resolução de conflitos.
Colocar líderes em situações desafiadoras, como projetos de alto risco ou iniciativas de mudança, pode acelerar o desenvolvimento ao forçá-los a lidar com a pressão, tomar decisões difíceis e aprender com os resultados.
Participar de redes de liderança e grupos de discussão pode proporcionar oportunidades para aprender com os pares, compartilhar experiências e práticas de sucesso, e colaborar em desafios comuns.
Boas lideranças são aquelas capazes de fazer escolhas acertadas e mobilizar pessoas para gerar valor para suas organizações. E isso requer algumas competências essenciais, como inteligência emocional, discernimento para estruturar a tomada de decisão e comunicação clara para cultivar relações saudáveis, capazes de mobilizar as pessoas.
Leia também o artigo “A essência da liderança”, de Marcos Braga
A base de uma liderança eficiente em gerar valor é tomar boas decisões estratégicas, especialmente as que têm impactos duradouros. Discernimento envolve a capacidade de distinguir certo e errado, entender algo profundamente e, assim, decidir com bom senso e compreensão da situação.
A tomada de decisões e a comunicação estão intimamente ligadas, uma vez que cada ato de comunicação resulta de uma decisão, seja analítica e consciente ou emocional e inconsciente (como ocorre na maioria das nossas interações).
A importância da inteligência emocional para o sucesso da liderança é enorme –e chega a superar, em alguns casos, a da experiência profissional. Desenvolvê-la é um processo que exige autoconhecimento, disciplina e persistência, pois envolve mudanças no sistema límbico, movido pelas emoções.
Nessa jornada, será necessário refletir sobre suas características, comportamentos, gatilhos emocionais e entender se sua personalidade é mais racional, impulsiva, sociável ou introspectiva.
Cada um desses aspectos (e desafios) da liderança pode ser bem traduzido por meio de frases que foram ditas e escritas por diferentes pensadores –não só da área de administração mas também líderes reconhecidos por suas boas estratégias.
Estes são alguns exemplos de frases que podem ser usadas para destacar sua visão e suas habilidades de liderança no currículo:
“Liderança é a capacidade de transformar a visão em realidade.” (Warren Bennis, consultor organizacional)
“Um líder é melhor quando as pessoas mal sabem que ele existe, quando seu trabalho estiver concluído, seu objetivo cumprido, eles dirão: nós mesmos fizemos isso.” (Lao Tzu, filósofo).
“Uns sonham com o sucesso, nós acordamos cedo e trabalhamos duro para consegui-lo.” (Abilio Diniz, empresário brasileiro)
“Antes de você ser um líder, o sucesso tem tudo a ver com o seu crescimento. Quando você se torna um líder, o sucesso tem tudo a ver com o crescimento dos outros.” (Jack Welch, ex-CEO da GE)
“Fracassar é parte crucial do sucesso. Toda vez que você fracassa e se recupera, exercita perseverança. Sua força está na habilidade de se recompor.” (Michelle Obama, ex-primeira dama dos Estados Unidos)
“Líderes incríveis saem da sua rotina para melhorar a autoestima de sua equipe. Se as pessoas acreditam nelas, é incrível o que elas podem conquistar.” (Sam Walton, fundador do Walmart)
“A soma de QIs é melhor do que apenas um QI. Por isso, eu dependo das pessoas para fazer o negócio funcionar. (Luiza Helena Trajano, empresária brasileira)
Existem também algumas habilidades específicas que as pessoas em posições de liderança podem desenvolver para se diferenciar, segundo Deborah Ancona, professora de Administração da MIT Sloan School of Management:
É a capacidade de se abrir para novas tendências e informações e de estar a par do que está acontecendo no mundo para integrar esses dados à sua realidade para entender qual deve ser o próximo passo.
Estar em sintonia com os sentimentos e ideias dos outros é uma boa maneira de desenvolver relacionamentos e inspirar mais pessoas. Para isso, é preciso aprender a ouvir os outros e entender o que os motiva para ganhar apoio para suas ideias.
Bons líderes são capazes de desenvolver uma visão –como uma imagem cativante do futuro– e criar metáforas e histórias para cativar as pessoas para promover mudanças. Além disso, sabem como relacionar essa visão aos valores fundamentais e à missão de uma organização.
Leia também o artigo “7 maneiras para a liderança conduzir estratégias de dados”, de Thomas C. Redman
Inovar é uma forma de dar vida a uma visão por meio de estruturas ou de novos processos. Lideranças com habilidades de inovação cultivam uma cultura de aprendizado e não têm medo de tomar decisões difíceis quando a realidade exige.
Também é importante ter habilidade de conquistar o respeito dos outros para atingir os objetivos e trabalhar com um forte senso de propósito. Uma liderança com credibilidade é aquela que mostra que suas ações correspondem às suas palavras.
Contratar líderes que tragam bons resultados e construam um valor duradouro para a organização não é uma tarefa fácil para a maioria das empresas. Uma razão para isso é a forma como certas competências sofisticadas são distribuídas pela população gestora. O problema é que há poucos indivíduos excepcionais no mercado, aponta Claudio Fernández Aráoz em um artigo publicado na MIT Sloan Management Review (texto em inglês).
Ao avaliar candidatos para um emprego, as organizações precisam prever dois aspectos: quais habilidades e atributos são realmente necessários e o que cada pessoa realmente oferecerá? Ambas as previsões são extremamente difíceis de fazer para os cargos de topo em qualquer organização, segundo Aráoz. E a escolha errada pode resultar em grandes perdas de desempenho.
Por isso, ele dá algumas orientações para a contratação de líderes de alto valor:
Defina claramente o perfil e as competências necessárias antes de procurar candidatos.
Não restrinja a busca a certos mercados, setores ou regiões.
Adote uma metodologia de avaliação consistente para comparar candidatos internos e externos. Segundo Araoz, estudos mostram que as melhores contratações ocorrem quando ambos são considerados.
Entreviste candidatos em profundidade com perguntas baseadas em comportamentos e conduza verificações de referências detalhadas –a qualidade é mais importante que a quantidade.
Garanta que o melhor candidato ou candidata aceite a oferta, incluindo pacotes de compensação competitivos.
Leia também o artigo “Entre o apagão e a liderança em energias limpas”, de Eduardo Azevedo
Por fim, em um artigo publicado na MIT Sloan Management Review Brasil, Adam Bryant sugere também fazer aos candidatos a posições de liderança três perguntas “fora da caixinha”:
Liderar pelo exemplo é um conceito fundamental em diversas teorias de liderança –e amplamente discutido por vários autores. Afinal, a cultura organizacional é fortemente influenciada pelos comportamentos dos líderes. Quando a liderança é um modelo dos comportamentos desejados, estabelece normas e expectativas que influenciam positivamente a cultura.
Além disso, quem lidera pelo exemplo constroi credibilidade e confiança. Quando os líderes praticam o que pregam, eles demonstram integridade e ganham a confiança de seus colaboradores. E, ao assumir a responsabilidade por suas ações e decisões, esses líderes estabelecem um padrão de accountability que, no final, é seguido por toda a organização.
Este artigo da MIT Sloan School of Management (em inglês) traz algumas sugestões de executivos para quem quer aprender como liderar pelo exemplo:
Ao demonstrar disposição para fazer tudo, a liderança passa o recado (e o exemplo) para que todos trabalhem da mesma forma. Às vezes é preciso colocar a mão na massa para despertar as pessoas.
Em face de adversidades (mesmo as mais extremas), é preciso se preparar e se fortalecer para desenvolver a resiliência necessária para mostrar como superar o desafio que se impõe.
Não basta corrigir: bons líderes dão um excelente exemplo ao assumir seus erros. É importante demonstrar abertura, pois essa é uma maneira de conquistar o respeito da equipe.
Leia também aqui o artigo “O líder e o desafio da transformação digital afetiva”
Mesmo depois de ter adquirido as competências necessárias para exercer uma boa liderança, quem está no comando deve continuar se desenvolvendo. Essa é uma atitude importante não só porque líderes precisam se manter atualizados com as tendências de seu mercado e com as inovações, mas também para inspirar suas equipes a sempre desenvolver e aprimorar suas habilidades.
Essa aprendizagem ao longo da vida ajuda os líderes a continuarem relevantes e eficientes em um mundo que está em constante evolução. Afinal, quem deixa a mente aberta para mudança é capaz de absorver conhecimento e implementá-lo estrategicamente.
Além disso, hoje, diante do desafio da transformação digital, os líderes precisam desenvolver habilidades nesse campo e se preparar para mudanças emocionais para facilitar esse avanço tecnológico.
Leia também o artigo “O futuro é agora: referências na formação de novas lideranças”, de Andreza Maia
Alguns tipos de programas e iniciativas que ajudam na formação contínua de líderes incluem:
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